Medicina na Argentina, uma excelente opção para estudantes brasileiros

O curso de Medicina sempre foi um dos mais disputados no Brasil. Para conseguir entrar em uma universidade pública, o estudante precisa alcançar uma nota extremamente alta no ENEM e para custear um curso em uma  faculdade privada, é necessário ter um poder aquisitivo bem elevado.  Por razões como essa, para conseguir realizar o sonho de seguir a carreira de medicina, muitos estudantes brasileiros estão optando por estudar na vizinha Argentina.

Sem vestibular nas universidades públicas

Diferentemente das universidades brasileiras, as universidades públicas argentinas não têm limites de vagas para vários cursos, incluindo os de Medicina, de acordo com a assessoria de imprensa das instituições acadêmicas. Essa facilidade de ingresso tem sido um chamariz para estudantes brasileiros. O sistema universitário argentino exige dos brasileiros apenas o diploma do ensino médio, reconhecido nos ministérios da Educação do Brasil e da Argentina, e um documento de identidade (o DNI, emitido pelas autoridades migratórias). O desempenho do aluno no ensino médio não é avaliado. No caso do DNI, o processo foi simplificado nos últimos anos, mas o agendamento para o início da emissão do documento pode demorar alguns meses.

Outro fator de peso, segundo acadêmicos ouvidos pela BBC Brasil, é a crise econômica brasileira.  “Nos perguntamos aqui por que tantos alunos brasileiros vieram nos últimos dois ou três anos e entendemos que o período coincide com a crise no Brasil”, disse um assessor acadêmico, pedindo para não ser identificado. “Sem dúvida, o que vem ocorrendo nos últimos tempos chama a atenção”, disse outro. A reitoria da Faculdade de Medicina da  Universidade Nacional de La Plata (UNLP) diz que, nesse caso específico, o aumento é explicado pelo fim recente da exigência da prova de admissão nas universidades públicas, colocando em prática uma lei nacional de 2015. “As provas (de admissão) deixaram de ser exigência para todas as universidades desde o retorno da democracia, nos anos 1980. Mas, por serem autônomas, algumas universidades públicas  ainda aplicavam provas”, explica o reitor da Universidade Nacional de Rosário (UNR), Hector Floriani, à BBC Brasil. Ali, dos cerca de 4 mil alunos de Medicina, 1,5 mil são brasileiros. A UNR, assim como a Universidade de Buenos Aires (UBA), já não exigia há anos o exame de admissão, nem mesmo para o curso de Medicina.

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Fatores como facilidade de ingresso e preço mais acessível tem levado muitos brasileiros a optar por estudar medicina na Argentina –  Foto Arquivo Pessoal.

Universidade Adventista Del Plata

Uma das instituições que ainda exige o exame de admissão é a Universidade Adventista del Plata (UAP),  localizada na cidade Libertador San Martín na província Entre Rios, a 06 horas de Buenos Aires. É nessa universidade privada que a mineira Shara Anterina Barbosa está cursando medicina desde 2016. Um dos motivos que levaram a jovem a optar por estudar na Argentina foi justamente a maior facilidade de acesso. “Aqui existe uma espécie de vestibular em algumas faculdades privadas, chamado de exame  de ingresso.  A pessoa se inscreve e faz. Existe um material específico para estudar para fazer a prova que  não é tão concorrida como no Brasil, quando são muitas pessoas só para uma vaga. Aqui temos 03 ou 04 pessoas para uma vaga — explica Shara. 

Além da questão da facilidade de acesso, a questão econômica também pesou na decisão de Shara. “No Brasil as particulares são muito caras e as federais são muito difíceis de ingressar. Então comecei a pensar em possibilidades e vi a opção da Argentina.  Optei por estudar em uma instituição cristã, da mesma denominação que eu frequento desde criança, a Adventista. Esse enfoque missionário da Universidade me interessa bastante porque mantêm o aluno conectado globalmente. Posso fazer estágio em várias partes do mundo porque eles têm convênios com instituições em muitos países  e a possibilidade de aprovação no Revalida é muito grande, maior que 90%. Pensei em tudo isso e me pareceu uma boa ideia estudar aqui — afirma a brasileira. 

Adaptação

Sharinha, como é chamada por familiares e amigos, conta que não teve muitas dificuldades para se adaptar, especialmente porque há um grande números de compatriotas  na UAP. “Tenho muitos colegas brasileiros. No meu curso, somos metade”. “As pessoas por aqui são muito amáveis, acredito que por se tratar de uma cidade pequena facilita esse acolhimento dos moradores. Todas as cidades que conheci tem menos de 50 mil habitantes e são muito bonitas: floridas e bem limpas.

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A beleza das cidades do interior da Argentina chamou a atenção da estudante brasileira – Foto Arquivo Pessoal.

No começo o idioma foi um desafio “Em princípio tive dificuldades com o idioma, porque falavam muito rápido, mas com o tempo e com a quantidade de leitura que temos, isso vai ficando mais fácil, não demorei mais de um mês para me adaptar. Como eu já tinha uma amiga  brasileira estudando aqui foi mais tranquilo”, conta. Em relação à comida Sharinha também não teve muita dificuldade em se adaptar: “Gosto muito dos alfajores, son buenísmos, 😋 — brinca. Eu não gostava tanto, quando cheguei,  mas depois comecei a experimentar variados e realmente são muito gostosos. Eles comem muito doce de leite, pizza e macarrão. Se você gosta de macarrão vai passar bem, porque em todos os lugares você encontra”… 

Brasil

A futura médica conta que apesar de estudar fora, pretende exercer carreira no Brasil. “Eu quero ser médica no Brasil, é uma ideia que tenho, mas posso ir a outro lugar também, na verdade não tenho isso bem definido ainda. Quero ir ao Brasil, fazer o Revalida, quero ter essa segurança, mas gostaria de ir a outros lugares antes, aproveitando que aqui posso ter essa oportunidade. Adoraria voltar um dia, porque amo meu país” — afirma. 

Para quem deseja estudar fora, Shara deixa um recado: “Eu diria a um estudante brasileiro que vale muito a pena vir. Às vezes uma pessoa pensa que é muito longe, é  um outro idioma, mas o bonito que tem aqui, pelo menos na minha experiência, é que você conhece várias culturas. Eu tenho amigos, que são de todos lugares do mundo: Estados Unidos, Chile, Colômbia, Europa, tem pessoas de vários lugares.  Convivendo com elas, você começa a abrir a mente, a ver a realidade de uma outra pessoa e percebe que na realidade, o mundo é pequeno.  Essa experiência faz você expandir sua visão e começar a sonhar mais grande e acreditar que pode ir a qualquer lugar do mundo”… 🇦🇷 🇧🇷

Fonte: Portal G1

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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