Negro amor

Ao navegar, sem muitas pretensões pelo mar aleatório do Youtube vejo um dueto que me chama instantaneamente a atenção: a diva da MPB brasileira Gal Costa e o ganhador do Oscar, Jorge Drexler. Nesse clipe, os dois fazem uma nova versão de “Negro Amor”, cada um de sua casa, devido a esse momento ainda pandêmico.

♪ Em 1977, ao gravar o então inédito folk Negro amor, Gal Costa uniu os traços modernistas das obras de Caetano Veloso e Bob Dylan em registro agudo, pautado pela intensidade. Uma das melhores faixas de Caras & bocas, álbum de ambiência roqueira lançado pela cantora naquele ano de 1977, Negro amor é versão em português It’s all over now, baby blue, música da inicial fase folk do cancioneiro de Dylan.

Gravada em janeiro de 1965 e lançada em março daquele ano no quinto álbum de estúdio do cantor e compositor norte-americano, Bring it all back homeIt’s all over now, baby blue flagra o bardo contestador ainda em ambiência acústica, mas já à beira da transição da obra para o universo eletrificado do rock.

Na versão brasileira intitulada Negro amor, escrita por Caetano Veloso com Péricles Cavalcanti em português que mantém a alta carga poética da letra original de Dylan, a música incorpora referências brasileiras, aludindo à química da música de Jorge Ben Jor ao anunciar que “os alquimistas estão no corredor”.

Decorridos 43 anos do emblemático registro original de Negro amor, Gal (ar)risca “outra vida, outra luz, outra cor” para a versão brasileira do folk de Dylan em gravação feita com a voz e o violão de Jorge Drexler, cantor, compositor e músico uruguaio residente em Madrid, na Espanha.

A gravação faz parte do álbum “Nenhuma Dor” em que, sob a direção artística de Marcus Preto, Gal comemora seus 75 anos de vida revisitando músicas do próprio repertório ao lado de elenco masculino que, além de Drexler e Rubel, inclui António Zambujo, Criolo, Rodrigo Amarante (em Avarandado), Seu Jorge (em Juventude transviada), Silva, Tim Bernardes, Zé Ibarra (em Meu bem, meu mal) e Zeca Veloso (em Nenhuma dor).

Em tese, qualquer nova abordagem de Negro amor por Gal é arriscada pela improbabilidade da cantora reeditar o tom visceral da gravação original de 1977. Surpreendendo, a artista dribla bem o risco. A voz de Gal soa com viço  – e se harmoniza com o fluente canto em português de Drexler.

A disposição dos violinos, violas e violoncelos – produzem uma espécie de fricção que potencializa o significado dos versos cantados de forma alternada por Gal e Drexler em gravação que culmina com o verso em espanhol “Y no queda más nada, negro amor”.

*Com informações do Portal G1

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