Febre, muito antes do sertanejo universitário

No último post, vimos sobre como a Bachata, tomou conta das paradas brasileiras, nos últimos anos, através do boom do sertanejo universitário. Mas o ritmo latino já fazia sucesso no Brasil há bastante tempo atrás. Quem nunca cantarolou “Borbulhas de amor” de Raimundo Fagner”? A canção, extremamente popular nos anos 90, é uma versão de “Burbujas de amor” de um dos principais nomes da Bachata no mundo, o dominicano Juan Luis Guerra.

E você sabia que a letra original dessa música era em espanhol? 😱 Yo tampoco… Rs

Você sabe de onde veio a bachata, ritmo que conquistou o Brasil?

Você que é fã de Gusttavo Lima, Marília Mendonça, Zé Neto e Cristiano, entre outros artistas da nova geração do sertanejo, já deve ter reparado que esses cantores tem um grande número de visualizações e centenas de comentários em seus vídeos. O que você talvez ainda não tenha percebido, é que entre esses inúmeros comentários, existe uma grande quantidade escrita em espanhol. Na maioria dessas postagens, os fãs latinos elogiam a forma como esses artistas brasileiros utilizam a bachata em suas canções. Mas, afinal de contas, o que é essa tal de bachata?

Bachata é um gênero de música popular que nasceu na República Dominicana e depois se expandiu para muitos países. Combina merengue, bolero e outros estilos. Graças ao seu ritmo, considera-se que bachata é um gênero dançante.

A origem etimológica da palavra bachata é encontrada na África. No início do século XX, a expressão foi usada em alguns países da América Central e do Caribe para nomear uma festa  ou uma farra. Ao longo dos anos, na República Dominicana começaram a usar o termo para nomear um gênero musical que surgiu em áreas pobres urbanas a partir da combinação de estilos diferentes.

Por suas gravações de 1962, José Manuel Calderón é considerado o primeiro músico a gravar músicas de bachata em um disco. Outros pioneiros do gênero foram Tommy Figueroa e Rafael Encarnación. Entre os intérpretes de bachata, mais populares dos últimos anos, podem ser mencionados Juan Luis Guerra, Romeo Santos e Prince Royce, que venderam milhares de álbuns e fizeram turnês internacionais de muito sucesso. A dança bachata consiste em passos simples que levam a dançarina de um lado para o outro ou da frente para trás. Quanto às letras da bachata, elas se destacam pela nostalgia e melancolia.

“Milu”, de Gusttavo Lima, uma das músicas mais tocadas no Brasil, em 2020, tem a batida da bachata.

Para reconhecer a batida da bachata, é preciso prestar atenção na percussão marcada. Ela vem do bongô, instrumento com dois pequenos tambores unidos, e da güira, cilindro de metal que produz um som mais sutil.

Bongô e guira, instrumentos tradicionais do ritmo latino.

“A bachata é um ritmo dançante, mas não é rápido. Ela passa certa sensualidade, uma malícia. O sertanejo também tem isso, por isso encaixa tão bem. Com a combinação certa, fica perfeita para dançar. E também pode ser triste, a depender da letra.”

A explicação acima é de Eduardo Pepato, produtor que trabalha com Marília Mendonça. “Todo o projeto dela é em cima dessa percussão”, diz. É possível identificar influência clara de bachata em músicas como “Infiel”, “Amante não tem lar”, “Eu sei de cor” e “Ciumeira”.

O estilo surgiu na década de 1950, marginalizado em cabarés da República Dominicana. No Brasil, seus primeiros registros no sertanejo são de meados de 2010, ano em que Zezé di Camargo e Luciano lançaram “Eres todos los extremos”, cantada em espanhol. A faixa foi produzida pelo uruguaio Augusto Cabrera, um dos mais procurados por artistas brasileiros interessados em referências latinas.

“Naquela época, pouca gente aceitava [esse tipo de referência] porque era muito diferente do que se fazia no Brasil. Os artistas curtiam muito, mas as rádios e gravadoras não estavam na vibe”, lembra.

O produtor, que também trabalhou o gênero com Eduardo Costa, Zé Felipe e Gusttavo Lima, explica que o movimento é anterior ao da música urbana latina – gênero que inclui o reggaeton. A partir dos anos 80, porém, a bachata acabou “engolida” por esses ritmos derivados do Panamá, Porto Rico e Caribe. 

Mesmo assim, ela tem mais chances de durar, ao menos no Brasil, na opinião de Pepato. A influência de bachata é mais perene que é a do regaetton, ela ainda deve continuar na música por muito tempo”, avalia.

Um dos pontos que contam a favor é o bom relacionamento entre o gênero dominicano e sons que correm no “sangue do povo” brasileiro, aponta Cabrera. “A essência é muito parecida com a do sertanejo sofrência”, diz. E continua:

“Ela fala muito sobre sofrimento, sobre beber para esquecer. E o jeito de cantar é bem ligado ao povo, não é chique. Para vários países, a bachata é como se fosse o ritmo da sofrência.”

“Me pedem bastante músicas com um pouquinho de bachata e um pouquinho de arrocha”, acrescenta o produtor. Ele lembra que, no Brasil, misturado a outros estilos, o gênero chega bem diluído. “O que fazem aqui é colocar uns 5% das coisas de lá [da República Dominicana].”

Ao que tudo indica, a Bachata regressou ao Brasil pra ficar… 🎼

Confira o dueto de Juan Luis Guerra e Romeo Santos e Romeo dois grandes representantes da bachata pelo mundo.

Fonte: Portal G1 e Site Conceito.De

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