Frida Kahlo é atualmente um dos rostos mais conhecidos da cultural ocidental. Sua vida e obra representam a luta e a angústia de ser mulher numa sociedade ainda predominantemente masculina. A vida pessoal de Frida, por si só, foi marcada por conquistas esuperações, desde uma grave doença adquirida na infância, um trágico acidente na adolescência e anos mais tarde, um casamento perturbador. Em sua obra, ela retratava seus dramas pessoais sobre os quais seus admiradores refletem até hoje. O trabalho dessa grande artista está cada vez mais sendo reconhecido e valorizado. Prova disso é que um dos últimos autorretratos feitos pela pintora mexicana bateu na terça-feira, dia 16, o recorde de preço para obras de um artista latino-americano em leilão. O autorretrato Diego e eu, de 1949, foi a estrela da venda na casa Sotheby’s, em Nova York, como parte da temporada do outono boreal no mercado da arte.
Com um preço inicial de 30 milhões de dólares (165 milhões de reais), a tela, que mostra a autora de frente, com a figura de Diego Rivera inserida em sua testa como uma presença inquietante, acabou sendo arrematada por 34,9 milhões (191,9 milhões de reais), um preço que desbanca o próprio Rivera, marido dela, do topo do pódio como artista plástico latino-americano mais valorizado (10 milhões de dólares em 2018 por seu quadro Os rivais).
Antes desta Evening Sale (“Venda Noturna”, como a Sotheby’s chamou o leilão de terça), o autorretrato de Kahlo já havia superado outro recorde numa disputa prévia, em setembro passado, com um preço de 26 milhões de dólares. Diego e eu havia ido a leilão pela última vez em 1990, também pela Sotheby’s, quando foi vendida por 1,4 milhão de dólares. O preço mais alto pago anteriormente por uma obra de Kahlo foram os oito milhões de dólares da tela Dois nus no bosque, de 1939, vendido há cinco anos. Por isso a centenária casa de leilões comemorou o resultado do leilão desta terça e a valorização financeira da obra de Kahlo, “que eclipsa o recorde de uma obra de arte latino-americana, anteriormente em poder de seu marido Diego Rivera, e bate seu próprio recorde em mais de quatro vezes”.
O quadro, de pequenas dimensões, simboliza a tortuosa relação entre os dois artistas e, sobretudo, a contínua presença do muralista na vida e na estética de Kahlo, com a figura de Rivera, que por sua vez exibe um terceiro olho na testa, fiscalizando a visão – e a vida – de sua esposa. Pintada meia década antes da morte de Kahlo e considerada o último de seus numerosos autorretratos, a obra foi criada durante um dos períodos mais conturbados da autora, devido à dor física que sofria como resultado de múltiplas cirurgias.
“Pintado no mesmo ano em que seu amado Diego embarcou em um romance com sua amiga María Félix, este poderoso quadro é a articulação pictórica de sua angústia e dor. O resultado [do leilão] poderia ser definido como a máxima vingança, mas na verdade é a máxima validação do extraordinário talento e do atrativo global de Kahlo. Diego e eu é muito mais que um retrato belamente pintado. É um resumo pintado de toda a paixão e a dor de Kahlo, um tour de force do bruto poder emotivo da artista no auge da sua capacidade criadora”, comentou Anna di Stasi, diretora de Arte Latino-Americana da Sotheby’s.
*Com informações de El Pais – Brasil
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