Mesmo que você não seja muito ligado em política, provavelmente já teve ter ouvido falar no peronismo. O termo se refere ao movimento político que surgiu na Argentina durante a década de 1940 quando Juan Domingo Perón atuava no governo argentino. O sucesso da política peronista garantiu-lhe popularidade para ascender à presidência do país e consolidar sua política. Por ter promovido a transformação e a qualidade de vida da classe trabalhadora no país, o peronismo é identificado muitas vezes como sendo uma corrente da esquerda, tanto que a vitória do candidato de centro esquerda Alberto Fernandez, que tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner foi considerada uma vitória do peronismo e da esquerda no país.
Mas definir a qual vertente pertence o peronismo não é tarefa das mais simples, pois, ele abrange diferentes teorias. Na Argentina as pessoas até brincam que o peronismo é muito mais que uma corrente política, mas é um estado de espírito. A ideologia peronista defende a industrialização, o controle das exportações, o Estado forte, a saúde e educação públicas, subsídios sociais, neutralidade internacional e integração política e comercial sul-americana.

Expressões extremas do peronismo surgiram durante as décadas de 1960 e 1970: os guerrilheiros de Montoneros e, ao mesmo tempo, a organização paramilitar Aliança Anticomunista Argentina (Triplo A).
A primeira coisa que pergunto aos estrangeiros é se, em seus países, os fenômenos políticos são simples. A rebelião catalã é esquerda, ou direita? E os Coletes Amarelos da França?”, observa o antropólogo Alejandro Grimson.
O artista plástico Daniel Santoro foi questionado sobre como o peronismo poderia, por exemplo, ser explicado a um finlandês: “Há algo de indefinível, mas alimenta o desejo de gozo, de felicidade”.
E inclui personalidades históricas como o papa Francisco, porque é a doutrina social da Igreja de João XXIII, ou o ídolo do futebol Diego Maradona, um rebelde e transgressor. Ele contém em seu seio um ex-presidente peronista neoliberal, como Carlos Menem, e uma pessoa de centro-esquerda como Cristina Kirchner. E é um caso atípico no Ocidente, que teve duas presidentes, Isabel Perón e Cristina Kirchner, além de uma líder espiritual que era Evita Perón.
Agora o “peronista” da vez é Alberto Fernández, um político de centro-esquerda que defende, como Cristina, políticas de incentivo ao consumo, salários altos, industrialismo e direitos humanos.

O conceito de peronismo é tão complicado de explicar que o até o próprio em pessoa, brincava com a questão. Certa vez um jornalista espanhol perguntou a ele como era o arco político argentino: “Veja, na Argentina existem 30% de radicais (socialdemocratas), 30% de conservadores e outros socialistas”. “Mas onde ficam os peronistas?”, questionou o repórter. “Ah, não, todos nós somos peronistas!”, arrematou Perón.
Peronistas ou não desejamos grande êxito ao novos governantes argentinos!
Confira no vídeo abaixo uma excelente contextualização sobre o surgimento do movimento peronista e de que forma ele ainda segue sendo decisivo no cenário político do país vizinho 👇
Fonte: Site Estadão
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