A colombiana Skakira é uma das artistas latinas mais conhecidas mundialmente desde os anos 90. De lá pra cá, a cantora vem se consolidando cada vez mais no cenário musical global e hoje é reconhecida no mundo inteiro, especialmente depois do mega sucesso “Waka Waka”, tema da Copa do Mundo de 2010, disputada na África do Sul. Recentemente, Skak dividiu o palco com outra super latina: Jennifer Lopez, no intervalo do Super Bowl, maior evento esportivo dos Estados Unidos – outro momento marcante para a cantora. Porém, como nem tudo na vida são flores, no ano passado, a estrela passou por graves problemas pessoais, dentre os quais, uma separação conturbada: após descobrir uma traição de seu então marido Gerard Piqué, jogador de futebol que ganhou fama atuando pelo Barcelona e pela seleção espanhola, o matrimônio chegou ao fim após mais de uma década.
Quem acompanha a vida da artista, pode imaginar como esse momento deve ter sido duro, pois ela sempre tecia muitos elogios ao pai de seus 02 filhos e já havia até mesmo dedicado uma canção a ele: “Me enamoré” em 2017. Naturalmente, porém, os sentimentos de Skak mudaram depois de tanta decepção e a musa resolveu fazer desse limão uma limonada. Antes mesmo de ser confirmado o divórcio, em abril de 2022, a cantora lançou a canção “Te felicito” em parceria com o cantor porto-riquenho Rawn Alejandro, onde podemos perceber claras referências ao término da relação. Repare só um trecho, traduzido para o português, de “Te felicito”:
Eu não compro essa filosofia barata
Me desculpe, nessa moto já não monto
Eu não suporto pessoas de duas caras
Eu colocava minhas mãos no fogo por você
E você me trata como mais um de seus desejos
Sua ferida não abriu minha pele, mas abriu meus olhos
Eu os tenho vermelhos de tanto chorar por você
Quando perguntada sobre a motivação da música “Te felicito” a cantora respondeu para a revista Elle: “Solo puedo decir que ya sea consciente o inconscientemente, todo lo que siento, todo lo que vivo, se refleja en las letras que escribo, en los videos que hago. Es mi forma de ser. Como dije antes, mi música es ese canal”. “Só posso dizer que, seja consciente ou inconscientemente, tudo que eu sinto, tudo que vivo, se reflete nas letras que escrevo, nos vídeos que eu faço. É minha forma de ser”. Como disse antes, minha música é esse canal.
Com certeza, todos perceberam um justo desabafo da colombiana, nesta canção, mas a melhor parte ainda estava por vir. Neste início de 2023, a cantora lançou um novo single em parceria com o DJ argentino Bizarrap, que se tornou um verdadeiro fenômeno na internet: Com 63 milhões de visualizações no Youtube em 24 horas, o vídeo da dupla de artistas se tornou a música latina mais assistida na história da plataforma, segundo informações do jornal britânico The Guardian. “Shakira Bzrp Music Sessions 53” também bateu recordes no Spotify alcançando o primeiro lugar em apenas 01 dia.
“Isso é incrível!! Obrigado a minha equipe maravilhosa e grupo de guerreiras que caminham ao meu lado”, postou Shakira. “E um brinde a todas as mulheres que me ensinam a fazer limonada doce quando a vida te dá aqueles limões azedos”, celebrou a diva pop.
Confira abaixo o clip da música que caiu no gosto do público mundial e analise a letra recheadas de indiretas, ou seriam diretas mesmo, para o ex? Rs Como queiram… 🎤🎤
Fontes: Site Rolling Stone Brasil e Youtube – Foto: Marcelo Theobald/Extra
Neste domingo, dia 07 de Agosto de 2022, o Brasil celebrou 08 décadas de vida de um seus maiores artistas de todos os tempos, Caetano Veloso. O irmão de Betânia, filho de dona Canô nos encanta com sua poesia transformada em música e nos alenta nos momentos mais difíceis. Um aniversário tão especial não poderia deixar de ser comemorado em grande estilo. O cantor se apresentou em uma live transmitida para todo o Brasil, diretamente do Rio. Grandes nomes da arte brasileira estavam presentes no evento: Gilberto Gil, Lulu Santos, Ana Carolina, Vanessa da Mata, William Bonner, Renata Vasconcellos, Wagner Moura, Sabrina Sato, Marcelo Serrado, Marcos Palmeira, Rodrigo Santoro, Dira Paes, Djavan, entre outros.
Aclamado no Brasil, Caetano é reconhecido também mundialmente; quem é fã dos filmes de Almodóvar, por exemplo, já deve ter reparado a presença do brasileiro nas trilhas sonoras do diretor espanhol. Um outro gringo, fã declarado de Caetano, é o uruguaio Jorge Drexler. A pedido do Jornal ” O Globo”, o cantor e compositor escreveu um texto em homenagem ao ídolo e amigo. Confira abaixo:
‘Quando eu for jovem quero ser que nem Caetano Veloso’
“A primeira vez que vi Caetano Veloso foi no ano de 1985, durante o carnaval de Salvador da Bahia. Em traje de banho, e em meio a uma compacta massa de corpos banhados pela chuva, o suor e a cerveja, descia eu pela Rua Carlos Gomes atrás de um trio elétrico e a caminho da Praça Castro Alves quando, ao olhar pra cima, vi uma imagem do Caetano pintada em uma faixa de rua que atravessava de um lado ao outro da avenida.
Como um semideus, ele sorria pra nós desde as alturas enquanto a sua cidade, transbordante de beleza inteligente, música, cor e desejo, o homenageava na sua maior festa popular. Acho que foi a primeira vez que entendi, profundamente, o que a música podia significar em uma sociedade, assim como o papel que poderia chegar a ter na minha própria vida.
Compreendi também que existia um outro mundo além daquele opressivo e cinza dos tempos da ditadura no Uruguai, onde eu tinha crescido. Um mundo onde eu tinha algo a fazer: canções.
Drexler canta Caetano – Fonte Canal Tiago Medina
No Brasil de hoje, que aos poucos está se despertando de seu próprio pesadelo, também opressivo e cinzento, é difícil ver em perspectiva algo tão grande quanto a figura de Caetano. Mas eu – que embora me sinta em casa no Brasil, o enxergo de fora – posso me permitir ver o país como ele é: um gigante cultural que tem a canção popular como centro identitário.
Esse fenômeno incomum foi gerado por uma geração incomum de “cancionistas”.
Realmente incomum.
A concentração de talento na música brasileira do último meio século é algo insólito, talvez apenas comparável a fenômenos como o Século de Ouro espanhol ou o Tin Pan Alley de Nova York.
O Brasil protagonizou (e ainda protagoniza) uma espécie de Era de Ouro Tropical.
Talvez só ao longo de décadas vamos perceber o privilégio que foi termos sido contemporâneos de uma série de fenômenos da magnitude da Bossa Nova, do Tropicalismo e da MPB.
E Caetano Veloso é parte central da espinha dorsal desse milagre musical.
Encontro de dois gênios da música latina – Reprodução Google
A sua excelência insólita, como compositor e intérprete, o coloca como um dos seus dínamos essenciais. Caetano, que tem conseguido se manter sempre atento, sempre aberto a cada época e evitando o abraço pétreo da consagração, aquela cabeça de Medusa que transforma em estátua de si mesmo o artista que assume sua própria glória.
Só o fui conhecer pessoalmente em novembro de 1993, quando ele foi tocar pela primeira vez no Uruguai, com “Circuladô ao vivo” (talvez o melhor show que já vi na minha vida!). O impacto que me provocou foi tanto que sua presença cênica reverbera em mim ainda hoje, cada vez que piso em um palco.
Caetano é belíssimo, por dentro e por fora, com essa aura de semideus que vi naquela faixa no carnaval de 1985. Mais do que nunca, ele agora está aí: charmoso, inovador, inspirador e com aquela elegância natural realçada pelos seus tropicais 80 anos.
Quando eu for jovem quero ser que nem Caetano Veloso.
Quando um brasileiro brilha, o Brasil todo brilha. E nesta semana brilhamos muito: A cantora Anitta chegou ao Top 01 do Spotify – maior plataforma de reproduções de músicas do mundo, se tornado a primeira brasileira a alcançar a marca. Não é de hoje, que nossa musa demostra ter muita ambição e sonhar alto. Este último feito, coroa uma trajetória marcada por talento, inteligência, faro para os negócios, além de muito carisma. O que me deixou mais feliz ainda é saber que o hit “Envolver” é cantado todo em espanhol, o que sem dúvida, ajuda a popularizar o idioma no Brasil e no mundo inteiro. 😀
“Envolver’, que deve estar presente no novo disco da cantora, a ser lançado ainda este ano, também ganhou as redes sociais. No TikTok, um vídeo dela performando a canção em um show viralizou e se transformou em um “desafio” (algo comum na plataforma) reproduzido por milhares de pessoas e chegando até mesmo a celebridades internacionais, como o cantor Justin Bieber. A música está entre as 10 músicas mais escolhidas pelos usuários nos Estados Unidos no Tik Tok.
Neste vídeo do canal do publicitário Tiago Elvis, você vai conhecer as estratégias utilizadas por Anitta para chegar ao topo do mundo
O clipe da canção, dirigido pela própria Anitta e produzido por Harold Jimenez, já tinha mais de 73 milhões de visualizações no YouTube, até esse momento em que escrevo o post. Nas redes sociais, o clima era de Copa do Mundo e, com muitos memes, fãs da cantora fizeram campanha para que todos reproduzissem a música para que o hit alcançasse o primeiro lugar. Até mesmo marcas, como a Motorola, Samsung e Nubank, pegaram carona no assunto ao longo do dia.
Com certeza, Anitta vai continuar sendo assunto por muito tempo e levará o Brasil a voar cada vez mais alto. Vai malandra! 🚀
Fontes: Site Revista Exame e Canal Tiago Elvis – Youtube
Todo fim de ano é de praxe fazermos aquela já conhecida retrospectiva. O ano de 2021 foi marcado pela continuidade da pandemia e por muitas tragédias a níveis pessoais e sociais. Mas nem só de notícia ruim vive o mundo, especialmente o mundo das artes e cultura. Muitos artistas seguiram se renovando e lançando seus trabalhos para amenizar um pouco nosso sofrimento em meio a esse mundo tão caótico. O tão aguardado filme Marighella, do estreante diretor Wagner Moura, por exemplo, finalmente foi lançado no Brasil; E a querida colombiana Skakira inovou mais uma vez lançando um single com uma batida eletrônica: Depois de 30 anos de carreira, a cantora decidiu encarar esse estilo diferente com “Don’t Wait Up”.
“Eu queria, faz tempo, fazer uma canção assim, eletrônica, com um som diferente. Mas também com uma certa nostalgia dos 90. Eu me sinto muito inspirada, com muitas ideias e muitos desejos de fazer coisas novas, de experimentar um pouco”, conta ao programa Fantástico da TV Globo.
A música nova atingiu, desde seu lançamento, números impressionantes de download nas plataformas de áudio, sendo que a coreografia do videoclipe também é um sucesso, viralizando nas redes sociais. A pegada da música é realmente muito gostosa e nos faz querer dançar automaticamente. Através desse lançamento, Skakira demostrou que é sempre possível e inovar e fazer algo diferente, mesmo que você já esteja em alguma carreira há muito tempo. A cantora, aliás é uma fonte de inspiração: além de buscar sempre novidades na questão musical, ela é poliglota e busca se desafiar em áreas diferentes da vida, nos últimos tempos, por exemplo, aprendeu a andar de skate e está encantando os fãs com suas postagens praticando o esporte.
Confira no vídeo abaixo a entrevista que ela concedeu ao Fantástico comentando sobre como é se propor novos desafios após os 40 anos e se inspire com essa grande artista:
Ela que desde os 12 anos compunha canções que nos ensinavam a superar as perdas e seguir em frente, nos deixou, na última semana, sem saber como nos acostumar com sua ausência. O blog não poderia deixar de homenagear a rainha da sofrência, Marília Mendonça, que cruzou as fronteiras do Brasil levando seu carisma e talento por onde passou. No link abaixo, você poderá curtir um vídeo curto dela cantando em espanhol a música “Yo no sé mañana”, do nicaraguense Luis Henrique.
Se você usa as redes sociais, já percebeu que os vídeos curtos e as dancinhas são os que mais bombam no momento. Plataformas como o TikTok e o Reels do Instagram, fazem cada vez mais sucesso, especialmente entre os jovens.
O mercado da música está sendo diretamente impactado por este fenômeno: Atualmente, os grandes sucessos nas paradas e rankings do Spotify e YouTube tem ligação direta com o que está em alta no TikTok.
Antenada nas novas tendências, a dupla brasileira Simone e Simaria, fez um trabalho específico de divulgação nessas mídias ao lançar seu mais novo hit: “No llores más” em parceria com o colombiano Sebastián Yatra. As cantoras investiram pesado nas redes sociais e o projeto gerou resultados. São milhares de vídeos circulando na internet com fãs fazendo a coreografia da música que já tem mais de 57 milhões de visualizações do clipe.
No Instagram da dupla, elas sempre postam a coreografia curta da música, ao lado dos mais variados artistas e de quebra desafiam os fãs a bailar com a hashtag: #naochoremaischallenge
As coleguinhas estão muito satisfeitas com essa nova empreitada. Esse é primeiro passo delas rumo à carreira internacional. “É muita benção na nossa vida. Além de termos batido um recorde com mais de dez milhões de views em apenas cinco dias, estamos alcançando destaque em vários outros países como México, Argentina, Chile e Espanha. Em Portugal, inclusive, chegamos ao primeiro lugar no Youtube. Estamos em êxtase”, completa Simone.
E você já aprendeu a coreografia de “No llores más? É simples e divertida, ideal para bailar e postar.
*Com informações de: Correio Braziliense e Metrópoles.
Uma das notícias que mais bombaram na internet nas últimas semanas está relacionada com a musa brasileira Anitta. A girl from Rio é a mais nova celebridade a entrar no hall do famoso museu de cera Madame Tussauds de Nova York, nos Estados Unidos. A cantora compartilhou imagens da sessão de fotos para fazer o molde digital da estátua na sexta-feira dia 13 de Agosto. Cerca de 20 profissionais irão trabalhar na confecção da peça que deve ficar pronta em seis meses.
A estátua de cera será feita em Londres, e levada para Nova York para ser exposta. A artista não escondeu a sua empolgação. “Estou tão honrada! Mal posso esperar para ter minha estátua de cera no Madame Tussauds de Nova York”, escreveu Anitta.
Para a criação da peça, a cantora precisou ser fotografada em vários ângulos, tirar medidas do corpo e até usar uma máquina que fazia seu reconhecimento facial em 3D. O look escolhido para a representação foi: uma calça jeans rasgada, uma calcinha cheia de glitter à mostra e uma camiseta com a frase ‘Garota do Rio’, nome em português de seu novo disco.
Imagem: Reprodução
O Madame Tussauds é um museu com estátuas de cera de pessoas famosas, com sede em Londres e filiais em várias partes do mundo. Outros brasileiros possuem estátuas no museu, como Neymar, em Orlando e Alessandra Ambrósio, na filial de Nova York.
Estrela Internacional
O reconhecimento do museu Madame Tussauds é mais um capítulo da trajetória brilhante da artista brasileira em sua carreira internacional. Anitta começou a cruzar as fronteiras do Brasil cantando em espanhol, e hoje em dia se arrisca também no inglês, italiano e até em francês.
Com seu novo sucesso: Girl From Rio, Anitta entrou para o TOP 40 das rádios pop dos Estados Unidos, #27 posição. O remix da faixa, com o rapper DaBaby ocupou a #28 colocação na Rhythmic Songs, tabela publicada semanalmente pela Billboard. Já em Portugal, a brasileira ficou em #17, no Airplay Charts. A cantora de Honório Gurgel também soma 1 milhão de ouvintes mensais na Pandora, plataforma de streaming norte-americana.
Mon Soleil, a colaboração de Anitta com o francês Dadju, chegou à #21 posição no ranking do iTunes, em Belize. Na França, a faixa ficou em #23 na Apple Music, e #38 no Spotify. A música ainda estampou a colocação #44, no TOP 50 da Bélgica. O clipe do feat também soma mais de 10 milhões de visualizações no YouTube.
Un Altro Ballo, a segunda parceria de Anitta com o rapper italiano Fred de Palma, também colocou a brasileira entre os 50 artistas mais ouvidos nos streamings da Itália. A canção ficou em #7, na Apple Music, em #19, no iTunes, e #31 no Spotify. Lançada no último dia 30 de junho, o clipe do hit está próximo dos 5 milhões de views.
Lançada em maio, Todo o Nada, do cantor de reggaeton porto-riquenho Lunay com Anitta, figurou no TOP 50 do Spotify de cinco países: Chile (#32), Uruguai (#35), Paraguai (#37), Bolívia (#43) e Equador (#47). A canção ainda não tem clipe, mas o lyric vídeo divulgado por Lunay conta com mais de 8 milhões de acessos no Youtube.
Ao navegar, sem muitas pretensões pelo mar aleatório do Youtube vejo um dueto que me chama instantaneamente a atenção: a diva da MPB brasileira Gal Costa e o ganhador do Oscar, Jorge Drexler. Nesse clipe, os dois fazem uma nova versão de “Negro Amor”, cada um de sua casa, devido a esse momento ainda pandêmico.
♪ Em 1977, ao gravar o então inédito folk Negro amor, Gal Costa uniu os traços modernistas das obras de Caetano Veloso e Bob Dylan em registro agudo, pautado pela intensidade. Uma das melhores faixas de Caras & bocas, álbum de ambiência roqueira lançado pela cantora naquele ano de 1977, Negro amor é versão em português It’s all over now, baby blue, música da inicial fase folk do cancioneiro de Dylan.
Gravada em janeiro de 1965 e lançada em março daquele ano no quinto álbum de estúdio do cantor e compositor norte-americano, Bring it all back home, It’s all over now, baby blue flagra o bardo contestador ainda em ambiência acústica, mas já à beira da transição da obra para o universo eletrificado do rock.
Na versão brasileira intitulada Negro amor, escrita por Caetano Veloso com Péricles Cavalcanti em português que mantém a alta carga poética da letra original de Dylan, a música incorpora referências brasileiras, aludindo à química da música de Jorge Ben Jor ao anunciar que “os alquimistas estão no corredor”.
Decorridos 43 anos do emblemático registro original de Negro amor, Gal (ar)risca “outra vida, outra luz, outra cor” para a versão brasileira do folk de Dylan em gravação feita com a voz e o violão de Jorge Drexler, cantor, compositor e músico uruguaio residente em Madrid, na Espanha.
A gravação faz parte do álbum “Nenhuma Dor” em que, sob a direção artística de Marcus Preto, Gal comemora seus 75 anos de vida revisitando músicas do próprio repertório ao lado de elenco masculino que, além de Drexler e Rubel, inclui António Zambujo, Criolo, Rodrigo Amarante (em Avarandado), Seu Jorge (em Juventude transviada), Silva, Tim Bernardes, Zé Ibarra (em Meu bem, meu mal) e Zeca Veloso (em Nenhuma dor).
Em tese, qualquer nova abordagem de Negro amor por Gal é arriscada pela improbabilidade da cantora reeditar o tom visceral da gravação original de 1977. Surpreendendo, a artista dribla bem o risco. A voz de Gal soa com viço– e se harmoniza com o fluente canto em português de Drexler.
A disposição dos violinos, violas e violoncelos – produzem uma espécie de fricção que potencializa o significado dos versos cantados de forma alternada por Gal e Drexler em gravação que culmina com o verso em espanhol “Y no queda más nada, negro amor”.
Existem músicas que parecem ser feitas para serem eternas. “La Bamba“ seguramente é uma delas. A melodia do folclore mexicano conquistou o mundo através da performance de vários artistas.
Sem uma gravação específica, a canção já era extremamente popular em seu país natal, mais especificamente no estado de Veracruz. As versões originais combinavam elementos da música espanhola, indígena e africana e sequer tinham uma letra definida.
Com o passar do tempo, a divertida faixa passou a ser gravada por diversos artistas que ajudaram a impulsionar seu reconhecimento. As diferentes versões incluem os toques pessoais de nomes como Trini Lopez, Harry Belafonte, Los Lobos, entre outros…
A versão que vou destacar neste post é a de um jovem roqueiro californiano, de ascendência latina. O ano é 1958 e o rock, com grande base em elementos do blues, ganhava popularidade enquanto um gênero de música juvenil. Um dos pioneiros neste movimento foi o cantor norte-americano Ritchie Valens.
Valens, orgulhoso de suas raízes mexicanas, adaptou “La Bamba” para a estética dançante do rock n’ roll. Esta foi a primeira versão a sair do folclore mexicano para conquistar o mundo comercialmente. Não à toa, a canção permanece viva no imaginário musical não apenas do México, mas como de todo o mundo.
Se você tem acesso à Netflix, ou ao Youtube, pode conferir a cinebiografia desse grande astro da música. O emocionante e trágico enredo do filme “La Bamba” (1987) narra a história de vida do garoto Ritchie, que embora muito jovem, chamou atenção pelo enorme talento musical e pela voz marcante.
Com somente 16 anos, ele começou sua primeira banda, a The Silhouettes. O grupo fazia pequenas apresentações locais em algumas cidades próximas na Califórnia. Uma delas chamou a atenção do produtor Bob Keane, que presidia uma gravadora na época. Com sua ajuda, Ritchie acabou se tornando um sucesso com suas composições que misturavam rock e música latina. Em 1958, seu primeiro single “Come On, Let’s Go” se tornou um pequeno sucesso. Entretanto, foram as músicas seguintes que renderam grande fama ao cantor: a dançante “La Bamba” e a belíssima “Donna”, uma homenagem a sua namorada do colégio, Donna Ludwig.
O cantor morreu com apenas 17 anos, cerca de 8 meses após ter alcançado a fama, em um acidente de avião que também vitimou os músicos Buddy Holly e J.P. Richardson. Posteriormente, a tragédia ficou conhecida como “o dia em que a música morreu” na canção “American Pie”, do cantor Don McLean.
Richard Steven Valenzuela nasceu em maio de 1941 em Pacoima, uma pequena cidade da Califórnia, próxima a Los Angeles. Filho de operários mexicanos, ele desenvolveu o gosto pela música desde pequeno, aprendendo a tocar uma série de instrumentos.
Após a fatalidade que tirou a vida jovem astro, a música “La Bamba” continuou sua trajetória e até hoje se mantém como essencial para a cultura da América Latina. “La Bamba” é descrita, por representantes da Biblioteca do Congresso dos E.U.A., como “culturalmente, historicamente e esteticamente relevante”.
Em 2004, a revista Rolling Stone lançou uma edição especial em que elenca as 500 Melhores Músicas de Todos os Tempos. A lista conta com a versão de “La Bamba” de Ritchie Valens, que, por sinal, é a única música cantada em um idioma sem ser o inglês. A canção ocupa a 354ª colocação na lista, à frente de sucessos de artistas como Elton John, 2Pac e de nomes da época como Elvis Presley e Muddy Waters.
Ritchie Valens teve uma carreira meteórica que deixa marcas até hoje. Se você é fã de música boa, não deixe de conferir essa comovente e incrível trajetória 🎼
* Com informações dos sites: “Tenho mais discos que amigos” e “Globo.com”
Aconteceu num dos momentos culminantes da sua carreira, depois de concluir a etapa do Mano Negra e logo antes de publicar seu primeiro disco solo, Clandestino. Era julho de 1998 e Manu Chao havia embarcado num projeto chamado La Feria de las Mentiras, um festival que reunia malabaristas, DJs, shows, teatro… Um projeto ambicioso que precisou de meses de preparação e uma zelosa tarefa de contabilidade para que não fosse deficitário. Optou-se por desenvolvê-lo em Santiago de Compostela no Mercado de Gado de Salgueiriños. Milhares de pessoas tinham comprado o ingresso por 5.000 pesetas (30 euros, 172 reais pelo câmbio atual). O recinto estava cercado, e uma empresa de segurança foi contratada para controlar os acessos. Mas alguns encontraram um lugar pouco vigiado. Alguns minutos depois do começo do show, Manu Chao estava lá, ajudando um grupo de penetras. O chefe boicotando a si mesmo. Empurrava uma das cercas e estimulava fãs a entrarem mesmo sem terem passado pela bilheteria. “Venham, venham, rápido, passem.” Os espectadores furtivos nem reconheceram o cantor, com a cabeça encapuzada. Passaram-se mais de duas décadas daquilo, e desde então Manu Chao só acentuou este espírito indômito, temerário e contraditório.
Nos últimos tempos, fez algo que andava evitando neste século: equiparar-se a astros como Alejandro Sanz ou Bon Jovi. Como: publicando um vídeo com canções para aliviar o confinamento das pessoas. Com esta ação generosa, o cantor recordou ao público maciço que continua aí, que não está desaparecido. Embora, na verdade, sempre tenha estado ativo, mas esquivando o sistema.
Manu Chao não tem gravadora; não faz turnês como as dos artistas de sua categoria; tem ofertas para tocar nos melhores festivais do mundo, mas não quer; não se interessa por entrevistas; não lança discos; não aparece para receber prêmios; não usa celular.
Tudo isso não o impede de estar fazendo coisas o tempo todo. Você pode encontrá-lo atuando num bar de bairro, sem avisar, ou camuflado com outro nome. Ou escutar suas novas canções em seu site. O artista foi apanhado pela mano negra do coronavírus enquanto fazia uma turnê pela Índia, Bangladesh, Sri Lanka, Filipinas… Salas pequenas e em formato acústico de trio. Quando a coisa ficou feia, conseguiu chegar ao seu apartamento de Barcelona, de onde está gravando canções que publica em suas redes sociais com o nome de Coronarictus Smily Killer Sessions. Algumas são versões de canções dele (Otro Mundo), de outros, como Kiko Veneno (Echo de Menos), ou temas que aparentemente são novos (Mi Libertad).
Certamente não existe um músico nos últimos anos como ele, capaz de dar as costas ao sistema quando poderia tirar tantas coisas dele. Chao foi um campeão de vendas em nível mundial no final dos anos noventa, com discos como Clandestino (1998) e Próxima Estación, Esperanza (2001), que juntos despacharam quatro milhões de cópias. Chao lapidou aquela música bastarda de seu ex-grupo Mano Negra, acelerada e desordeira, e propôs algo mais pausado, melancólico. Reggae, rumba, ritmos latinos… para um disco, Clandestino, canônico no que se chamou de mestiçagem. Crucial a parte da mensagem, resumida em duas ideias que repetiu naqueles anos: “Tudo é mentira” e “Vivemos a ditadura da economia”.
“São canções simples, mas há muita verdade e sinceridade. Manu utiliza as palavras adequadas. Tudo parece fácil, mas tem uma grande complexidade”, observa a cantora Amparo Sánchez, cujo projeto musical mais conhecido é o Amparanoia. Sánchez colabora com Chao há mais de 25 anos. “É um artista crucial para entender o devir do rock na América Latina durante os anos oitenta e noventa. Também é um entroncamento entre a música europeia e africana. Sua marca é crucial e indiscutível”, afirma o jornalista Bruno Galindo, que compartilhou com Chao uma longa viagem pelo Brasil.
Mas Manu Chao viu as longas garras da fama chegarem perto demais e fugiu. As encontrou, olhou-as de frente e lhes disse: “Não me quero sentir como um boneco numa tempestade”. A troco de quê? “Em um sentido mais amplo, a troco de liberdade”, afirma Kike Babas, autor, com Kike Turrón, do recente Manu Chao. Ilegal. Perseguiendo el Clandestino (Bao Bilbao Ediciones). “A missão de Manu é viver a vida, viajar, não cair na rotina. Um de seus exemplos é Bob Marley. Acredito que Mano vive e sente a vida como Marley”, afirma Turrón.
Amparo Sánchez recorda como começou sua relação com Chao. “Era 1995 e eu acabava de chegar a Madri. Tinha 25 anos. Costumava ir pela rua Madera [no centro] para ensaiar carregando meu violão e o tripé do microfone. E sempre cruzava com um sujeito pequeno que me cumprimentava. Eu era fã do Mano Negra, mas não reconhecia Manu quando me dizia ‘olá’. Um dia decidimos tomar uma cerveja em um bar da praça Dos de Mayo. Falamos por três horas. Contou-me suas viagens pela América Latina, as causas sociais que lhe pareciam interessantes… Mas eu continuava sem localizá-lo e ele não disse nada. Ao ir embora me comentou que tinha um grupo e que ensaiavam num porão próximo, que passasse por lá um dia. E passei. Abriu ele mesmo a porta e percebi que era o Mano Negra.”
Nascido em Paris de pai galego (Ramón) e mãe basca (Felisa), Manu Chao não se interessava muito pelos livros que enchiam a sala da sua casa de classe média. Preferia a rua. Ramón Chao (Lugo, 1935 – Barcelona, 2018), seu pai, era um jornalista e escritor que trabalhava para veículos como o Le Monde e recebia prêmios literários. Os dois filhos do casal, Antonie (nascido em 1964) e José Manuel, o Manu (em 1961), começam de adolescentes a tocar rock. Manu forma bandas como Hot Pants e Los Carayos… e o Mano Negra, junto com seu irmão, que começou em 1987 com sua mistura de punk, ska e ritmos latinos e se manteve num caminho ascendente em popularidade até sua dissolução em 1997.
A ruptura do Mano Negra, que acabou em julgamento, destroçou Chao. “Foi uma etapa de grande desânimo. Inclusive ele cogita deixar a música. O final do grupo lhe causou muito desgaste e a isto se uniu uma separação sentimental. Deprime-se. Pensa em virar trabalhador social na África ou em seguir os passos do seu pai e virar jornalista”, afirma o escritor Kike Babas.
Chao opta por uma viagem terapêutica pela América Latina que lhe salvaria tanto emocional como criativamente. Conhece sua namorada no Brasil e se nutre dos ritmos latinos. Toda esta melancolia latina será o arcabouço de Clandestino, que grava ao regressar à Espanha. “O sucesso de Clandestino nos pegou de surpresa. Não o esperávamos na gravadora, e acho que Manu tampouco. Ele sempre foi muito honesto, um músico que se nutre do bairro, que prefere tocar com músicos desconhecidos que conhece num bar a tocar com grandes nomes”, conta Javier Liñán, a pessoa de confiança do franco-espanhol em sua etapa na multinacional Virgin. O disco vendeu milhões de cópias. Música em espanhol acotovelando-se com os que triunfavam naquela época: Britney Spears, NSYNC, Eminem, Limp Bizkit…
Sagrario Luna conhece Manu Chao desde que formou o Hot Pants, no final dos anos oitenta. “Lembro que naquela época só falava de Chuck Berry e Camarón e usava um pequeno topete”, comenta. Depois trabalhou com ele em turnês e na Virgin. “Era trabalhar com um colega”, observa. “Durante muito tempo, ser Manu Chao pesou muito para Manu Chao. Depois do sucesso de Clandestino, todo mundo lhe pedia opinião sobre tudo, e acho que isso lhe gerou muita frustração”, diz Luna. E acrescenta: “Sempre me pareceu um sujeito de verdade. Tem nuances, como todos, mas nunca foi falso. Por outro lado, o achava bastante solitário, com poucos amigos, dos quais, isso sim, cuidava muito”. O discurso de Chao naquela época tem tintas de visionário. Alerta sobre o populismo xenófobo, o integralismo religioso, a morte do formato físico na música. E cria um movimento ao redor dele. Assim o definiu Fermín Muguruza, músico que também colaborou com o artista: “Formou-se uma rede internacional do rock em que estavam todos remando para conseguir um mundo melhor”.
Apesar de ter conquistado fama mundial, Mano é avesso aos holofotes
Para entender a posição fora de foco atual do músico, é preciso revisar dois episódios de sua vida, decepções que tiraram a pouca fé que ele tinha no establishment. Uma delas é com Iggy Pop, um músico a quem Chao admirava… até que o Mano Negra abriu um show do líder dos Stooges. Assim contou ele certa vez à revista Tentaciones, do EL PAÍS: “Com Iggy Pop aprendemos a dura lei de show-business. Boicotaram o nosso som, proibiram o pessoal do catering de nos dar de comer, às vezes até nos proibiram de tocar. E, no final, o numerozinho. Quando alguém da segurança – às vezes o próprio filho do Iggy, que trabalhava na turnê – empurrava alguém que tentava subir ao palco, Iggy dizia: Ei, você, seu filho de puta, não toque no meu público!’. E toda a plateia pensando: Que cara mais maneiro é o Iggy”.
E o segundo episódio tem a ver com seu compromisso social. Em julho de 2001 o cantor vai a Gênova (Itália) para protestar, com muitos milhares mais, durante a reunião dos países mais poderosos, o G-8. O anfitrião é Silvio Berlusconi, à época primeiro-ministro italiano. Chao atua e no dia seguinte participa, esmurrando um tambor, de uma grande manifestação contra a política do G-8. E vai embora para a França. No dia seguinte, o caos. Um grupo de manifestantes violentos entra em ação, e a polícia italiana revida com força. As imagens corem o mundo, com manifestantes pacifistas envoltos num furacão de violência. Chao vê tudo pela televisão da sua casa, em Paris, e fica horrorizado.
Muitos o reclamam como o líder antiglobalização que as ruas necessitam. Ele primeiro fala. “Esse movimento não necessita de líderes, se houver líderes é nefasto para o movimento. Essa etiqueta do líder do movimento eu rejeito”, afirma numa entrevista coletiva em Valência, antes de um show, em setembro de 2001. E, nos anos seguintes, reluta a todo custo em aparecer no noticiário. Procura batalhas antimidiáticas, lutas de pequenas comunidades. Como as reivindicações salariais das trabalhadoras do Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD) de Barcelona; em Mendoza (Argentina), para apoiar que não se permita o fracking e a mineração em grande escala; incentivando as chamadas kellys (camareiras de hotéis); em defesa do povo mapuche; ao lado dos migrantes; contra a multinacional Monsanto… Aparece sempre com seu violãozinho, vestido com suas eternas calças corsário e com seu perene sorriso desenhado no rosto. Chao escuta, canta e apoia economicamente. Não sai na imprensa, poucos ficam sabendo.
“Manu se dói pelo mundo. E se acalma indo aos lugares e apoiando causas pequenas que considere justas. Em seus shows grandes, sempre deixa um lugar para que estes coletivos se expressem. Em um momento dado do show, para e sobem ao palco para se expressarem, como ocorreu em 2016 na Plaza Mayor de Madri”, diz Kike Babas, que foi o contato entre o artista e a equipe de Manuela Carmena, então prefeita da capital, para celebrar o recital. “Quis estar em Madri porque depois de muitos anos na capital se respiravam outros ares. Mas deixou muito claro que não queria que o vinculassem nem com algum partido político nem com o [movimento de indignação popular] do 15-M”, diz Babas.
Quem compartilha vivências com ele salienta seu caráter austero: “Quando você se senta para comer com ele, não há dois pratos e sobremesa. Você só belisca”; “o lugar mais incômodo onde já dormi na minha vida foi com o Manu: em um povoado do Brasil, numa espécie de armário; “compra roupas em lojas de segunda mão”… Amparo Sánchez conta uma história curiosa a respeito: “Manu já era uma estrela, mas recordo que quando marcávamos de nos encontrar ficávamos sentados na porta de um prédio, com cigarros e uma cerveja, e ali passávamos as horas falando”. O artista pode se permitir esta vida errante e livre de grilhões (familiares, profissionais…) porque sua conta corrente é generosa. “As vendas de seus dois primeiros discos solo e os direitos autorais são suficientes para que ele e sua descendência vivam de forma bastante folgada”, diz uma fonte. A julgar pelas canções que publica em seu site, não se vislumbra uma evolução musical. “Não acredito que precise nem que a busque. Interessa-se pela cultura popular, pelo bairro, pelo músico que trabalha na rua”, aponta Liñán.
Sua casa em Barcelona tem 80 metros quadrados e é uma espécie de oficina de trabalho, com um computador, lembranças dos lugares por onde viaja e, num canto, um catre “que não parece muito cômodo”. Passa ao menos uma vez ao ano pelo Brasil, onde vive, no Ceará, seu único filho, Kira, que já tem mais de 20 anos.
Neste ano, Manu Chao completa 60 anos. Manteve-se sempre afastado das drogas duras: preferiu fumar maconha e beber licores depois da refeição, mas de forma comedida. Conserva-se juvenil. É pequeno, magro e fibroso. Corre, joga futebol e se mexe, sempre se mexe. Sua última canção confinada se chama Mi Libertad. Diz assim: “Minha liberdade, minha companheira, minha liberdade, minha solidão”.