Inveja Hermana

“Inveja Branca” é uma expressão popular que significa inveja do  “bem”. Acontece quando desejamos algo alheio sem que isso, no entanto, prejudique  a ninguém. Ou seja, não queremos que o outro deixe de ser ou ter alguma coisa, apenas desejamos  ter aquilo também. Nesses últimos dias experimentei essa sensação da “inveja branca”, ou melhor dizendo, foi uma “inveja hermana”. Já me explico Rs.

Nessa semana houve vários protestos na Argentina por causa da votação da Reforma da Previdência por lá. Entre os principais pontos da reforma proposta pelo governo de Mauricio Macri estão a alteração na fórmula de ajuste que passaria a ser determinada por um composto de 70% da taxa de inflação e 30% da variação no salário médio dos trabalhadores estáveis.

Outro ponto determina que mulheres com 60 anos de idade e homens com 65 anos e, em ambos os casos, um mínimo de 30 anos de contribuições, podem optar por prolongar a vida ativa até 70 anos.

Mas, uma vez que o trabalhador complete 70 anos e atenda aos requisitos necessários para acessar o Benefício Único Universal (PBU), o empregador pode intimá-lo a iniciar os procedimentos relevantes. A partir desse momento, o empregador deve manter a relação de trabalho até que o trabalhador obtenha o benefício e por um período máximo de um ano.

Críticos afirmam que a reforma reduzirá os pagamentos de pensões, bem como a ajuda para algumas famílias pobres. Quase 50% dos aposentados na Argentina recebem o benefício mínimo, cerca de 400 dólares ao mês. Os demais recebem entre 50% e 60% do que ganhavam quando eram ativos.

Os defensores da reforma argentina afirmam que a intenção das mudanças é garantir, durante os próximos anos, uma fórmula que defenda  os aposentados contra a inflação. Esse discurso, porém, não está colando muito por lá.   E ao contrário do que acontece aqui no Brasil, a população de nossa vizinha não está aceitando passivamente a aprovação dessa reforma, que pode prejudicar especialmente os mais pobres.

Nesta segunda-feira (18), enquanto os deputados tentavam aprovar o projeto, foram registrados panelaços e protestos que terminaram em confronto, em Buenos Aires.

À tarde, a polícia disparou balas de borracha, gás lacrimogêneo e jatos de água e foi alvo de pedradas. Segundo o jornal “Clarín”, o confronto, que teve início por volta das 13h30, durou mais de duas horas. A Guarda Nacional foi acionada. Foi decretada também uma greve geral nos transportes, como forma de demostrar a insatisfação popular.

Manifestante
Manifestantes protestam em Buenos Aires contra aprovação da Reforma da Previdência na Argentina  (Foto: Victor R. Caivano/AP Photo)

Apesar da violência nunca ser algo positivo, foi impossível não sentir uma ponta de inveja da mobilização dos nossos vizinhos, e uma certa vergonha também por nós brasileiros sermos tão pacatos. Alguns dos cartazes dos protestos na capital portenha continham os seguintes dizeres: “Aqui não é o Brasil” – numa referência à facilidade com que o governo daqui tem em aprovar reformas nocivas para a grande maioria da população brasileira, como a Trabalhista e a agora a da Previdência que ficou  pra ser votada no próximo mês de fevereiro. É realmente lamentável que lutemos tão pouco contra a perda de direitos e nos limitemos apenas (quando muito) a protestar nas redes sociais. Isso é tudo que governos sem escrúpulos, como o de Temer querem.

Mesmo com os esforços da população, a Reforma Previdenciária na Argentina acabou sendo aprovada no Congresso, nesta terça-feira (19) por  128 votos a favor, 116 contra e duas abstenções, após 17 horas de sessão. Mas diferentemente do que acontece por aqui temos a certeza  de que lá a população não vai aceitar perder direitos de forma calada, e essa decisão poderá ser revista, pelo menos em alguns pontos, daqui pra frente, de maneira que não prejudique tanto os mais carentes. Já pelos lados de cá, não dá pra ter muita esperança de um 2018 melhor, já que pelo visto, aceitaremos todas as imposições, e ainda transformaremos tudo num grande carnaval, ou num grande circo se você preferir…

Fontes:  G1 e Estadão.

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