Um mês de pura alegria

Nesta quarta dia 18 de janeiro, a Argentina completa 01 mês da conquista da Copa do Mundo. O título, tão sonhado de “La Tercera”, foi celebrado das formas mais eufóricas possíveis, por argentinos espalhados pelo planeta. Confesso, que deixei a rivalidade de lado e também torci muito pelos muchachos, principalmente pelo ídolo Messi, que merecia demais levar essa Taça para coroar de vez sua espetacular carreira. O gênio argentino, entrou de vez na turma seleta dos deuses do Olimpo do futebol, depois da conquista do título no Catar. Muitos argentinos já o querem até como presidente 😅

População da Argentina, deixou os problemas de lado e viveu momentos de grande alegria nas últimas semanas, devido à conquista do tão sonhado terceiro título Mundial – Imagem: Martin Villar – Reuters

Além da festa que os hermanos fizeram nas arquibancadas e do show de talento exibido pelo camisa 10 em campo, outro ponto chamou muita atenção durante a disputa do Mundial: a ausência de jogadores negros na equipe albiceleste. A curiosidade por causa desta questão étnica chegou até mesmo ao jornal norte-americano “The Washington Post”, que publicou um artigo analisando a diferença da Argentina para outros países da América do Sul nesta Copa, como Brasil, Equador e Uruguai. A “Celeste Olímpica”, como é conhecida a seleção uruguaia, contou nesta edição com um famoso afrodescendente, o meia Nicolás de La Cruz, do River Plate, já na Argentina, a ausência de jogadores negros foi completa.

Algumas explicações

O último censo argentino é o de 2010 (o de 2022 está em fim de cálculo). Nessa pesquisa de 12 anos atrás, 149.493 pessoas, meros 0,3% da então população da Argentina (40,79 milhões), era negra. “Muitos escravos negros morreram durante as guerras da independência da Argentina”, explicou ao UOL Luciana Bonder, professora do Instituto de Genética da Universidade de Buenos Aires (UBA). Tais conflitos ocorreram entre 1810 e 1819, e nesse período houve também uma grande deserção desse contingente para países como Peru e Uruguai.

“A seleção argentina pode não incluir pessoas de ascendência africana por decisão técnica, mas tampouco é um país totalmente branco”, afirma Carlos Pagni, historiador e colunista do jornal “La Nación”. “Há pessoas que no país podem ser vistas ou chamadas de ‘morenas, bronzeadas’. É comum ouvir na Argentina tais apelidos para designar pessoas que não são brancas. Há muitos jogadores que poderiam ser descritos como morenos.” Todo técnico quer ganhar. Ou alguém imagina que De La Cruz, se fosse argentino, não teria oportunidade na seleção? Jogando em um clube como o River, ainda por cima? Tremenda bobagem.”

O peso do passado

Em seu livro “Os Argentinos”, publicado em 2012, o jornalista Ariel Palacios, correspondente em Buenos Aires há 27 anos, relembra: “O grande escritor Borges cita ocasionalmente em seus poemas a presença de negros na Argentina. Esta população africana tinha um peso significativo na época da colônia”. “No caso da cidade de Buenos Aires, entre 25% e 30% dos habitantes antes da Independência eram escravos trazidos da África ou seus descendentes. Nos primeiros anos das guerras da Independência, grande parte deles constituiu os grupos de soldados que geralmente iam na vanguarda das tropas (e, portanto, tinham mais baixas que o resto).” Em sua obra, Palacios situa o cenário daqueles tempos: “O racismo crescente também levou diversos afro-argentinos a migrar do país. Muitos partiram para o Uruguai, onde a comunidade era maior e sofria menos níveis de pressão por parte das autoridades e da sociedade”.

Atualmente, segundo Palácios, “embora quase que visualmente desaparecidos, a imensa maioria dos afro-argentinos que podem ser vistos nas ruas atualmente são na realidade os imigrantes de Cabo Verde que chegaram a partir de 1960. Os afro-argentinos estão presentes nos genes argentinos.

Campeões Mundiais

Há dois jogadores campeões mundiais pela Argentina que são afrodescendentes. O goleiro reserva Héctor Baley, integrante da seleção campeã de 1978, e o volante (e xará) Héctor Enrique,em 1986, cujo apelido na Argentina até hoje é “Negro Enrique”. Por causa do tom de pele, Baley era chamado de “Chocolate”: “Recebi esse apelido quando jogava no Estudiantes. Ficou por toda a vida, todo mundo me chama assim”, contou, em entrevista ao canal de TV C5N em 2018.

Hector Baley compôs o elenco da seleção campeã mundial em 1978 – Imagem: Facebook – AFA

Ao portal argentino “Infobae”, Baley revelou em 2020 que sofreu muito preconceito: “Há discriminação no meu país por causa da cor de pele. Me xingavam. Mas como era conhecido, acabei sendo bem menos insultado. Antes disso, me senti discriminado, mil vezes”. Outro exemplo de jogador afrodescendente a defender a Argentina é o lateral Hugo Ibarra, hoje técnico do Boca Juniors. Com passagens pela seleção no ciclo de Marcelo Bielsa, ele chegou a ser até mesmo capitão da equipe em 1999.

Esperamos que na Argentina e em todo o mundo, qualquer tipo de discriminação vire coisa somente do passado…🌹

*Com informações do Portal Uol Esporte

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