El Clan

Sabe aqueles roteiros que de tão improváveis e incríveis parecem terem sido totalmente inventados por uma mente extremamente criativa? A história da família Puccio é um desses exemplos onde a realidade supera a ficção.  A trajetória desse sobrenome de criminosos que aterrizou a Argentina, na década de 80, é contada pelo diretor PabloTrapero no filme O Clã.

Quem desconfiaria de uma família tradicional, cujo pai  é um respeitado  ex-militar, a mãe professora primária e o filho mais velho um talentoso jogador de rugby, um dos esportes mais tradicionais de seu país?  Os Puccio levavam uma vida normal aos olhos de seus vizinhos e conhecidos, que nem imaginavam as atrocidades cometidas ao lado.

A frieza com que sequestravam suas vítimas é demostrada com maestria na interpretação de Guillermo Francella. A impressionante manipulação psicológica, em que seu personagem, Arquimedes, o pai, envolve os membros da família é  outro ponto forte da película de Trapero.

Com uma trilha sonora baseada em bandas clássicas de rock como  The Kinks, Creedance e David Lee Roth o clima de tensão, que se estende durante todo o filme, se torna um pouco mais leve.

Se você ficou curioso pra saber qual foi o fim dessa surpreendente família, não deixe de assistir O Clã. 😉

Soltando a voz

No próximo domingo serão entregues os prêmios da maior festa do cinema mundial. Como uma boa apaixonada pela sétima arte sempre aguardo pela cerimônia do Oscar com ansiedade e geralmente torço e me divirto bastante. Mas como nem tudo são flores é comum acontecerem alguns episódios um tanto desagradáveis e algumas injustiças que tiram a gente do sério.  E uma das maiores polêmicas da história recente da premiação  aconteceu no ano de 2005.

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Drexler nos bastidores do Oscar 2005

Pela primeira vez uma música em espanhol tinha sido indicada como melhor canção original.  Se tratava de “Al otro lado del río”, composta e cantada pelo cantor uruguaio Jorge Drexler para o filme “Diários de Motocicleta do diretor Walter Salles.  Tinha tudo para ser uma apresentação  histórica e emocionante.  E tenho certeza que teria sido se os produtores do evento tivessem permitido que Jorge Drexler cantasse, mas ao invés disso resolveram chamar o músico Santana e o ator Antonio Banderas para subirem ao palco e interpretarem a canção, com a justificativa de que eram nomes mais conhecidos do que  Drexler. A escolha gerou muitas críticas na época e um constrangimento muito grande.  Mas o cantor uruguaio soube dar um drible em toda essa situação:  Ao ser anunciado como vencedor pelo saudoso Prince ele resolveu cantar ao invés de discursar e finalmente pôde soltar a voz dando uma resposta ao preconceito dos organizadores de forma brilhante.

Confira como foi esse momento único no link abaixo:

Três vezes México

De acordo com  Donald Trump, pré- candidato à presidência americana pelo partido republicano,  o México costuma enviar cidadãos de segunda classe aos Estados Unidos, o que, segundo ele, é prejudicial ao país. Masa pelo jeito essa opinião do bilionário americano, não é compartilhada pelos  integrantes da Academia do Oscar, afinal, nos últimos 03 anos  o troféu de melhor direção, um dos prêmios mais importantes da cerimônia,  ficou justamente com diretores do vizinho mais pobre.

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Alfonso Cuarón venceu o prêmio de melhor diretor em 2014 por gravidade

Em 2014, o representante da terra dos astecas a faturar o prêmio, foi Alfonso Cuarón, pelo longa Gravidade.   E neste domingo, Alejandro González Iñárritu  confirmou seu favoritismo por seu trabalho em “O Regresso”e conquistou  seu segundo Oscar consecutivo de melhor diretor – algo que só havia acontecido outras duas vezes na história da premiação. Em 2015 Iñarritu levou o prêmio por Birdman (A inesperada virtude da ignorância.

Nascido na cidade do México em 1963,  começou sua carreira como locutor de uma emissora de rock rádio na capital mexicana. Em 1988, se  tornou diretor da mesma emissora.   Em 1990 dirige o setor publicitário da Televisa, maior rede de televisão do México e um ano depois funda sua própria empresa de produção de cinema: a Zeta Films.

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Alejandro Iñarritú conquista segundo Oscar consecutivo com o “Regresso”

Em 1992 chega aos Estados Unidos para estudar direção de cinema. Em 2006 recebe sua primeira indicação a melhor filme no Oscar por “Babel” que contava com um elenco de peso com atores como Brad Pitt, Cate Blanchett, Gael García Bernal entre outros. “Babel” faz parte de uma trilogia que ainda tem “21 gramas” (2003) e “Amores brutos” (2000), seu primeiro longa feito em parceria com o roteirista Guillermo Arriaga. Outro destaque de sua carreira é “Biutiful” (2010), protagonizado por Javier Bardem.

Pelo talento que já demostrou ter Iñarritu vai continuar se fazendo presente em muitas outras premiações importantes como o Oscar,  para desgosto de Trump e seus seguidores…

Enhorabuena

No último dia 14 a tão aguardada lista de indicados ao Oscar foi anunciada. E pela primeira vez na história uma película colombiana entrará na disputa pela estatueta. Se trata do filme “O abraço da serpente” do diretor também colombiano Ciro Guerra. A indicação vem premiar um momento especial do cinema em nosso vizinho; nos últimos  anos o cinema colombiano vem ganhando destaque no cenário internacional, e a cereja do bolo pode vir no próximo dia 28 de fevereiro em Hollywood.

Filmada em preto e branco na Amazônia, o filme retrata  a  história de um xamã, último sobrevivente de sua tribo, que decide sair de seu isolamento voluntário para acompanhar um pesquisador alemão em busca de uma planta sagrada.

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O abraço da serpente será o representante latino no Oscar 2016 – Imagem Reprodução Internet

Ainda não tive a oportunidade de assistir, (porque a estreia para o Brasil está prevista para março), mas pelo que li parece ser aquele tipo de filme, que além de comovente, nos faz viajar para outros mundos que existem aqui mesmo em nosso planeta.

O Brasil está de fora da disputa do Oscar de melhor filme estrangeiro, o  excelente “Que horas ela volta” não entrou na lista final dos indicados. Mas com certeza nossa América Latina estará muito bem representada, afinal, “O Abraço da Serpente” é totalmente sul-americano, o  filme tem coprodução argentina e venezuelana e foi gravado com uma equipe que inclui mexicanos e peruanos na região na divisa entre Brasil e Colômbia.

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