Marielle presente!

Em cada mês de março o Brasil e o mundo voltam os olhos para o Rio de Janeiro, onde Marielle e seu motorista Anderson foram brutalmente assassinados. Seus algozes tentaram silencia-la, mas sua voz segue ecoando em todo o planeta cada vez que uma menina ou mulher decide exercer seu direito à fala.

Todos os anos, desde a sua partida, a vereadora recebe inúmeras homenagens, além de pedidos de justiça. No último dia 14, quando o crime completou 03 anos, ainda sem elucidação, Marielle recebeu um importante tributo, em uma das principais cidades latinas, Buenos Aires. A estação “Rio de Janeiro” do metrô da capital Argentina inaugurou uma placa em homenagem à vereadora brasileira.

Placa em homenagem à parlamentar brasileira, na capital Argentina – Divulgação

A placa será permanente e foi homologada pelo governo por iniciativa da deputada Maria Bielli, do Frente de Todos (partido do presidente Alberto Fernández). Marielle terá um espaço permanente na estação, que deve incluir um código QR onde os visitantes poderão conhecer um pouco mais da história da vereadora brasileira.

Homenagem no Brasil

No mesmo dia, autoridades e parentes de Marielle  também inauguraram uma placa em homenagem à vereadora em frente à Câmara Municipal, no Centro do Rio de Janeiro. A placa é idêntica à utilizada na identificação de vias e praças da capital fluminense.

Na placa, há as seguintes frases: “Mulher negra, favelada, LGBT e defensora dos direitos humanos. Brutalmente assassinada em 14 de março de 2018 por lutar por uma sociedade mais justa”.

Fonte: G1

Paraíso dos livros completa 20 anos

A livraria El Ateneo Grand Splendid, considerada a livraria mais bonita do mundo, completou 20 anos neste último mês de dezembro. No ano 2000, já se insinuava o desaparecimento das grandes salas de cinema nas avenidas de Buenos Aires, pois os telespectadores começavam a mostrar preferência pelos complexos multiplex. Na Avenida Santa Fé, o cinema-teatro Grand Splendid fechou definitivamente as portas em março daquele ano. Mas reabriu alguns meses depois, no dia 4 de dezembro, transformado em livraria.

Um único requisito condicionou a transformação cultural do local fundado em 1919 por Max Glücksman com o intuito de ser a “catedral” do cinema e teatro de Buenos Aires: somente o espaço ocupado pelas 550 poltronas dos espectadores poderia ser modificado, nada mais.

Nada foi mudado. Nem o palco, nem os camarotes, nem os mármores, nem a cúpula pintada pelo italiano Nazareno Orlandi com alegorias pacifistas para o fim da Primeira Guerra Mundial, nem a marquise com figuras gregas que dá as boas-vindas na entrada do local. Ao longo de seis meses, com um investimento de US$ 3 milhões, a cúpula foi restaurada, foram instaladas escadas rolantes e elevadores, camarotes e escadas foram recuperados e a arquitetura e o design originais foram mantidos.

A arquitetura e o design originais foram mantidos.

Essa condição é a chave do sucesso da livraria atual. O Grupo Ilhsa, administrador das instalações localizadas na Avenida Santa Fe 1860, em Buenos Aires, soube aproveitar as particularidades que o espaço oferecia e transformá-lo em local atraente para os visitantes.

Desde então, El Ateneo é um dos passeios quase obrigatórios dos turistas que visitam Buenos Aires. Em tempos normais recebe em média 3.000 pessoas por dia, mais de 850.000 por ano.

Esse espaço arquitetônico único ocupa cerca de 2.000 metros quadrados e seus quatro andares estão divididos em: setor infantil e música (subsolo); livros, jogos, agendas, camarotes de leitura, confeitaria (térreo); livros técnicos e profissionais (primeiro andar); e música clássica e filmes, além de um setor dedicado a eventos e vistas panorâmicas (segundo andar).

Em 2008, a livraria El Ateneo foi eleita “a segunda livraria mais bonita do mundo” pelo jornal inglês The Guardian e em janeiro de 2019, a revista National Geographic a escolheu como “a mais linda do mundo”.

Você que estiver de passeio pela capital argentina, não pode deixar de conhecer esse paraíso dos amantes dos livros e da arquitetura 😉

Fonte: Site Clarín em Português

Buenos Aires adota operação de choque para evitar propagação do coronavírus em favelas

Uma tropa de cerca de 300 pessoas, vestidas com macacões, máscaras e óculos de acrílicos, entra nas ruas de terra para conter o novo coronavírus nas casas simples do bairro José Luis Cabezas, na província de Buenos Aires. O lugar é cercado por policiais. Os soldados, com apoio de sanitaristas e voluntários, controlam as entradas e saídas do local. Cada morador abre os braços em cruz e é borrifado para que seja eliminado o vírus das suas roupas. Dentro do bairro, eles têm as mãos higienizadas, por algum integrante da tropa, com um spray de álcool em gel.

Cinquenta casas, muitas de chapa, com cerca de 250 moradores, próximas à linha férrea, foram bloqueadas. Os moradores devem ficar isolados durante, pelo menos, 15 dias. Aqueles com qualquer um dos sintomas da covid-19, que pelos tamanhos de suas casas não possam realizar o isolamento, são levados para um hotel, universidade ou hospital de campanha preparados para recebê-los. Aqueles que testam positivo para a doença causada pelo novo coronavírus são encaminhados para tratamento hospitalar, contaram à BBC News Brasil assessores da Secretaria de Saúde da província de Buenos Aires.

“Os moradores que estão isolados recebem alimentos, atenção psicológica, e contam com apoio para o que precisem”, disseram. A bateria de iniciativas, anunciou o governador da província, Axel Kicillof, inclui assistência social para que sejam evitados registros de violência de gênero durante o confinamento.

Os demais moradores, do bairro de cerca de 1.200 habitantes, são parados nos controles policiais e sanitários cada vez que precisam entrar e sair do local. A localidade de José Luis Cabezas, a cerca de uma hora do centro de Buenos Aires, é a segunda da província de Buenos Aires, que é a maior da Argentina, a ser alvo da operação de choque contra o coronavírus.

Vila blindada

No dia 24 de maio, outra tropa de médicos, infectologistas e voluntários, vestidos de macacões e tocas brancas e óculos de acrílicos, isolou a Villa Azul, na mesma província. O lugar com cerca de 5.000 habitantes também foi cercado por policiais. La Villa (na Argentina, sinônimo de comunidade carente, de favela) foi blindada depois que o mapa de coronavírus mostrou a curva ascendente de casos e que “sete de cada dez pessoas testadas tinham tido resultado positivo para a doença”, de acordo com informação oficial.

Como o bairro José Luis Cabezas, que está próximo de grandes conglomerados habitacionais, como Villa Catella, com 15 mil habitantes, a Villa Azul está a poucos metros de uma Villa muito maior, chamada de Villa Itatí, que também tem pelo menos 15 mil habitantes, segundo os últimos dados oficiais disponíveis. Foi temendo que o vírus alcançasse os lugares com maior densidade demográfica que os governos locais decidiram cercá-los com o que foi batizado de “cordão sanitário”.

Assim que Villa Azul, com casas de alvenaria grudadas umas nas outras e ruelas sem asfalto, com áreas com esgoto a céu aberto, foi bloqueada, alguns moradores disseram à imprensa local que se sentiam eles mesmos bloqueados, já que não podem sair à rua do próprio bairro. Entre os moradores, como ocorre em outras villas de Buenos Aires, muitos são, além de argentinos, imigrantes paraguaios, peruanos, bolivianos e chilenos que chegaram ao país ao longo das últimas décadas.

Doze dias depois do início da operação, uma moradora disse ao canal de televisão Telefe, de Buenos Aires, que estava preocupada. “Muitos de nós aqui temos trabalhos (considerados essenciais e autorizados a serem realizados pessoalmente). E agora estamos com medo de perder o trabalho. São muitos dias isolados”, disse a moradora que se identificou como Valeria. Para o governo, são reclamações isoladas, já que a maioria entendeu a importância da estratégia de evitar mortes pela doença no local. “Eu apoio o isolamento porque se o vírus se expandir aqui, aí sim será pior”, disse a moradora Gloria Teresa Guevara à imprensa local. O Coronavírus já fez vítimas fatais na comunidade: Dois moradores de Villa Azul, que já tinham problemas de saúde, faleceram no hospital, acometidos pela Covid-19.

A estratégia de apartar uma comunidade inteira é a mesma aplicada nos asilos com casos de coronavírus, disseram assessores do vice-ministro da Saúde, o médico e sanitarista Nicolas Kreplak, que esteve na operação inicial de choque contra o vírus no local. “Temos que reduzir a circulação do vírus, não podemos relaxar”, disse Kreplak. O governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, usou uma metáfora para justificar a medida. “É como apagar um foco de incêndio. Um foco que temos que evitar que se esparrame”, disse.

Depredador

O infectologista Pedro Cahn, que integra o comitê de especialistas que assessoram o presidente Alberto Fernández, reconheceu que existe um “conflito de direitos”, quando um lugar é isolado, mas que existe algo “muito maior” em jogo neste momento. A decisão do isolamento da Villa Azul foi tomada em consonância entre prefeitos, o governador da província de Buenos Aires e Fernández.

“Esse direito (de ir e vir) poderá ser recuperado em 15 ou 20 dias, quando a situação ali estiver controlada. Mas enquanto isso, estaremos fazendo algo muito maior, que é salvar vidas”, disse Cahn à emissora de televisão TN, de Buenos Aires.

Profissionais de saúde visitam residências em comunidades carentes para prevenir e diagnosticar casos de coronavírus na Argentina

Para os infectologistas que assessoram Fernández, o vírus está sendo “depredador” entre os excluídos nas Américas, como afirmou Luis Camera, que também faz parte do comitê especial de combate ao coronavírus. “O vírus foi um depredador dos afro-americanos, em vários lugares dos Estados Unidos, atingiu brutalmente Guayquil, no Equador, e Manaus, no Brasil. Na Argentina, felizmente, a mortalidade é baixa. Mas já sabemos que ele ataca aos mais pobres na América Latina”, disse Camera. Segundo estudiosos argentinos, no caso específico das comunidades carentes do país, os baixos índices de mortes estariam ligados a idade dos seus habitantes, onde muitos são jovens. Para Camera, o isolamento é uma das poucas ferramentas disponíveis contra a virulência do coronavírus.

Mas a iniciativa de blindagem gerou críticas de setores opositores. “É uma medida que estigmatiza”, disse o ex-ministro da Saúde do governo Macri, Adolfo Rubinstein. Setores ligados ao ex-governo de Mauricio Macri, anterior e opositor do atual de Fernández, como o prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, têm atuado, porém, em sintonia com as medidas do governo central e da província de Buenos Aires, da mesma linha política do atual presidente argentino.

Um dos líderes do movimento político e social Barrios de Pie, que trabalha no Ministério do Desenvolvimento Social, Daniel Menéndez, disse que a Villa Azul tinha virado “um gueto”. Em meio às críticas, o governador Kicillof disse que nenhum lugar estava livre de ser blindado. “Essa medida não é exclusiva dos bairros populares. Elas também podem incluir condomínios ou edifícios. O principal é colocar um freio no vírus”, disse.

Condições difíceis

A província de Buenos Aires tem cerca de 1,7 mil comunidades carentes reunidas, principalmente, no que é definido como “conurbano bonaerense”, que reúne a periferia urbana da cidade de Buenos Aires e parte do território provincial. Nos mapas epidemiológicos, elas representam menos de 20% do total de casos de coronavírus, mas viraram o foco das medidas dos governos pelas condições difíceis em que muitos vivem, sendo impossível o cumprimento do distanciamento social ou até da higienização necessária por falta de água corrente e potável.

Com cerca de 16 milhões de habitantes, a província, que também reúne condomínios de classes média e alta, além de fábricas e produção agrícola, representa em torno de um terço da população de 44 milhões de habitantes do país.

Fonte: BBC Brasil

Apache

Ser um jogador profissional de futebol é o sonho de milhares de crianças pelo mundo inteiro. Em países em desenvolvimento como Brasil e Argentina, o esporte pode ser o único caminho de ascensão social para meninos e meninas.

A série “Apache” da Netflix conta a história de um garoto que conseguiu vencer na vida superando inúmeros obstáculos. Se trata de Carlos Tévez, também conhecido como Carlitos, que se tornou ídolo no Brasil ao vestir a camisa do Corinthians. O nome da série faz referência ao bairro onde Carlitos cresceu, El Fuerte Apache, na região conhecida como Cidadela em Buenos Aires.

O local é marcado pela violência ligada ao narcotráfico na cidade. E foi exatamente em meio a tiroteios que Carlos começou a chamar a atenção pela habilidade com a pelota. Em sua inocência de criança, corria um enorme risco pra bater uma bolinha diariamente com seus colegas e fazer o que mais gostava desde sempre: jogar futebol.

A série, que em muitos momentos é narrada pelo próprio Tévez, mostra como as coisas podem ser complicadas pra quem vive em um ambiente tão hostil.

Carlitos luta pela sobrevivência desde quando era um bebê, quando teve 50 porcento do corpo queimado, após sofrer um acidente doméstico.

As batalhas do menino são constantes durante toda a vida: não chegou a conhecer o pai, que morreu antes dele nascer, e não foi criado pela mãe, que não tinha boas condições psicológicas.

O que fez a diferença na vida de Carlitos foi o apoio dos tios, que cuidaram dele como a um filho, e conseguiram proporcionar a ele uma estrutura pra chegar ao Boca e depois à seleção e ao mundo. Pena, que como a série mostra, nem todos meninos do Fuerte Apache tem a mesma sorte de Tévez…

Em que cidades da América Latina é mais caro comprar um apartamento?

Conseguir realizar o sonho da casa própria é um desafio cada vez maior em muitos países. Nas últimas décadas, os investimentos da classe média a nível mundial, estão estagnados, enquanto, por outro lado, a fatia do bolo que 10% da população mais rica do planeta concentra tem aumentado, segundo informou, recentemente, a Organização para Cooperação e Desenvolvilmento Econômico (OCDE).

Nesse contexto, as grandes cuidades latino-americanas tem experimentado um crescente aumento do valor dos apartamentos, especialmente, nos bairros mais procurados por trabalhadores jovens.

A capital argentina, Buenos Aires, tem em média o metro quadrado mais caro da  América Latina, seguida pela capital chilena Santiago, a capital uruguaia  Montevidéu e o Rio de Janeiro, segundo um estudo da consultora Navent e da Universidad Torcuato Di Tella,  localizada no bairro Belgrano em Buenos Aires,  que analizou 14 grandes cidades latinas.

Oscilação

A investigação se concentrou em algumas das cidades mais ricas da região, calculando o preço através de uma média dos anúncios de compra e venda publicados.  Os munícipios onde houve um aumento maior do preço dos apartamentos nos últimos meses foram: Monterrey (México) e  Rio de Janeiro, (Brasil). As maiores quedas ocorreram em Santiago (Chile), Ciudad de Panamá (Panamá) e Quito (Equador).

 Ao comparar o poder aquisitivo das moedas locais, as maiores altas se registraram em Ciudad de México,  Monterrey (México) e Bogotá (Colombia) e as quedas mais fortes aconteceram em Buenos Aires, Córdoba e Rosario (Argentina).

Departamentos

 

Tempos difíceis esses que vivemos não é?

Fonte: BBCMundo.com

Marielle Presente na Argentina

O assassinato da vereadora e ativista Marielle Franco completou um ano no último dia 14 de março. O crime, que ceifou precocemente a vida de Marielle,  e de seu motorista Anderson chocou o Brasil e o mundo inteiro. Marielle era uma mulher que havia conquistado seu espaço na política fugindo a todos os padrões: era negra, favelada, bissexual e não tinha nenhum parente no cenário político. As lutas que ela tratava incomodaram aos que sempre estiveram no poder, por isso, quiseram calar a sua voz. O que eles não esperavam, porém, que ao invés de silenciar, deram ainda mais força a essa guerreira:  Hoje seu nome é ecoado por todos os que sonham por um Brasil mais justo e mais humano.

marielle

O clamor por justiça e o reconhecimento da luta de Marielle ultrapassaram fronteiras  e se fizeram fortes na nossa vizinha Argentina.  Na semana em que se completou  um ano da morte da vereadora carioca, grupos de direitos humanos argentinos e brasileiros realizaram uma série de homenagens em Buenos Aires.

No dia 14, data de seu assassinato, a cidade amanheceu com placas de rua com o nome de Marielle Franco em vários locais públicos. “Escolhemos os mais significativos para brasileiros, como a frente da embaixada e alguns ícones da capital, como a avenida 9 de Julio e o Congresso”, conta Renata Benítez, do coletivo Passarinho.

Além das placas, foi lido um manifesto no Obelisco. “Desde a morte dela, estamos conversando com os grupos de direitos humanos locais sobre as bandeiras que ela representa, porque nossa intenção é que sua luta continue, por meio do ativismo”, diz Benítez.

Ao  Jornal Clarín , ativistas de direitos humanos atuantes na Argentina explicaram que as placas simbólicas foram espalhadas pelas principais ruas e avenidas da cidade em uma “intervenção artística de expressão política” fazendo parte dos vários atos para lembrar o legado da vereadora.

Além dos locais já citados, uma das estações do metrô de Buenos Aires foi batizada “temporariamente” com o nome da ativista assassinada. Uma vereadora da cidade de Buenos Aires já entrou com um pedido para que a estação Rio de Janeiro do metrô passe a chamar-se, definitivamente, “estação Rio de Janeiro – Marielle Franco”. O projeto irá a votação pelo parlamento local ainda neste semestre.

metrô-Buenos-Aires
Estação de metrô na capital argentina – Buenos Aires – Reprodução Internet

No sábado dia 16 foi inaugurado em San José, no município de Lomas de Zamora, na Província de Buenos Aires, um anfiteatro com o nome “Mujeres Latinoamericanas Marielle Franco“, o local fica numa praça pública.

Algumas das principais e mais populares entidades de direitos humanos do país se uniram à causa, além de sindicatos, jornalistas e personalidades destacadas pela luta por direitos, entre elas Anistia Internacional, Madres de Plaza de Mayo e Abuelas de Mayo, entidades conhecidas internacionalmente pela luta contra a impunidade dos atos da ditadura argentina (1976-1983).

Marielle segue e seguirá presente!

Fontes: Jornal El Clarín, Blog do Esmael e Folha de Pernambuco.

Gol da Argentina

Enquanto por aqui no Brasil vivemos um momento muito turbulento na política e muitos direitos sociais estão sendo questionados, na capital da nossa vizinha Argentina, os jovens conseguiram um importante auxílio para o desenvolvimento deles como cidadãos. A Prefeitura de Buenos Aires lançou um cartão que fornece benefícios e crédito no valor de 250 pesos mensais para os jovens terem acesso a  teatros, museus, cinemas, compra de livros ou fazer um curso voltado para a área cultural.

O lançamento aconteceu nesta terça dia 09 na sede do governo portenho. Estiveram presentes o chefe de gabinete Felipe Miguel, o  ministro de Cultura da cidade, Enrique Avogadro e  a ministra da Educação Soledad Acuña. O “Passe Cultural contempla 70 livrarias, 10 cinemas 25 teatros e diferentes centros culturais.   Funciona como  um cartão de débito e poderá ser usado somente nos locais credenciados.  Para se inscrever no programa o aluno deve apresentar um certificado comprovando que está frequentando a escola regularmente. 

“A iniciativa faz parte da visão transformadora que temos na cidade basicamente, para o desenvolvimento. É  uma ferramenta de inovação em matéria de políticas culturais, como acontece na Espanha, Uruguai e outros países. Construimos o programa escutando os jovens, trabalhamos muito em equipe, fazendo diferentes tipos de pesquisas de campo, para conhece-los e entende-los melhor. Nos deparamos com uma geração que já é protagonista em matéria cultural”, explicou Avogadro, entusiasmado com a iniciativa.

buenos-aires-704.jpg
Imagem – Reprodução Internet

“Queremos dar uma resposta a esse anseio por cultura dos jovens.  O programa vai estar à disposição de todos os estudantes do Ensino Médio de escolas públicas e nacionais da cidade. Todos os meses terão uma quantia que estará disponível para incentivar  o consumo cultural. Atende a um desejo de independência e autonomia deles. Todos já tivemos 16 anos e desejávamos ter essa liberdade também”, acrescentou.

“Nós queremos que os adolescentes disfrutem de  toda diversidade cultural que  Buenos Aires oferta”  – ressaltou o chefe de gabinete da cidade Felipe Miguel. 

Muito bacana a iniciativa né? Investir em cultura é também investir em educação 😉

Fonte: Site Jornal El Clarín

Buenos Aires, um país à parte

Nossa vizinha Argentina é famosa mundialmente por ser a terra do tango, de Maradona, do peronismo, dos alfajores, entre muitíssimas outras referências. O povo argentino também é conhecido por certas peculiaridades, entre elas a de serem um tanto arrogantes e soberbos. O que muita gente não sabe, porém, é que muitos desses estereótipos são mais condizentes com a população de Buenos Aires e não com a Argentina como um todo. Costuma-se dizer que existem duas Argentinas: a da região de Buenos Aires e a do interior. O jornalista Daniel Pardo, correspondente da BBC Mundo escreveu um artigo falando sobre as principais diferenças entre os portenhos (habitantes de Buenos Aires) e os demais argentinos. É bem interessante, confira a tradução abaixo:

Em que se diferenciam os portenhos de Buenos Aires do resto dos argentinos, e como isso influi nos famosos estereótipos do país?

Mais além da General Paz, a autopista que contorna a cidade de Buenos Aires, existe outro país, embora siga sendo o mesmo.  

Nem em toda Argentina, se dança tango. Nem todos os argentinos vão ao analista ou gesticulam como os italianos. A arquitetura neoclássica não impera em todo o país, não é em toda esquina que existem cafés e livrarias, nem há protestos  todos os dias.

E nem todos os argentinos se enquadram no famoso estereótipo que se tem deles na América Latina, segundo o qual são arrogantes, egocêntricos e enganadores: se alguém é assim —   você poder crer — são os portenhos, os habitantes da capital.

E tem outra coisa: Existem várias Buenos Aires: uma coisa é a cidade de 03 milhões de habitantes, outra é o subúrbio conhecido como  “el conurbano”  e outra a enorme província bonaerense, onde podem passar  400 quilômetros sem que alguém veja uma única alma.

Os matizes podem continuar porque portenhos  introvertidos, honestos, humildes ou generosos existem muitos, posso dizer que são a maioria.

Mas mesmo tendo em conta que todos os estereótipos são exagerados e perversos, é difícil negar que os portenhos e a gente do interior não parecem do mesmo país.

Dois países

Apesar de ser federal,  a Argentina  é uma das nações mais centralizadas da América Latina. Em Buenos Aires estão mais da metade dos times de futebol da primeira divisão, as disputas políticas locais são vistas como assuntos nacionais e o governador ou governadora da província é considerado o segundo político mais poderoso do país, depois do presidente.

A maioria dos trâmites precisa ser feito na capital e para sair do país precisa-se passar por lá. A mídia nacional reporta o clima, os roubos e os crimes de Buenos Aires, mas quase nunca os do resto do país. 

Partindo do exterior a tendência de assumir o portenho como argentino é ainda maior: o tango, a pizza com azeitonas e cebola, o cumprimento com beijos entre os homens, o teatro da rua Corrientes ou as largas avenidas são vistos como argentinos, quando na realidade são portenhos.

A diferença entre a capital e o  interior é uma marca de origem: a independência da Argentina, em 1810, na realidade foi a criação de um Estado chamado “Provincias Unidas del Río de la Plata”, no qual entravam Buenos Aires, a pampa e parte do Uruguai.

Até 1860, quando se emitiu um decreto presidencial em busca de uniformidade, a palavra “Argentina” e seu gentilício só se usavam para  se referir a Buenos Aires. As regiões próximas do Rio da Prata e Buenos Aires sempre foram um país em si mesmas, talvez mais parecidos com o Uruguai que com os extremos norte e sul do país. 

O interior, por sua vez, é vários países: um meio vazio na Patagônia, outro meio boliviano nas montanhas do norte, outro meio paraguaio na região próxima da fronteira e outro meio “cordobês”  em que alguns chamam brincando de República Independente de Córdoba.

Cada região tem sua própria dicotomia entre capital e interior, assim como seus sotaques, sua cultura, e seus injustos estereótipos: os  cordobeses tem fama de engraçados e grosseiros; os mendocinos de organizados, os patagônicos de empreendedores; os chaqueños de violentos e por vai…

Com o desenvolvimento do país em direção a Buenos Aires,  o “Interior”  machucado pelas diferenças, pode se unir ao redor de seu  — justificado — esporte favorito: zombar dos portenhos.

Não é que haja sentimentos separatistas como na Espanha, mas para muitos argentinos, o que passa em Buenos Aires é tão distante como o que passa no Brasil, digamos.

A postura frente a Buenos Aires é uma forma de protestar contra o poder que se concentra ali. E contra a indiferença dos portenhos em relação aos demais argentinos.

O que os une

Mais de 90% dos argentinos vivem em zonas urbanas, cidades médias ou grandes, longe da paisagem rural. Mas como parte dessa série de percepções exageradas, a capital se vê como desenvolvida, cosmopolita, desenvolvida,  poderosa, enquanto que o interior é visto como o rural, o selvagem, o latino americano.

Essa aparente divisão do país mostra,  para o antropólogo social Alejandro Grimson, “uma história de desigualdade e incompreensão  que se atualiza em momentos dramáticos. Mostra um país que vive olhando para o Primeiro Mundo e entende pouco das complexidades da própria terra e menos ainda dos interesses de seus diversos habitantes”.

Grimson, no seu livro  Mitomanías Argentinas, explica: “Existem argentinos que habitam uma ou outra Argentina, mas a maioria vive muito mais no meio, misturada, com alguma ilusão primeromundista e outras latinoamericanistas.

peronismo
O peronismo e o futebol são outros dois fenômenos que se expandiram por todo o país e geraram uma ideia de unidade  – Imagem – AFP 

A dicotomia entre Buenos Aires e o interior é histórica e estrutural, mas há fenômenos portenhos como o futebol e o peronismo que se reproduziram em todo o país. O interior deu a Buenos Aires o costume de tomar mate, mas Buenos Aires deu ao interior o fernet, uma bebida italiana que se tornou a marca distintiva de Córdoba.

“O regime militar (1976-1983), a guerra das Malvinas (1982), a hiperinflação de 89 e a crise de 2001 foram crises que vividas de maneira simultânea em todo o país por atores heterogêneos deram a ideia de que vivemos uma mesma história”, explica Grimson à BBC Mundo.

Desde 1976, a pobreza, a corrupção política e a delinquência se converteram  em problemas comuns para a maioria dos argentinos, que aliás, responderam a isso com a mesma moeda e de maneira quase homogênea:  com protestos sociais. 

Esta união também teve  efeitos na cultura: fenômenos como a cumbia das favelas e o culto à boliviana virgem de Copacabana se propagaram por todo o país até gerar relatos comuns.

Embora a autopista General Paz esteja em boas condições a divisão que ela propõe está cada vez mais difusa.

Fonte: BBC Mundo

Um tango bailado a pincel

O tango, o futebol, os alfajores, o cinema, são alguns dos principais  ícones culturais da nossa vizinha Argentina. Dentro desse seleto grupo podemos incluir também o filete porteño.  Não, não se trata de um tipo de corte de carne, como o nome faz lembrar, o filete é uma arte decorativa nascida em Buenos Aires.

filete-01

Assim como o tango, não se conhece uma data específica nem um fundador para o filete. Acredita-se que imigrantes italianos foram os introdutores da arte no país, a  tradição foi sendo passada através das gerações  e foi se tornando parte da paisagem na capital porteña.

OLYMPUS DIGITAL CAMERANo começo era usado para decoração de carros eautobuses. Depois foi ganhando os mais variados contornos desde fachadas de lojas, até na decoração de  objetos, dando um colorido especial a vários bairros da cidade. Além dos desenhos e das cores, o filete pode vir acompanhado de frases da sabedoria popular argentina, o que torna a arte ainda mais original.

Quem for a Buenos Aires não pode deixar de dar uma mirada especial nesta arte tão peculiar, que no dia 01 de dezembro de 2015, foi eleita Patrimônio Imaterial  da Humanidade pela Unesco. 😉

filete-03

Blog no WordPress.com.

Acima ↑