O Brasil é o país com o menor percentual de população que declara não querer tomar a vacina contra covid-19 na América Latina. É o que concluiu uma pesquisa feita em parceria pelo Banco Mundial e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a partir de ligações telefônicas periódicas a domicílios de 24 países da América Latina. Os dados da segunda fase do levantamento foram apresentados na segunda-feira (29/11) em Washington.
Segundo o estudo, enquanto a taxa média de hesitação vacinal na América Latina está em torno de 8%, no Brasil, ela é menos do que a metade, cerca de 3%. De outro lado, enquanto na média, 51% dos latino-americanos já estão imunizados contra a covid-19, no Brasil, o percentual ultrapassa os 80%.
Os dados indicam que as repetidas declarações do presidente Jair Bolsonaro que lançam dúvidas sobre a segurança e a eficácia da imunização não encontraram aderência na população brasileira, mesmo entre seus apoiadores.
Bolsonaro é o único líder do G-20 a afirmar não ter se vacinado. O presidente já afirmou, sem qualquer evidência científica, que quem tomasse vacina contra a Covid poderia “virar jacaré”, associou os imunizantes a desenvolvimento da AIDS e sugeriu que a Coronavac, produzida pelo Butantan em parceria com a China, causava “morte, invalidez, anomalia”.
Há um ano, ele postou em seu Twitter uma foto em que abraçava um cachorro, com a seguinte legenda: “vacina obrigatória só aqui no Faísca”.
O relatório final da CPI da Covid atribui ao governo federal atraso no início do programa vacinal brasileiro, que só começou meses depois de EUA e Europa. O presidente sempre negou ter sido responsável por qualquer atraso na vacinação.
Apesar disso, atualmente o Brasil já supera os americanos e alguns países europeus em cobertura vacinal, graças a forte adesão da população.
Especialistas em saúde pública atribuem o fenômeno à cultura de imunização alimentada por anos em campanhas massivas de vacinação promovidas pelo Sistema Único de Saúde – e em que a figura central era o Zé Gotinha.
Além disso, o fato de o programa de transferência de renda Bolsa Família e as escolas e creches públicas requererem a vacinação para garantir o benefício e as vagas também geram engajamento da população.
Para os estudiosos, no entanto, é preciso estar atento aos possíveis efeitos de longo-prazo de declarações de autoridades contra vacinas. A cobertura vacinal no Brasil vem registrando queda desde 2011 e uma das causas pode ser justamente a hesitação vacinal.
De acordo com o estudo do Banco Mundial, áreas rurais e pobres são hoje as mais afetadas por sentimentos antivacina na América Latina. “Entre os não vacinados, mais da metade afirma que sua indisposição deriva da falta de confiança e uma preocupação com a eficácia da vacina. A hesitação vacinal é particularmente alta entre as famílias rurais e indivíduos com níveis de escolaridade mais baixos. A população do Caribe apresenta os níveis mais altos de hesitação vacinal”, afirmam os pesquisadores no relatório.
O Haiti é o país com a menor taxa de vacinação contra o novo coronavírus (menos de 1%) e com a maior proporção de pessoas que dizem se recusar a tomar o imunizante (quase 60%). O Haiti também foi a última nação das Américas a receber doses para iniciar a campanha de imunização, que segue a passos lentos. Atrás dos haitianos, habitantes de Jamaica e Santa Lúcia são os que mais recusam vacina, com 50% e 43%, respectivamente.
Saúde melhorou, educação nem tanto
O relatório aponta ainda que o acesso à saúde no continente melhorou e já retornou a níveis pré-pandêmicos. Enquanto 48% da população latina, em média, buscou atendimento médico emergencial há pouco tempo, percentual semelhante (47%) afirmou ter ido ao médico recentemente por razões preventivas, o que, segundo os autores do estudo, revela que os serviços públicos e privados de saúde já não estão mais sobrecarregados pela pandemia como aconteceu no pico da contaminação na região.
O mesmo, no entanto, não aconteceu em relação ao acesso à educação. Mais de um ano após o início da pandemia, apenas 23% das crianças em idade escolar na região frequentavam aulas presenciais. No Brasil, o percentual ficou em torno de 40%. A qualidade da educação oferecida à distância e a falta de conexão à internet segura e de qualidade de parte da população geram preocupação sobre o futuro de crianças e adolescentes.
“Menor envolvimento em atividades de aprendizagem e baixo comparecimento face a face representam riscos significativos para os resultados de aprendizagem das crianças e para a acumulação de capital humano. Estimativas recentes revelam que os alunos na região perderam entre 12 e 18 meses de escolaridade. Aqueles de baixo nível socioeconômico foram particularmente afetados, o que sugere efeitos negativos duradouros sobre a mobilidade social e a desigualdade”, diz o relatório da pesquisa.
Brasil e Colômbia são vizinhos que tem muita coisa em comum. Ambos são conhecidos pela alegria e hospitalidade de sua gente e também pelas suas praias paradisíacas. Mas nem só de semelhanças vivem esses dois países. No vídeo abaixo, você poderá assistir uma entrevista com um colombiano que esteve no Brasil entre 2015/2016, como intercambista na Universidade Federal de Viçosa em Minas Gerais e em 2018/2019, como estudante de mestrado na Universidade Federal de Santa Maria no Rio Grande do Sul.
Na entrevista Jhonier Granada, que atualmente é professor de Espanhol, Inglês e Português, nos conta foi sua experiência em terras brasileiras. Ele relata quais foram os pontos em comum e também quais foram as diferenças que notou entre os dois países. Ele revela que inclusive, quando retornou à Colômbia, mudou um hábito antigo da rotina pessoal, por achar que o costume brasileiro é mais adequado.
Ficou curioso pra saber qual hábito é esse? Então não deixe de assistir a entrevista. 😉
Um grande feito da mãe natureza aconteceu na Amazônia: O nascimento de araras azuis na área castigada pelas queimadas. A lente da câmera fotográfica captou o aparecimento dos ovos da espécie e nascimento de quatro ararinhas. A espécie vive apenas na Bolívia, Brasil e Paraguai.
As imagens são parte de um estudo feito ente os dias 4 e 15 de setembro na Área Natural de Manejo Integrado, ANMI, em San Matias, Bolívia. Esse feito foi realizado por conta da parceria entre a Fundação para a Conservação do Papagaio da Bolívia e a ANMI San Matias, que há três anos promove a conservação da arara azul.
A ação conjunta da ANMI, San Matias e da Conservação da ParrotFoundation Bolívia foram responsáveis por inspecionar 807 quilômetros de reserva natural, bem próximas de propriedades pecuárias e diversas comunidades.
“Já localizamos as árvores onde as araras azuis haviam se reproduzido”- conta Jhonny Salguero, encarregado pelo ação de conservação do pássaro. O plano de conservação da espécie, foi iniciado em 2014.
Em setembro, realizaram o primeiro monitoramento, que alcançou 807 quilômetros, onde se localizavam cerca de 18 propriedades pecuárias. A revisão da área, encontrou em árvores 34 cavidades e 10 ninhos com ovos.
É praticamente um milagre ver a vida ressurgir assim em um local tão danificado pelas queimadas, contudo, a natureza tem a sua resiliência, age de maneira silenciosa. Segundo os pesquisadores, o acompanhamento continuará até o final de 2020.
O novo coronavírus nomeado de covid-19 passou em poucas semanas de uma emergência local na China para uma epidemia que ameaça o planeta.
Em sua rápida propagação pelo mundo, o vírus que se originou na cidade chinesa de Wuhan – agora em quarentena – já havia atingido 24 países até a última sexta-feira (14 de fevereiro), segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
E desde que os primeiros casos surgiram em dezembro de 2019, 1,368 pessoas morreram e mais de 60 mil foram infectadas.
No entanto, nos países que compõem a região da América Latina, nenhum caso positivo de coronavírus foi confirmado até o momento (embora haja casos sob investigação).
No México, 11 infecções potenciais foram avaliadas e descartadas; na Colômbia, houve um caso em análise e o Brasil colocou sob investigação 47 casos ─ dos quais já descartou 43. Só um cidadão argentino testou positivo para o coronavírus, mas ele estava fora do país e recebeu tratamento no Japão.
Mas por que nenhum caso foi detectado na América Latina até agora?
“No caso da América Latina e do Caribe, uma das principais razões é que há menos viajantes e voos diretos da China em comparação com outros países da Ásia, Europa e América do Norte”, diz Sylvain Aldighieri, coordenadora de casos de coronavírus da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), à BBC News Mundo, o serviço de notícias em espanhol da BBC.
De fato, apenas em fevereiro de 2018 foi anunciado o primeiro voo direto entre a China e a América Latina. Operado pela companhia aérea Hainan Airlines, o voo liga a capital chinesa à Cidade do México. No entanto, essa não é a única razão pela qual nenhum caso de coronavírus não foi confirmado na região.
“Os países da região também implementaram medidas precoces de detecção e isolamento, além de fortalecer a vigilância”, relembra Aldighieri. Isso é evidente em certos pontos do continente.
Vários países latinos adotaram medidas de segurança nos aeroportos pra controlar a propagação do vírus.
Por exemplo, segundo o Ministério da Saúde do México, o país foi o primeiro que, devido à sua conexão aérea direta com a China, estabeleceu um protocolo de diagnóstico para confirmar a presença do vírus nos 32 centros que compõem a rede pública de laboratórios nacionais.
Outro país que assumiu a liderança foi o Chile. Segundo anunciou o ministro da Saúde do país, Jaime Mañalich, em janeiro, o governo decidiu fortalecer a Rede de Vigilância Epidemiológica, com objetivo de detectar com urgência qualquer condição ou doença respiratória nos hospitais.
Em 4 de fevereiro, a Colômbia se tornou o primeiro país da região a implementar um teste para diagnosticar o coronavírus em quem desembarca no país.
Outras nações também alocaram, de acordo com a OPAS, recursos extraordinários para impedir que a doença chegasse ao seu território.
No Brasil, o governo federal assinou medida provisória (MP) que destina crédito extraordinário de mais de R$ 11 milhões ao Ministério da Defesa para custear ações de enfrentamento de “emergência de saúde pública de importância internacional” provocada pelo coronavírus.
Dias antes, o presidente havia sancionado uma lei que trata das medidas de enfrentamento emergencial, no âmbito da saúde pública, da doença.
Vírus se originou na cidade chinesa de Wuham – Foto Getty Images
É possível que existam casos positivos que ainda não foram detectados na América Latina?
Na América Latina, essa possibilidade não pode ser descartada. Como na África, outra região que ainda não tem casos confirmados de coronavírus, é possível que haja pacientes infectados que não tenham sido detectados pelas autoridades, segundo a OMS.
“Como o covid-19 ainda não foi caracterizado, não há 100% de certeza de que ele não esteja mais circulando na América Latina”, diz a especialista. Aldighieri, no entanto, destacou o trabalho que está sendo realizado em nível regional, não apenas na detecção do vírus nos portos de entrada dos países, mas também nas fronteiras interiores.
“Desde a semana passada, especialistas em virologia da OPAS foram treinar e equipar laboratórios para responder a eventuais casos importados. Através desta iniciativa, antes do dia 21 de fevereiro, 29 laboratórios na América Latina estarão prontos para detectar o covid -19“, explica.
A Organização Pan-Americana da Saúde destacou o trabalho dos países da região para impedir a chegada do coronavírus à América Latina. Além disso, graças a outras pandemias que afetaram o continente no passado, a região conta hoje com uma estrutura capaz de combater o vírus.
“Todos os países do mundo correm o risco de importar a covid-19, incluindo a possibilidade de que a propagação dentro do país ocorra após a importação”, diz a porta-voz da OPAS.
Ela acrescenta: “No entanto, na América Latina, a estrutura para impedir a propagação de um vírus foi fortalecida após a pandemia do H1N1 (mais conhecido como gripe suína) que ocorreu em 2009 “.
Isso demostra que a região aprendeu com os erros do passado e está mais preparada para enfrentar novas ameaças globais…
Nessa sexta dia 19 finalmente chega ao fim nossa espera pela tão aguardada estreia da terceira parte de “La Casa de Papel”. A série, que é o maior sucesso em língua não inglesa, veiculado pela Netflix, teve um êxito estrondoso também em nosso país.
Prova disso é o engajamento nas redes sociais: A publicação de marca mais comentada do Facebook em 2018 veio do Brasil envolvendo “La Casa de Papel”. Segundo números da empresa de análise de mídias sociais Socialbakers, a publicação foi feita na página brasileira da Netflix e teve mais de 287 mil comentários.
O estudo incluiu as 100 maiores marcas ativas no Facebook e analisou interações feitas entre o dia 1º de janeiro e 18 de novembro de 2018. Entraram no monitoramento: Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Japão e o sudeste asiático.
Por aqui o sucesso dessa eletrizante história fez com que os artistas que dão vida aos enigmáticos personagens se tornassem figuras conhecidas e idolatradas entre os fãs brasileiros. Mas será que eles conhecem muito sobre o Brasil? Vamos descobrir nesse link abaixo o que alguns deles sabem sobre as terras tupiniquins:
Quem deseja estudar em uma Universidade de qualidade na América Latina, deve começar a buscar por esses cinco destinos: Chile, Brasil, Colômbia, Argentina e México.
Esses países concentram as 18 melhores universidades latino-americanas de 2018, segundo a pontuação da classificação anual QS Latin America Rankings. Os QS World University Rankings são classificações universitárias anuais publicadas pela Quacquarelli Symonds (QS), do Reino Unido. Trata-se de uma das três classificações internacionais de universidades mais influentes e amplamente observadas no mundo inteiro.
Quatro centros universitários, incluindo o número 01 da região, estão no Chile, enquanto o Brasil se destaca por ter sete instituições de educação superior entre as melhores avaliadas.
Quatro instituições da Colômbia também disputam os primeiros lugares, mas a Universidade Nacional Autónoma de México (UNAM), a maior da região está melhor posicionada que as colombianas.
Da Argentina também se destaca sua maior universidade pública, a Universidade de Buenos Aires, que alcança uma melhor pontuação na classificação global do que na regional.
Além desses países, entre os primeiros 20 lugares também está a principal universidade da Costa Rica e de Cuba.
As 20 primeiras colocadas são as seguintes:
QS Latin America Rankings 2019
1. Pontificia Universidad Católica
Chile
2. Universidade de São Paulo
Brasil
3. Universidad Estadual de Campinas
Brasil
4. Universidad Nacional Autónoma de México
México
5. Universidad de los Andes
Colombia
6. Instituto Tecnológico y de Estudios Superiores Monterrey
México
7. Universidad de Chile
Chile
8. Universidad de Buenos Aires
Argentina
9. Universidade Federal do Rio de Janeiro
Brasil
10. Universidad Nacional de Colombia
Colombia
11. Universidad Estatal Paulista
Brasil
12. Pontificia Universidad Católica de Río de Janeiro
Brasil
13. Universidad de Santiago de Chile
Chile
14. Universidad de Concepción
Chile
15. Universidad de Antioquia
Colombia
16. Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil
17. Pontificia Universidad Javeriana
Colombia
18. Universidad Federal de Río Grande del Sur
Brasil
19. Universidad de Costa Rica
Costa Rica
20. Universidad de La Habana
Cuba
Como é são avaliadas?
O grupo QS, que publica os rankings universitários mundiais a cada ano, avalia, no caso da América Latina, uma pontuação através de oito indicadores.
Os dos principais são a reputação acadêmica (30%), baseada em entrevistas com acadêmicos, assim como a qualificação que é dada por empregadores a ex-alunos dessas universidades(20%).
Também se evaluam outros aspectos sobre produção de ciência: como quantos estudos produz cada universidade e o quanto esses estudos são citados nas investigações de outras instituições.
Pontifícia Universidad Católica em Santiago – Chile – Reprodução Internet
A Pontificia Universidad Católica de Chile aparece pelo segundo ano consecutivo na primeira posição da América Latina. Embora a Universidad de BuenosAires ocupe um lugar melhor na classificação mundial do que na regional, pois, se encontra no lugar 73, enquanto que a universidade chilena está na posição 132.
Isso acontece porque o ranking QS global dá um valor diferente aos indicadores:
A nível mundial a reputação acadêmica abrange 40% da calificación, enquanto que a qualificação dos empregadores representa uma porcentagem de 10%.
O Brasil é o maior país da América Latina em território e população. Mesmo sendo tão gigante nosso país mantém uma certa homogeneidade uma prova disso é que o português é compreendido e falado do Oiapoque ao Chui. Ao contrário da maioria dos nossos vizinhos, o idioma adotado por aqui não foi o espanhol, o que de certa forma nos afasta dos demais países do continente.
Mas você já se perguntou por que a América portuguesa se tornou um único país, enquanto a América espanhola se fragmentou em outros tantos?
A BBC Brasil News fez uma matéria muito interessante explicando as variadas razões para esse fato. Resolvi compartilhar aqui no blog porque é um tema que interessa a nós latinos como um todo. 😉 Segundo a BBC News Brasil, não há apenas uma única razão e tampouco consenso nas conclusões, confira no texto abaixo:
Maiores distâncias, diferentes estilos de administração
Uma das causas tem a ver com a distância geográfica entre as cidades das antigas colônias e a forma como as duas possessões eram administradas por suas respectivas metrópoles.
Ainda que a colônia portuguesa tivesse dimensões continentais, a maior parte da população se concentrava em cidades costeiras, enquanto o interior permanecia praticamente inexplorado, lembra à BBC News Brasil o historiador mexicano Alfredo Ávila Rueda, da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM).
“É verdade que, hoje, o Brasil é um país enorme, com mais de 8 milhões de km². Mas, na prática, na época da independência, as principais cidades se concentravam no litoral. As distâncias entre as cidades eram, assim, menores do que na América Espanhola. O interior era praticamente território que não era controlado pela Coroa portuguesa”, diz.
Já a América Espanhola era formada por quatro grandes vice-reinados: Nova Espanha, Peru, Rio da Prata e Nova Granada, com poucos vínculos – senão comerciais – entre si. Cada um deles respondia à Coroa e tinha vida própria.
Ou seja, eram administrados localmente. Além disso, foram criadas capitanias que tinham governos independentes desses vice-reinados, como as da Venezuela, Guatemala, Chile e Quito, acrescenta Ávila Rueda.
“A administração espanhola se deu em torno de duas ‘sub-metrópoles’: México e Peru. Isso não aconteceu no Brasil, onde a administração era muito mais centralizada”, explica o historiador mexicano.
Outra causa está relacionada à formação e à representatividade das elites nas duas colônias, na opinião do historiador brasileiro José Murilo de Carvalho.
No Brasil, a elite era muito mais homogênea ideologicamente do que a espanhola, diz ele.
Carvalho argumenta que isso se deveu à tradição burocrática portuguesa. Portugal nunca permitiu a criação de universidades em sua colônia. Escolas superiores só foram criadas após a chegada da corte, em 1808. Assim, os brasileiros que quisessem e pudessem ter formação universitária tinham que viajar a Portugal, sobretudo à cidade de Coimbra.
“Diante de um pedido para se criar uma escola de Medicina em Minas Gerais, no século 18, a resposta da Corte foi: agora pedem uma faculdade de Medicina, daqui a pouco vão pedir uma faculdade de Direito e, em seguida, vão querer a independência”, exemplifica o historiador brasileiro.
Quando se formavam, esses ex-alunos voltavam ao Brasil e acabavam ocupando cargos importantes na administração da colônia. Ou seja, um desembargador em Pernambuco formado em Coimbra tinha grandes chances de conhecer um desembargador do Rio de Janeiro também diplomado na mesma universidade, ou de ter conhecidos em comum, o que, na opinião de Carvalho, favoreceu um sentimento de unidade na colônia.
“Esses estudantes luso-brasileiros em Coimbra tinham organização própria. Envolveram-se no mesmo ensino que os portugueses e foram absorvidos pela burocracia da Corte, sendo enviados a todos os pontos do império português – do Brasil à África. Portugal tinha uma população muito pequena à época e não havia gente suficiente para administrar seu império. Acabou dependendo dos brasileiros treinados lá”, diz.
“Eles formaram grande parte da elite política brasileira até cerca de 1850, como ministros, conselheiros de Estado, deputados e senadores”, acrescenta.
Segundo Murilo de Carvalho, essa formação da elite brasileira em Portugal acabou por favorecer a obediência à figura real e a crença nas virtudes do poder centralizado.
Entre 1772 e 1872, passaram pela Universidade de Coimbra 1.242 estudantes brasileiros.
Por outro lado, na América Espanhola, durante esse mesmo período, 150 mil estudantes se formaram em universidades locais, diz Carvalho. Havia pelo menos 23 universidades na colônia, três delas apenas no México. Só a Universidade do México formou quase 40 mil estudantes.
Dessa forma, argumenta o historiador, quando os movimentos de independência na América Espanhola começaram a ganhar força, no século 19, eles surgiram coincidentemente nos locais onde havia universidades. E praticamente todos esses locais com centros universitários acabaram dando origem a um país diferente.
Ávila Rueda contesta, contudo, essa última hipótese. “Essas universidades eram, em sua maioria, reacionárias, aliadas à Coroa espanhola”, diz.
“A Universidade do México, por exemplo, era muito reacionária, a tal ponto que, em 1830 (após a independência do México), o governo mexicano decidiu fechá-la porque acreditava que não seria possível reformá-la”, acrescenta.
Neste sentido, o historiador mexicano diz acreditar que a livre circulação de impressos (jornais, livros e panfletos) na América espanhola, que não era permitida na América portuguesa (a proibição só foi revertida em 1808, com a chegada da corte portuguesa ao Brasil), teve papel muito mais importante na construção de identidades regionais do que propriamente as universidades.
“Já na América portuguesa, tudo o que era consumido vinha de Portugal, o que gerava esse vínculo muito forte com a metrópole”, lembra.
Mas fato incontestável era que, na América espanhola, os nascidos na colônia, os chamados criollos, a elite local (grandes proprietários de terras, arrendatários de minas, comerciantes e pecuaristas) eram desprezados em relação aos nascidos na Espanha, os Peninsulares.
Até 1700, quando a Espanha era governada pela dinastia dos Habsburgo, as colônias tinham bastante autonomia.
Mas tudo mudou com as reformas borbônicas feitas pelo rei espanhol Carlos 3º. Naquele momento, a Espanha precisava aumentar a extração de riqueza de suas colônias para financiar a manutenção de seu império e guerras nas quais estava envolvido.
Com isso, a Coroa decidiu expandir os privilégios dos peninsulares – colonos nascidos na Espanha -, que passaram a ocupar os cargos administrativos anteriormente destinados aos criollos.
Ao mesmo tempo, as reformas realizadas pela Igreja Católica reduziram os papéis e os privilégios do baixo clero, que também era formado em sua maioria por criollos.
Napoleão invade Portugal…e a família real portuguesa foge para o Brasil
Outro motivo que explica a manutenção da unidade do Brasil, senão o mais importante, foi a fuga da família real portuguesa para sua então maior colônia, de acordo com os historiadores.
Em 1808, com a invasão de Portugal por Napoleão Bonaparte, o príncipe regente D. João fugiu para o Rio de Janeiro, transferindo não somente a corte, mas toda a burocracia do governo: arquivos, biblioteca real, tesouro público e cerca de 15 mil pessoas. O Rio de Janeiro virou, então, a sede político-administrativa do império. A presença do rei em território brasileiro serviu como fonte de legitimidade para que a colônia se mantivesse unida.
“O rei era um herdeiro legítimo do poder. Temos dificuldade de entender a importância disso hoje, mas naquela época a figura de Dom João VI como monarca tinha muita força”, diz à BBC News Brasil o historiador americano Richard Graham, professor emérito da Universidade do Texas e considerado um dos maiores especialistas em história da América Latina nos Estados Unidos.
D. João VI chegou ao Brasil em 1808 – Imagem – Museu Nacional Brasileiro.
Carvalho explica que a “transferência trouxe para o Brasil toda a burocracia portuguesa. Portugal passou a ser uma dependência. Desenvolveu-se, portanto, um foco de legitimidade política no país”.
“Se Dom João não tivesse vindo para o Brasil, o país teria se dividido em cinco ou seis países. Os lugares de maior desenvolvimento econômico, como Pernambuco e Rio de Janeiro, teriam conseguido sua independência”, assinala.
Enquanto isso, o rei espanhol é forçado a abdicar do trono…
Na Espanha, contudo, essa fonte de legitimidade foi questionada após a invasão de Napoleão. Ele forçou o rei espanhol, Carlos IV e seu filho, Fernando VII, a abdicar do trono a favor de seu irmão, José Bonaparte (mais tarde José I da Espanha).
Na colônia, a notícia caiu como uma bomba. Aqueles que viviam na América Espanhola já não sabiam mais a quem obedecer. Surgiram juntas administrativas, muitas das quais no começo governavam em nome de Fernando VII, recusando-se a receber ordens de juntas semelhantes formadas na Espanha (após a invasão de Napoleão, o governo espanhol foi dividido em inúmeras juntas administrativas).
Quando Napoleão foi derrotado, esses líderes locais já tinham experiência de autogoverno. Reconduzido ao trono em 1814, Fernando VII não garantiu a autonomia deles e tentou usar a força para restabelecer a submissão das colônias.
Esse fato aliado à política discriminatória por parte da Coroa Espanhola em relação aos nascidos nas Américas fez com que eles se rebelassem, inspirados pelos ideais iluministas espalhados pelas revoluções americana e francesa.
Com o apoio de outras castas, eles travaram lutas sangrentas contra a Espanha por independência, entre 1809 a 1826.
Por outro lado, quando Napoleão foi derrotado, Dom João VI elevou o Brasil à condição de Reino Unido a Portugal. Também permaneceu no Rio de Janeiro até que as cortes exigissem seu retorno a Lisboa, em 1820, e aceitasse uma constituição liberal.
Dom João VI deixou seu filho, Pedro, como príncipe regente no Brasil, e em 1822, Pedro tornou o Brasil independente, coroando a si mesmo como Dom Pedro I. O Brasil ganhou então a independência como uma monarquia constitucional.
Temor social
Preocupações econômicas e sociais também contribuíram fortemente para assegurar a unidade do Brasil.
Segundo Graham, fazendeiros e homens ricos das cidades acabaram aceitando uma autoridade central por dois motivos: a ameaça de desordem social e o apelo de uma monarquia legítima.
Um possível desmembramento do Brasil em diferentes países poderia colocar em xeque o firme controle social desejado pelos proprietários de terras e escravocratas. Inicialmente, eles achavam que conseguiriam manter o respeito e a obediência, mas revoltas populares provaram o contrário, na prática. No Haiti, por exemplo, a independência significou o fim da escravidão.
Embora o Brasil tenha conseguido sua independência de Portugal sem recorrer à luta militar generalizada, os líderes regionais procuravam maior liberdade em relação à capital, o Rio de Janeiro, diz Graham.
Mas, com o tempo, eles perceberam que essa vontade de reivindicar um autogoverno regional ou a independência completa do governo centralizado poderia enfraquecer sua autoridade, não somente sobre os escravos, mas também sobre as classes inferiores em geral. Ou seja, temiam a desordem social.
“É importante lembrar que o Brasil era um país de escravos. Eles compunham grande parte da população. Era muito perigoso que as classes dominantes começassem a brigar entre si e colocassem em risco sua legitimidade”, destaca Graham.
Na América Espanhola, por outro lado, diz o historiador americano, “as elites (…) aprenderam que poderiam lidar muito bem com uma população irrequieta. Todos os países hispano-americanos tomaram medidas que objetivavam terminar com a escravidão, possivelmente para diminuir o perigo da revolta escrava. Mestiços (e alguns mulatos, como na Venezuela), tinham o comando de forças militares e eram frequentemente recompensados com posse de terras tomadas dos monarquistas”, diz.
Estatísticas sobre o comércio de escravos embasam tal hipótese.
Entre 1500 e 1866, a América Espanhola recebeu 1,3 milhão de escravos trazidos da África. No mesmo período, desembarcaram no Brasil 4,9 milhões, segundo dados da The Trans-Atlantic Slave Trade Database, um esforço internacional de catalogação de dados sobre o tráfico de escravos – que inclui, entre outros, a Universidade de Harvard.
O levantamento foi possível porque os escravos eram uma mercadoria, registrada na entrada e saída dos portos, sobre a qual incidia cobrança de impostos. Nenhum outro lugar do mundo recebeu tantos escravos.
Fragmentação em vários países
Mas por que as fronteiras dos países recém-independentes na América Espanhola não se mantiveram as mesmas das dos quatro vice-reinados? Ou seja, por que houve tanta fragmentação?
Explica Ávila Rueda: “Na época colonial, o conceito de fronteira era distinto do dos Estados modernos. O que havia era um sistema de jurisdição, não de fronteiras. E as diferentes jurisdições às vezes se sobrepunham umas às outras”.
Ele cita o caso do vice-reinado de Nova Espanha (território que compreende parte dos Estados Unidos, México e América Central).
“Em termos de governo, o vice-rei tinha controle sobre praticamente todo o território, salvo as regiões mais ao norte, que eram independentes neste sentido. Mas, a nível fiscal, o governo do México tinha controle sobre essas regiões. Já em relação a questões jurídicas, a gestão era totalmente diferente”.
“Assim, houve conflitos bélicos muito fortes para delimitar essas fronteiras no século 19, inclusive após a independência”, acrescenta.
Ávila Rueda lembra que, com a abdicação de Fernando VII ocorre um processo em que os territórios provinciais passam a lutar por “mais autonomia”.
“Julgamos o passado a partir do nosso ponto de vista atual. Achamos que o vice-reinado de Nova Espanha se manteve como um país unido, que é o México atual. Mas nos esquecemos que depois da independência, surgiu o império mexicano, que incluía a atual América Central. Posteriormente, com a dissolução do império mexicano, se estabeleceram a federação mexicana e a federação centro-americana, que mais tarde se desintegraria em outros países”, diz.
Argentino José de San Martín é também conhecido libertador da Argentina, Chile e Peru.
“Houve um processo de fragmentação na América Espanhola. Eventualmente, algumas dessas províncias formam confederações para ter força militar e se defender de outros inimigos. Ou são unidas à força, como fez Simón Bolívar”, acrescenta.
Graham concorda. “Se você vai se tornar independente da Espanha, por que continuaria a se submeter aos mandos e desmandos de Buenos Aires, por exemplo? A divisão por vice-reinos era burocrática. E as fronteiras atuais dos países da América Latina demoraram para ser consolidadas. Não era possível prevê-las antes de 1810, pois resultaram de disputas internas após a independência”, explica.
Mas é importante lembrar que também houve na América Espanhola planos de unificação, que não avançaram.
Em 1822, Simón Bolívar e José de San Martín, duas das figuras mais importantes da descolonização da América Espanhola, reuniram-se na cidade de Guayaquil, no Equador, para discutir o futuro da América Espanhola.
Enquanto Bolívar era partidário da unidade das ex-colônias (ele forçou a unificação da Colômbia e da Venezuela) e a formação de uma federação de repúblicas, San Martín defendia a restauração da monarquia, sob a forma de governos liderados por príncipes europeus. A ideia de Bolívar voltou a ser discutida no Congresso do Panamá, em 1826, mas acabou rejeitada.
E se Fernando VII tivesse feito o mesmo que D. João 6º e transferido a corte às Américas, o mapa da América Latina seria diferente do que é hoje?
Em um artigo, o historiador americano William Spence Robertson, já falecido, cita a frase de um observador espanhol em 1821: “O México não aceitaria as leis que fossem sancionadas em Lima; nem Lima aceitaria as leis que fossem sancionadas no México”.
“A principal pergunta, portanto, é onde ele escolheria se estabelecer. Não acredito que o México permaneceria leal a um rei estabelecido em Lima e não em Madri”, diz Graham.
Mas certamente (se Fernando VII tivesse se transferido às Américas) haveria menos divisões do que, na verdade, ocorreu”, acrescenta.
Isso porque os reis oferecem legitimidade. Tanto é que, na Argentina, quando um congresso em 1816 declarou a independência das “Províncias Unidas”, Juan Martin de Pueryrredón, nomeado diretor dessa entidade, tentou, nos três anos seguintes, em vão buscar alguém na Europa com vínculo real para se tornar rei das Províncias Unidades do Rio da Prata.
“A própria mulher de Dom João, Dona Carlota Joaquina, tinha vontade de se tornar rainha do Prata”, lembra Murilo de Carvalho.
Já no México, quando as cortes espanholas se recusaram a reconhecer a independência mexicana e a permitir que um membro da realeza aceitasse o trono do império mexicano, Agustín Iturbide, um dos mentores da independência, forjou uma eleição ao fim da qual foi coroado imperador, como Agustín I.
No Peru, também foi aventada a possibilidade de um príncipe espanhol liderar uma monarquia independente.
Militar liberal e político venezuelano, Simón Bolívar foi um dos primeiros a lutar pela descolonização da América Espanhola – Coleção do Banco Central da Venezuela.
Rebeliões no Brasil
Mas o processo de unificação territorial no Brasil tampouco foi totalmente pacífico. Houve movimentos de caráter emancipacionista em Minas Gerais (1789), na Bahia (1798), em Pernambuco (1817).
No entanto, essas revoltas foram mais fomentadas por um sentimento de autonomia do que propriamente por um desejo de ruptura entre a colônia e a metrópole.
Um exemplo emblemático disso foi a chamada Inconfidência Mineira, liderada por Tiradentes em Minas Gerais (1789). Não havia nessa conspiração antimetropolitana nenhum desejo de libertação de todo o território.
Quando Dom Pedro I declarou a Independência do Brasil, em 1822, por exemplo, a maior parte das províncias do norte foram contra e permaneceram leais a Portugal, até defrontarem-se com uma força vinda do Rio de Janeiro.
Ainda assim, como lembra Graham, “mesmos os grupos do sul que declaram sua aliança a D. Pedro I, em meados de 1822, não significavam o triunfo do nacionalismo. Ao contrário, eles simplesmente preferiam o domínio dele, com a promessa de autonomia local, ao domínio das cortes portuguesas, que ameaçava essa autonomia”.
Ávila Rueda acrescenta ainda que, “como na América portuguesa não houve uma guerra de independência e sim uma continuidade com a transferência da corte, o governo do Rio de Janeiro tinha mais força para suprimir essas rebeliões”.
“Em contrapartida, o governo do México não tinha força suficiente para evitar o desmembramento da América Central. Tampouco o governo de Buenos Aires em relação a Uruguai ou Paraguai”, acrescenta.
Acordo de interesses
Segundo a historiadora brasileira Lilia Schwarcz, “a independência do Brasil foi uma solução de compromisso entre as elites, no sentido de primeiro evitar uma mudança estrutural na então colônia que se tornaria um país e evitar grandes conturbações sociais”, diz.
“Houve um ajuste entre as várias elites locais no sentido de preservar a escravidão, evitar o formato de uma revolução, inclusive sabendo do que havia ocorrido na América Espanhola e conseguir manter o país unificado”, acrescenta.
Graham concorda. “O governo central não foi imposto às pessoas influentes ou até mesmo “vendido” a eles. Eles (a elite brasileira) o escolheram”, assinala.
“Eles procuravam legitimidade porque, sem ela, sua autoridade local permanecia relativamente fraca. Eles desejavam fortalecer a hierarquia porque ela validaria a sua própria posição local predominante. Para alcançar esses objetivos, eles construíram um estado central, simbolizado no imperador. A monarquia tinha sua utilidade”.
“A presença do imperador foi fundamental. As elites pretendiam que o imperador fosse uma espécie de símbolo a unificar as diferentes províncias e que, de alguma maneira, ele fizesse uma passagem não tão convulsionada como no restante da América Espanhola. Sabemos que a história não foi bem assim, mas foi o que aconteceu no momento da independência”, diz Schwarcz.
Por fim, a opção por um governo central, além de afastar o espectro de uma anarquia social, também favorecia estender o poder dessas elites, uma vez que cabia a elas as indicações aos cargos públicos, como oficiais da Guarda Nacional, delegados de polícia e juízes.
“Eles vieram a considerar o governo central como apropriado e útil para fins pessoais”, diz Graham.
Já no fim do século, com a unidade do Brasil já assegurada e a escravidão abolida, as elites já não precisavam mais “de um símbolo vivo do estado” para estabelecer sua legitimidade.
O império acabou destronado pelo Exército, que proclamou a república quase sem disparar um único tiro.
*Com ilustrações de Cecilia Tombesi e Kako Abraham
O incêndio que devastou o Museu Nacional no início do mês foi um golpe duro, não só para o Brasil, mas para todo o continente e para a humanidade em geral. O edifício histórico que era vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, contava com o maior acervo de História Natural e Antropologia da América Latina, sendo um dos cinco maiores do mundo. Eram mais de 20 milhões de itens catalogados. O acervo do museu foi formado ao longo de mais de dois séculos por meio de permutas, aquisições e doações. Possuía coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia, antropologia biológica, arqueologia e etnologia – uma riqueza de relevância incalculável.
Entre seus principais tesouros estavam a primeira coleção de múmias egípcias da América Latina e o Bendegó, o maior meterioto já encontrado no Brasil – encontrado no sertão da Bahia no século 18 que pesa mais de 05 toneladas. O fóssil de Luzia, que revolucionou as teorias da chegada dos primeiros homens à América, possuindo assim um valor inestimável, assim como o esqueleto do primeiro dinossauro de grande porte montado no Brasil, também era parte da coleção local. A história dos povos indígenas também faz parte do acervo do museu com, por exemplo, uma coleção de trajes usados em cerimônias dos índios brasileiros há mais de cem anos.
Museu Nacional é o mais antigo do país e abrigava uma coleção de valor incalculável – Reprodução Internet
O Museu Nacional foi residência da família real portuguesa, sendo o local de nascimento de D. Pedro II. O documento que selou a Independência do Brasil foi assinado ali pela princesa Leopoldina em 1822.
Com tanto valor histórico e cultural, chega a ser assustador e inacreditável o fato do Museu estar tão abandonado, a ponto do incêndio que praticamente arruinou com todo o acervo, ser considerado uma tragédia anunciada. Prova do descaso total das autoridades é o fato do último presidente a ter visitado o local ter sido Juscelino Kubistschek a mais de 50 anos atrás.
E pensar que o investimento que poderia ter mantido nossa história viva nem era tão alto assim: Por pouco mais de meio milhão de reais por ano o incêndio poderia ter sido evitado.
O sentimento que tomou conta de todos, principalmente dos apaixonados pela arte e cultura, foi o de desânimo total: Que futuro podemos esperar de um país que não valoriza sua História?
As notícias que se seguiram após a tragédia faziam cada vez a sensação de desânimo aumentar: Soubemos que o governo gasta somente com um deputado mais do que com a segurança do maior museu do país. Outro fato triste que tivemos conhecimento é que no ano passado o Museu do Louvre em Paris recebeu mais visitantes brasileiros do que o nosso Museu Nacional. São fatos que revelam o quão longe estamos de valorizar nossa cultura e como o Brasil despreza suas próprias riquezas. Não adianta culpar só a população pelo baixo número de visitantes: faltou investimento por parte do governo, não só em infraestrutura, mas também em divulgação. Assistir as reportagens mostrando como os museus são valorizados nos países desenvolvidos, fez ressurgir aquele velho complexo de vira-latas e até uma mesmo uma certa vergonha de ser brasileiro.
Depois de ver as imagens de tantas preciosidades se reduzirem a pó, fica a sensação de vazio e impotência. Não resta muita coisa a fazer a não ser lamentar por não ter havido uma mobilização para salvar o Museu antes que fosse tarde demais.
Se para o Nacional, não há muito o que fazer, pelo menos um grande legado ele pode deixar para o Brasil e para toda a América Latina: a conscientização sobre a importância da preservação dos edifícios históricos. Remediar, em casos como este, realmente não dá: Ou se conserva o que tem ou se perde tudo que a natureza levou milhares de anos para preservar, em poucos minutos.
A tragédia do dia 02 de setembro de 2018 não pode ser esquecida. Deve ser lembrada a cada ano com tristeza e principalmente com ação. O que nos resta agora é tentar renascer nossas esperanças em meio às cinzas.
Com a eliminação do Brasil, nessa sexta-feira, diante da Bélgica pelas quartas de final, a Copa ficou sem nenhum representante latino. Que me desculpem os europeus, inventores do futebol, mas o Mundial da Rússia perdeu muito ao virar uma EuroCopa. Talvez o momento deles seja melhor mesmo: são mais altos, são mais fortes, tem mais dinheiro, são mais organizados, mas não tem nossa alegria. Se no século 19, lá na terra da Rainha, foi criado o esporte que tempos depois se tornaria umas das maiores atrações do planeta, foi por aqui pela América, em especial pela do Sul, que o futebol foi criando áureas de paixão e ganhando cores de alegria. Ninguém se envolve como a gente: Festejamos e sofremos com a alma e coração.
Por aqui o futebol está longe de ser só mais um esporte, está mais para religião. Nós transformamos o jogo criado pelos ingleses em algo muito maior. O que era pra ser apenas mais uma modalidade cheia de regras, às vezes complicadas, com jogadas violentas, se tornou um verdadeiro espetáculo, graças aos nossos dribles, à nossa gingada, paixão e habilidades natos.
Pela América Latina o futebol é quase uma religião – Imagem Reprodução Internet
O Mundial da Rússia continua, mas seria muito melhor se ainda houvesse uma seleção de sangue latino no páreo. A emoção colombiana, a garra uruguaia, a farra mexicana, a paixão argentina, a irreverência brasileira com certeza fazem falta.
Sabe aquelas músicas que grudam como chiclete? Que uma vez que você escuta já cola no ouvido? Despacito com certeza se enquadra nesse perfil. Eu particularmente fiquei muito feliz pelo sucesso grandioso dessa música, especialmente por terras brasileiras, afinal, os ritmos latinos, infelizmente, não são tão divulgados por aqui como deveriam, e o hit de Luis Fonsi e Daddy Yankee está ajudando a popularizar nossa amada e linda língua espanhola, pelo Brasil e por todo o mundo.
A canção interpretada por Luis Fonsi e Daddy Yankee é a primeira em língua espanhola a conquistar o primeiro lugar nas paradas mundiais após mais de 20 anos. Imagem – Reprodução – Internet.
Despacito é a música latina que mais ultrapassou fronteiras nos últimos tempos e chegou a atingir a liderança da Billboard, a principal parada de músicas norte-americanas. A última música latina a alcançar esse cobiçado posto foi Macarena em 1996.
O sucesso do hit é tão grande, que ultrapassa não somente as fronteiras entre os países, mas também os limites do universo dos espetáculos e invadiu também o terreno esportivo. Despacito caiu no gosto de inúmeras torcidas de futebol pela América Latina: Torcedores do San-Lorenzo e River Plate da Argentina fizeram uma versão da música para cantar nos estádios. A torcida do Peñarol também já tem sua variante do sucesso.
E como não podia deixar de ser, a onda chegou também ao Brasil. Torcidas de Flamengo e Grêmio também já tem suas versões para o hit.
Bem que a ideia poderia continuar se espalhando pelos arquibancadas né? A ideia já tem minha torcida 😀