De figurantes a protagonistas

Nós brasileiros, que amamos cinema, já estamos acostumados a ver os atores e atrizes latinas serem convidados para fazerem papéis secundários em Hollywood. Mas parece que esse jogo está virando. No início desse mês, tivemos a notícia de que Bruna Marquezini vai ser a primeira brasileira a protagonizar uma produção da DC Comics. A atriz foi confirmada no elenco de Besouro Azul, o novo filme da Warner Bros baseado no não tão conhecido herói da editora. Além dela, a atriz Belissa Escobedo (American Horror Stories) e o ator Harvey Guillén (O Que Fazemos Nas Sombras) também foram confirmados no elenco.

Marquezine vai viver a personagem Penny, interesse amoroso do herói Jaime Reyes (Xolo Maridueña). Assim, podemos esperar por uma participação bastante expressiva da brasileira em sua estreia em Hollywood. Aliás, a participação de Bruna representa uma tendência da Warner em dar um destaque maior aos artistas latinos. No caso do Besouro Azul, os produtores do longa vão se aproveitar da origem do personagem nos quadrinhos e dar um foco maior na comunidade latina. Assim, da mesma forma que tivemos Shang-Chi sendo o primeiro grande filme de herói protagonizado por atores asiáticos, a DC quer fazer o mesmo com os latinos.

Comunidade latina terá destaque no longa Besouro Azul

Por isso, a adaptação de Besouro Azul é realmente muito acertada. Embora não seja muito conhecido do grande público, a sua encarnação mais recente nos quadrinhos carrega bastante esse lado étnico e cultural. O público latino agradece, afinal era bem chato ver nossos artistas fazerem apenas papéis secundários e muitas vezes marginalizados, como traficantes de drogas por exemplo. Esperamos ver cada vez mais brasileiros e demais latinos brilhando em todas as esferas do cinema mundial…

Click no vídeo abaixo para entender melhor sobre a trajetória da musa brasileira até chegar a esse importante papel e conheça também as origens latinas do super herói Besouro Azul 😉

Fontes: Site Canal Tech e Canal Warner Channel Brasil – Youtube

Roma

Dizem que os melhores filmes são aqueles que nos fazem refletir por dias e dias depois depois que o assistimos. Esse, sem dúvida, é o caso de Roma do diretor mexicano Alfonso Cuarón. A produção fez história tornando- se  a primeira obra mexicana a ganhar a estatueta de “melhor filme estrangeiro” no Oscar. Cuarón já havia levado o troféu antes na categoria “melhor diretor” pelo trabalho em Gravidade de 2014.

Mas antes mesmo de levar esses dois importantes trofeús, Roma já havia feito história meses antes se tornando a primeira obra em espanhol a ser indicada ao prêmio de ‘melhor filme’.   Foi  também a primeira produção de um serviço de streaming a ser indicado para a maior festa do cinema mundial, além de ter sido a primeira vez  que uma indígena mexicana foi indicada na categoria de melhor atriz.  Outro fato inédito foi a indicação para o prêmio de “melhor diretor” e “melhor roteirista” para a mesma pessoa, no caso Cuarón.

A obra realmente mereceu toda essa atenção e reconhecimento. O diretor conseguiu, através da história de Cleo, uma empregada doméstica indígena que trabalha para uma família branca, abordar pontos obscuros da sociedade mexicana: como o machismo, a miséria, desigualdade e injustiças sociais e raciais de seu país. Incrível pensar como a história de alguém que era tratado particularmente  como um ser invisível para a maioria das pessoas que a cercavam, pode ser uma fonte tão rica de reflexão e de compreensão do funcionamento de uma sociedade.

Grande parte da força do filme vem da interpretação de Yalitzia Aparicio, que dá vida à Cleo. Ela nasceu no interior de Oaxaca, no sul do México, onde até pouco tempo atrás dava aulas para crianças da pré-escola. Seu papel em Roma,  impressionantemente foi seu primeiro trabalho como atriz — e foi excepcional, diga-se de passagem.

Gravado em preto e branco, Roma traz imagens completamente diferentes do que estamos acostumados hoje em dia. A atenção de Cuarón para os detalhes do figurino e dos cenários e as longas cenas em plano-sequência garantem imagens lindas e emocionantes. Um ótimo exemplo — sem detalhes para não estragar a surpresa — é uma cena inteira que se passa no mar e consegue acelerar o coração do espectador. Não à toa, a Netflix também exibiu o longa em salas de cinema, pois uma obra de arte dessas também merece ser assistida nas telonas.

Por que “Roma”?

O título do filme é o nome do bairro onde a trama se desenrola, Colonia Roma, uma zona em que a classe alta mexicana se estabeleceu na primeira década do século 20 e onde existem até hoje suntuosas mansões e palacetes de inspiração europeia. Desde o terremoto de 1985, a região passou por várias transformações arquitetônicas e demográficas, ainda que atualmente continue a ser um bairro de classe média e uma das zonas residenciais mais emblemáticas da cidade. Mas o motivo pelo qual o filme se passa ali tem a ver com a intenção do diretor de recriar sua infância: Cuarón cresceu em uma casa na rua Tepeji, em Roma, que aparece em uma das cenas do longa.

O luxuoso bairro serve também como um símbolo para contrastar com as diferenças sociais de outros ambientes pelos quais passam os personagens, em especial Cleo, a protagonista. Diferentemente de seus patrões, ela e outra amiga, que também trabalha como empregada doméstica na mesma casa, dormem em um quarto minúsculo, enquanto os namorados de ambas vivem em um bairro muito pobre e distante dali.

Homenagem

Cuarón dedica o filme a “Libo”, que é como ele e sua família chamam Liboria Rodríguez, uma mulher de origem indígena que começou a trabalhar com eles quando o diretor tinha só 9 meses e cuja história de vida serve de base para a história. Rodríguez, que veio da aldeia de Tepelmeme no Estado de Oaxaca, cuidou desde então das crianças da família de Cuarón, como muitas empregadas domésticas que tiveram um papel central na vida dos filhos de muitas famílias da América Latina.

Aviões

Em vez de usar estúdios de filmagens, Cuarón decidiu rodar seu longa em uma casa em Roma, que foi reconfigurada meticulosamente para que se parecesse com o local onde cresceu. Roma fica próximo de um dos corredores aéreos pelo qual passam centenas de aviões que cruzam diariamente os céus da Cidade do México para aterrissar em seu aeroporto internacional, por isso, são uma presença constante no céu do bairro… e de quase toda a cidade.

Por isso, os aviões não estão apenas na abertura e no encerremento do longa, mas seu som permeia todo o desenrolar da trama. Mas isso é apenas uma parte da explicação. Há também um fato autobiográfico: Cuarón era fascinado por aviões e sonhava em ser piloto quando era pequeno (o ator que interpreta o diretor quando criança conta isso a sua babá). Além disso, há uma conotação simbólica. Cuarón contou que as aeronaves cruzando o céu do México transmitem a ideia de que as situações que os personagens atravessavam são transitórias e que há um universo que vai além de seus contextos pessoais.

Cuarón
Com “Roma”  Alfonso Cuarón levou a estatueta de melhor diretor pela segunda vez.

Metalinguagem

As idas ao cinema não são apenas uma válvula de escape de Cleo para suas tarefas domésticas, mas também para as crianças de que ela cuida. Roma utiliza um recurso narrativo conhecido como “metarrelato”, ou “cinema dentro do cinema”, em que produções cinematográficas anteriores são homenageadas pelo autor – inclusive, algumas próprias. Em uma das cenas, as crianças vão com a babá ver Sem Rumo no Espaço (1969), um dos filmes favoritos do diretor quando criança e que lhe serviu de inspiração para Gravidade.

Há uma cena de parto similar à que ocorre no filme de Cuarón Filhos da Esperança (2006), e, como em E Sua Mãe Também (2001), dirigido por ele, a mãe conta aos filhos em um bar ao ar livre próximo da praia que seu pai os abandonou. Nos créditos de Roma, aparece o mantra “Shantih Shantih Shantih” (Paz, paz, paz), que também aparece em Filhos da Esperança.

Massacre

Um dos elementos que a crítica mais tem aclamado é a cuidadosa recriação de época, não apenas pelos cenários, vestuários e programas de televisão, mas pela forma tangencial com que apresenta contextos sociais do México nos anos 1970. Uma das cenas mais dramáticas mostra a matança de estudantes conhecida como o massacre de Corpus Christi ou “Halconazo“, que ocorreu em 10 de junho de 1971 e que ainda é hoje um dos eventos mais tristes da história do país. O incidente começou como um protesto estudantil pela libertação de presos políticos e por mais investimentos em educação, e terminou como um banho de sangue quando o governo enviou soldados treinados pela CIA, de um grupo paramilitar financiado pelo Estado e conhecido como Los Halcones, para reprimi-los.

De acordo com versões de alguns sobreviventes, a princípio, os paramilitares usaram bastões e varas de bambu empregados na arte marcial japonesa kendo, como o usado por um dos personagens do filme em seu treinamento, mas, depois, foram usadas armas de fogo. O fato do namorado de Cleo praticar o kendo em um local distante no Estado do México e se referir aos treinamentos também deixa em aberto uma possível referência aos grupos paramilitares. O massacre de Corpus Christi deixou 120 estudantes mortos, de acordo com registros oficiais, mas acredita-se que o número de vítimas possa ter sido ainda maior. O acontecimento é retratado de forma hiper-realista no filme em uma das suas cenas mais comoventes, na qual novamente as desigualdades sociais marcam o desenrolar da trama.

Pra quem curte uma obra intimista, realista e puramente “humana” Roma é realmente indispensável!

Segue abaixo um vídeo com uma  ótima crítica pra deixar você com ainda mais vontade de conferir essa obra prima de Cuarón:

Fontes: Sites BBC Brasil e Guia da Semana

 

Medianeras

Sabe aqueles filmes, que de tão fofos, depois que você assiste, dá vontade de recomendar pra todo mundo? Medianeras, Buenos Aires na era do amor digital é assim… A película, como o nome sugere é um romance, mas abrange muitos outros pontos que vão do amor ao drama, com boas doses de comédia.

O título original “Medianeras” se refere ao nome que dão na Argentina para as  laterais dos prédios, que viraram local de propaganda e já abrigaram murais de pintores.  As medianeras são o lado esquecido de um edifício. O lado que não dá para a frente nem para os fundos, que acusa a passagem do tempo e que não esconde a sujeira que faz parte da cidade e sua história. O restante do título adotado no Brasil  (Buenos Aires na Era do Amor Digital) deve-se a  conexão que o roteiro faz entre a arquitetura, a modernidade, o crescimento desordenado de uma metrópole  (no caso, a capital argentina) e como isso afeta seus habitantes.

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O filme Medianeras debate os reflexos nocivos da modernidade na vida das pessoas. Imagem – Reprodução Internet

O filme foi lançado em 2011, quando os smartphones ainda não eram tão presentes em nosso cotidiano como são hoje, mas a internet já era presença marcante na vida de muitos, especialmente dos mais jovens. O filme propõe uma reflexão sobre como o ambiente digital, que promete uma aproximação das pessoas, pode muitas vezes causar o efeito contrário: uma solidão cada vez maior.

Os personagens principais Martin (Javier Drolas)  e  Mariana (Pilar López  de Ayala)   _  que dão um show de atuação _  são exemplos de jovens solitários que se fecham cada vez mais em si mesmos, devido especialmente a traumas sofridos no passado. Ambos parecem não se adaptar bem a esse universo de amores líquidos, que vão e vem numa velocidade tão rápida como um clique.

Durante todo o filme ficamos torcendo pelo encontro dos dois, já que ao conhecer a história de cada um de forma paralela, vamos percebendo como eles são parecidos e como formariam um par ideal. O tão esperado encontro parece que não vai acontecer nunca, e enquanto isso, eles vão vivendo outras histórias desencontradas, e sofrendo cada um com suas desilusões.

Acredito que essa demora do encontro foi uma maneira de o diretor Gustavo Taretto chamar nossa atenção para alguns fatores, tais como: A dificuldade de conhecer alguém  com quem realmente desejemos ter um relacionamento duradouro, mesmo vivendo em locais com tanta gente; Como nas questões amorosas o quesito sorte, ou  o destino, se preferirem, é tão decisivo, (afinal, eles moravam tão perto e nunca haviam se encontrado antes); Como o ambiente virtual deixa as relações pessoais um tanto banalizadas; Como é importante se desconectar um pouco para viver de fato a vida, entre outros tópicos…

O lançamento de Medianeiras aconteceu há 07 anos, mas posso afirmar que o filme está cada vez mais atual e suas reflexões estão ainda mais pertinentes,  hoje em dia, na era das redes sociais. Se você ainda não viu, confira no link abaixo essa deliciosa história legendada em português e descubra que ainda há espaço para o amor em nosso mundo cada vez cibernético.

Ps: Assista até o final dos créditos para não perder uma parte importante Rs

 

Hollywood, não muchas gracias

Sabe aquelas entrevistas que fazem você virar ainda mais fã de um artista que já admirava muito? Vou recomendar a vocês uma dessas. O artista no caso, é Ricardo Darín, um dos nomes mais conhecidos do cinema latino. Em entrevista ao apresentador Alejandro Fantino, no Programa Animales Sueltos da TV argentina, o ator e diretor comenta sobre o fato de nunca ter se interessado em atuar por Hollywood por não aceitar a lógica que prevalece por lá.

Darín conta que chegou a recusar um convite do diretor Tony Scott, irmão do prestigiado Ridley Scott para atuar em um filme com Denzel Washington, no qual faria o papel de um narcotraficante. Esse tipo de papel foi um dos pontos que desagradaram o ator argentino e o fizeram recusar o convite. O fato de os atores latinos serem chamados, na maioria das vezes, para interpretar criminosos é algo que reforça estereótipos e o que o incomoda bastante.

“Hollywood não me tira o sono, o Oscar não me tira o sono. (…) Me criticaram muito por dizer que não tinha vontade de ir ao Oscar. Me perguntavam ‘mas como vai dizer que não tem vontade de ir ao Oscar? Você tá brincando!’ “Sim, não tenho vontade de ir no Oscar. Qual o problema” ? – contou ao apresentador.

O mais legal da entrevista é reparar na expressão de surpresa no rosto do entrevistador ao notar o desprendimento de Darín em relação ao dinheiro, prestígio e fama que Hollywood pode proporcionar. A reação do apresentador parece ser de espanto e admiração ao mesmo tempo.

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Apresentador se surpreende com a postura de Darín – Reprodução Internet 

É realmente admirável a sabedoria e a leveza que ele transmite ao nos faz refletir sobre o que realmente deve nos fazer feliz na vida. A felicidade para ele está longe dos holofotes de Hollywood: se encontra em poder passar mais tempo com a família, em ser amado pelas pessoas ao redor, em trabalhar fazendo o que gosta, em ser fiel aos seus princípios. 

Ele faz também uma crítica ao excesso de desigualdade existente no planeta e diz se sentir  um privilegiado por ter conquistado tanta coisa em quanto muitos, infelizmente, não tem nem ao menos um prato de comida todo o dia. “Eu me sinto feliz, eu posso tomar dois banhos quentes por dia” – provoca.

Assista o vídeo com um trecho da entrevista com legendas em português e se inspire com o sábio Darín 😉

Relatos Selvagens

Todos nós temos nossas fases ruins, sem falar naqueles dias que se pudéssemos escolher nem teríamos saído de casa porque exatamente tudo dá errado. Dependendo da situação, nosso nível de estresse pode se elevar de tal modo, que não é difícil perder a cabeça e acabar cometendo alguma loucura. O filme argentino “Relatos Selvagens” mostra como o ser humano pode ser levado ao seu extremo em fração de segundos. O longa é divido em seis episódios que contam dramas sofridos por diferentes personagens. O diretor Damián Szifron conseguiu construir todas as seis narrativas de maneira bem envolvente, nos levando a ficar tensos em alguns momentos e a dar muitas gargalhadas em outros.

Um dos protagonistas da película é ninguém menos que Ricardo Darín. O astro argentino estrela o conto que possui a pegada mais social, como é costume em sua filmografia. Ele interpreta um cara comum que tem o carro rebocado no dia do aniversário da filha. O acontecimento desencadeia uma série de abusos, que vão levando o personagem de Darín a ter um surto de violência pela revolta com a burocracia do sistema.  A cena  lembra muito o filme “Um dia de fúria” com Michael Douglas. Em outros episódios vimos o que uma noiva em fúria é capaz fazer, e o que uma simples ofensa de trânsito pode gerar, entre outros dramas….

Pra quem curte filmes com enredos envolventes e com uma temática psicológica bem articulada “Relatos Selvagens” é indispensável 😉

 

 

Chile em festa

Como boa amante do cinema, sempre gosto de acompanhar  a cerimônia do Oscar. Neste ano, infelizmente não consegui assistir, mas no dia seguinte, ao procurar notícias sobre a premiação, tive uma surpresa pra lá de agradável: A  película chilena “Uma mulher fantástica”   ganhou o prêmio de melhor filme estrangeiro – foi a o primeiro Oscar de um longa metragem da história do Chile. Como era de se esperar a vitória foi motivo de celebração por todo o país. A  presidente Michelle Bachelet até recebeu a equipe  no Palácio La Moneda, sede do governo nacional com todas as honrarias! Não é pra menos né? Não é todo dia que se ganha um Oscar… Rs

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Imagem: Reprodução Twitter 

“Un honor recibir en La Moneda, la casa de todos, al equipo de . Como otras grandes expresiones de nuestro arte, esta película ha impulsado conversaciones sobre avances sociales que Chile demanda” – escreveu a presidente  em seu twitter.

O filme aborda um tema que ainda é tabu, não somente na sociedade chilena, mas em vários países no mundo, inclusive o Brasil: a personagem central é uma transexual. A produção explora questões importantes  como a violência e a aversão ao diferente.

“A presença de uma personagem  transexual só apareceu como uma possibilidade importante de ser abordada porque ainda  é um tema pouco explorado” disse Gonzalo Maza, um dos roteiristas de “Uma mulher fantástica” à BBC Mundo, depois de sua passagem pelo Festival Internacional de Cinema de Berlim.

Além de entrar pra história como o primeiro longa metragem chileno a vencer um prêmio da maior festa do cinema mundial, “Uma mulher fantástica” proporcionou outro feito: Foi a primeira vez que uma atriz  transgênero apresentou um prêmio na cerimônia:  Daniela Vega,  protagonista do filme, apresentou o cantor Sufjan Stevens, que interpretou Mistery of Love, parte da trilha de “Me Chame Por Seu Nome”. “Quero convidar vocês a abrirem seus corações e seus sentimentos e sentirem a realidade. Vocês conseguem?”  – disse Daniela, emocionada.

Segundo o diretor do filme, Sebastián Lelio, a história de Daniela foi uma inspiração para a produção: Antes de encarnar Marina, uma transexual que perde inesperadamente o seu namorado, a atriz trabalhava como cabeleireira em um salão de beleza. Foi um golpe de sorte, o destino, ou o acaso, que levou a diretor até ela, quando ele começava a estudar as personagens de “Uma Mulher Fantástica” e sondava o universo transexual de Santiago.  Em princípio, ela prestaria uma consultoria à produção, mas acabou sendo a estrela de um filme exaltado pela forma como retrata a dor, a perda e o medo do desconhecido.

Quando o filme estreou no Chile, há um ano, foi recebido com muito entusiasmo. Daniela peregrinava pelos principais canais de TV, olhava fixamente para a câmera e se soltava: “Goste de você, ame-se, respeite-se da maneira mais digna. Todos os nossos corpos transitam; eu transicionei pelo gênero, outros fazem isso envelhecendo”. A atriz, que começou sua caminhada artística como cantora lírica, foi a primeira transexual a aparecer nas capas de revistas  no Chile, tornando-se um marco cultural.

Fiquei muito feliz em saber que nosso vizinho está se abrindo cada vez mais  à diversidade, assim também como Hollywood.  O respeito ao diferente é algo que só fez bem a todos. 😉

Fonte: Sites –  BBC Mundo e El País Brasil

 

 

 

 

Um conto para a vida

 Sabe aqueles que filmes que você gosta tanto, e sempre fica com vontade de assistir de novo, além de recomendar para todos? “Um conto chinês” é um desses meus filmes favoritos. Assisti pela primeira vez em 2011 no cinema, e depois disso, já vi algumas vezes na internet e também na TV. A película argentina do diretor Sebastián Borensztein é uma comédia deliciosa, com uma trama totalmente inesperada e surpreendente. A genialidade do mestre Ricardo Darín, que interpreta  Roberto, um rabugento e solitário convicto,  é um dos pontos altos do filme.

A monótona vida de Roberto muda de repente com a chegada de Jun (Ignacio Huang) um chinês que chega à Buenos Aires, sem saber uma só palavra em espanhol e sem nenhum dinheiro. O destino parece querer pregar um peça em Roberto: Por que justo ele teria que ajudar esse desconhecido? E apesar de não ter nenhuma obrigação de ajudar, ele não consegue deixar o indesejável hóspede ir embora.

No decorrer do filme, vamos percebendo que Roberto não é tão insensível como parece, e vamos nos divertindo com sua aventura diária de sobreviver sem pirar no meio dessa  confusão toda e de quebra ainda achar um espaço para o amor.

Apesar de já ter visto o filme várias vezes sempre me comovo com a história, principalmente no final quando muitas revelações são feitas e descobrimos que não se trata apenas de um conto chinês, mas sim, de um conto para a vida.

Assista,  se emocione e se divirta também!

Observação importante: Está disponível também no Netflix! 😀

 

 

 

 

 

 

 

 

Os esquecidos

O crescimento urbano acelerado e desordenado foi uma das marcas do século xx. O deslumbramento provocado pelas grandes cidades, muitas vezes, ocultava o lado sombrio das grandes aglomerações. Por trás das luzes da modernidade,  a escuridão pairava nos bairros dos subúrbios. As populações desses locais se submetiam as mais cruéis situações para conseguir sobreviver – Todo o avanço alcançado pelo desenvolvimento industrial e tecnológico não chegava até esses habitantes.

Procurando desvendar o universo marginalizado dos subúrbios o diretor espanhol  Luis Buñuel lançou na metade do século passado (precisamente em 1950) o filme “Los olvidados” – Os esquecidos em português. Para fazer a película,  Buñuel viveu durante 04 meses em um dos bairros mais marginalizados da Cidade de México, entrevistou psiquiatras especializados em delinquência juvenil, examinou relatos de jornais da época sobre o assunto e utilizou atores não profissionais provenientes destes bairros marginalizados.

O resultado desse mergulho do diretor no universo dos menos favorecidos foi uma verdadeira obra prima do cinema.  O filme demonstra com uma sutileza realista e cruel as consequências que a exclusão social pode gerar na vida das pessoas.   Até os personagens que poderíamos considerar como vilões são mostrados como vítimas de um sistema que gera violência atrás de violência e por mais que alguém tente quebrar a roda, fica difícil romper esse círculo vicioso.

Um dos pontos que mais me impressionou no filme foi a atualidade das situações apresentadas. Infelizmente, apesar de já terem sido passados quase 70 anos das gravações os problemas apresentados ainda continuam sendo corriqueiros nas diversas periferias do mundo, e as soluções parecem ainda estar longe de serem alcançadas.

Confira no link abaixo “Los Olvidados” completo em espanhol:

O lado vermelho de Neruda

    O Pablo Neruda das Letras, dos mais belos versos, das poesias de amores insuperáveis, todos nós conhecemos, mas e o Neruda político, clandestino, fugitivo da justiça, você conhecia?  Esse lado pouco divulgado do prêmio Nobel chileno é relatado pelo talentoso diretor Pablo Larraín em seu mais novo filme.

    Após fazer duras críticas ao governo de seu país, o então senador pelo partido comunista, Pablo Neruda, (Luís Gnecco) começa a ser perseguido pelo presidente Gabriel González Videla, que decretou em 1948 a chamada Lei Maldita contra os militantes vermelhos.  E é através da ótica de seu principal perseguidor, o policial Óscar Peluchonneau, (Gael García Bernal),  que vamos conhecendo a história do poeta por esse outro ângulo.

    “Tem elementos políticos e poéticos, mas, no fundo, é um filme sobre um policial que dá sentido a sua vida ao perseguir o poeta. Neruda entende que, se conseguir escapar, fará com que sua voz seja mais forte, maior, mais ouvida. Nessa volta, se transforma em um gigante, em uma lenda”, explica o diretor Larraín.

    Com elementos de comédia, drama e, claro, policiais, o filme é uma ótima pedida pra quem quiser conhecer um pouco mais sobre a história do grandioso poeta e também do Chile, que se mistura com a dele. Prepare-se para ver um Neruda bem mais humano que poético, mas de nenhuma forma, menos encantador.

 

    O ano de 2016 não será esquecido facilmente. Muitos acontecimentos, especialmente no âmbito da política, foram marcantes. Foi um ano também de muitas despedidas, entre elas, a de Fidel Castro,  um dos personagens mais importantes e polêmicos do século XX.

    A trajetória de Fidel está diretamente ligada à de seu companheiro mais famoso Ernesto Che Guevara. Juntos os dois marcaram pra sempre a história de Cuba ao derrubar o governo de Fulgêncio Batista e estabelecer um regime que visava combater as injustiças do regime capitalista.

    A semente revolucionária, porém, começou a brotar no coração de Che muito antes de seu encontro com o líder cubano.  Em 1952, Ernesto Guevara, que na época era apelidado de Fuser  aceita a proposta de seu amigo Alberto Granada para deixar Buenos Aires e partir rumo a uma viagem por vários países da América Latina a bordo de “La Poderosa”, uma moto que de poder mesmo não tinha quase nada. Rs

    Deixando pra trás a família e a faculdade de medicina o jovem Fuser embarca na aventura que mudaria sua vida e a de milhares de pessoas pra sempre. Se você ficou curioso pra saber como foi essa viagem tão especial, não deixe de ver o filme “Diários de Motocicleta” do diretor brasileiro Walter Salles. Ao assistir você vai adentrar, junto com Che e seu amigo, no universo de uma América Latina complexa e densa. E vai perceber que apesar de todas diferenças somos mais próximos do que imaginamos.

    Pra quem curte aprofundar ainda mais nas histórias recomendo também a leitura do livro “De moto pela América do Sul, escrito pelo próprio Che, que serviu de base para o filme. 😉

Abaixo o link para o longa completo dublado em português:

 

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