O Instituto de Saúde Pública do Chile (ISP) autorizou na segunda-feira, dia 06 de setembro, a aplicação da vacina contra a covid-19 Coronavac em crianças e adolescentes de 6 a 17 anos. A decisão é para uso emergencial.
O instituto é vinculado ao Ministério da Saúde chileno. O orgão convocou especialistas para participarem da avaliação, baseada especialmente em um estudo chinês feito com mais de 500 crianças e adolescentes de 3 a 17 anos, o qual identificou a produção de anticorpos contra o novo coronavírus.
Cinco dos especialistas do conselho convocado pelo ISP votaram a favor da administração em crianças de 6 anos ou mais, dois foram favoráveis à autorização somente para os adolescentes a partir dos 12 anos e um votou contra a ampliação da faixa etária. A Coronavac está aprovada para uso de emergência em crianças na Indonésia e na China.
No comunicado da decisão, o ISP diz que a aplicação a partir de 6 anos foi escolhida por ser a que os “dados existentes garantem uma boa resposta imune à vacina”. Também foi destacado que o imunizante teria um “bom perfil de segurança”.
Em coletiva de imprensa, o diretor do instituto, Heriberto García Escorza, destacou que a ampliação é importante em meio à disseminação de novas variantes, como a Delta. “Vamos gerando um escudo. Os dados demonstram que as crianças estão aumentando no número de contagiados, por serem os que não estão vacinados. Dentro deste grupo etário, estão por exemplo, crianças transplantadas, imunodeprimidas. E, portanto, é muito necessário aumentar este grupo etário”, declarou.
Escorza ainda reconheceu que a decisão tem repercussão internacional. “Creio que isso nos coloca como um País bastante vanguardista, na mira do mundo”, afirmou. Ele também destacou que a vigilância sanitária chilena é “bastante boa em relação a outros países” e que será importante que médicos, professores e famílias estejam atentos a possíveis reações após a aplicação.
Sobre as crianças de 3 a 5 anos, os especialistas do instituto entenderam haver a necessidade de levantamento de dados mais completos, especialmente da resposta imunogênica e de reações. “É um grupo que tem uma resposta imune mais forte”, afirmou o diretor do instituto. “Portanto, é importante esperar um estudo de fase 3 para tomar uma maior decisão.” Ele citou como exemplo um estudo com 4 mil pessoas no País, que será liderado pela Pontifícia Universidade Católica do Chile.
A decisão foi celebrada pelo ministro da Saúde chileno, Enrique Paris. Ele classificou a autorização como uma “grande notícia”, especialmente para a população em idade escolar.
Assim como o Brasil e outros países, o Chile por enquanto realiza a aplicação apenas da vacina desenvolvida pela Pfizer com a BioNTech no público entre 12 e 17 anos. A Coronavac é a principal vacina aplicada no País, no qual 86% da população em idade elegível está com o esquema vacinal completo.
Anvisa considerou dados insuficientes para autorização no Brasil
No Brasil, a aplicação da Coronavac em crianças e adolescentes de 3 a 17 anos foi rejeitada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 18 de agosto. A decisão foi unânime e considerou que o perfil de segurança na população não foi suficientemente demonstrado nos dados enviados pelo Instituto Butantan.
A agência também apontou dificuldade de determinar a eficácia da vacina para crianças. A ausência de algumas informações sobre a proteção da Coronavac em adultos, ainda não enviadas pelo Butantan, comprometeu a análise, destacaram os diretores da Anvisa.
Apesar de os participantes do estudo terem apresentado “resposta imune robusta” quanto à indução de anticorpos neutralizantes, a eficácia da vacina em crianças é desconhecida, segundo a Anvisa, porque não houve correlação no estudo atual com a proteção obtida em adultos.
A morte do ícone da TV brasileira, Tarcísio Meira, que havia tomado as duas doses da CoronaVac e mesmo assim evoluiu para um quadro grave da Covid, acendeu o debate para a necessidade de um reforço na imunização no país.
Nosso vizinho andino Chile começou nesta quarta-feira (11) a administrar a terceira dose das vacinas contra a covid-19, num plano de reforço focado inicialmente nos quase dois milhões de cidadãos maiores de 55 anos já vacinados duas vezes com o imunizante chinês O processo de vacinação em massa contra a covid-19, por lá, começou em fevereiro passado, e nestes seis meses 82,44% da população-alvo completou sua pauta de vacinação, em boa medida com a fórmula do laboratório Sinovac. O Governo chileno tomou a decisão logo depois de detectar que essa vacina continua demonstrando importantes sinais de efetividade contra casos de hospitalização, internação em UTI e morte, mas que sua eficácia para prevenir a doença sintomática caiu de 67% a 58,49%, segundo um estudo divulgado na semana passada pelo Ministério da Saúde, que incluiu milhões de pessoas.
Com este processo de reforço, o Chile se torna o primeiro país da América do Sul a iniciar a terceira etapa da vacinação contra a covid-19 já que o Uruguai, outro país que aprovou a medida, anunciou que irá começar a reforçar a imunização na próxima semana. No resto da América Latina, a República Dominicana iniciou em julho a inoculação com a terceira injeção.
Com 65% da população já completamente vacinada, o Chile é um dos países com a campanha de proteção contra o coronavírus mais adiantada do mundo.
Segundo a subsecretária de Saúde do país, Paula Daza, indivíduos com mais de 55 anos receberão uma terceira dose da AstraZeneca da Universidade de Oxford. Já para aqueles que estão abaixo dessa idade, será oferecida posteriormente a Comirnaty da Pfizer e BioNTech. Por ora, os chilenos que tomaram duas doses da Astrazeneca ou da Pfizer não serão contemplados com o reforço. Mas eles configuram uma minoria: a CoronaVac foi aplicada em 90% dos vacinados do país.
A decisão do governo vem como uma resposta aos estudos e orientações dos cientistas de instituições locais, que observaram uma diminuição da eficácia da vacina da Sinovac com o passar dos meses.
A nação sul-americana também passa por um momento de relativa estabilidade da pandemia, com quedas nos números de casos e mortes por covid-19. Mas a chegada da variante Delta ligou o sinal de alerta das autoridades sanitárias locais e acelerou a discussão e a decisão sobre a necessidade de uma terceira dose.
Por enquanto, ainda não há nenhuma definição sobre o reforço vacinal no Brasil, mas tanto o Ministério da Saúde quanto o Instituto Butantan (responsável por finalizar a produção da CoronaVac no país) admitem que avaliam e consideram essa possibilidade.
Na dúvida, melhor garantir
De acordo com o painel da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, o Chile contabiliza até o momento 1,6 milhões de casos e 35 mil mortes pela covid-19.
O pior período da pandemia por lá ocorreu entre junho e julho de 2020, quando o país alcançou uma média móvel de 240 óbitos por dia. A nação também registrou uma segunda onda entre março e junho de 2021 e ultrapassou a média de 7,3 mil diagnósticos diários da infecção pelo coronavírus.
É curioso notar que, nesse segundo período de maior gravidade, não houve um aumento proporcional na taxa de mortes (embora elas tenham subido), o que reforça a ideia de que as vacinas estão cumprindo na prática o que foi visto nos estudos clínicos: uma proteção contra os casos mais graves, que exigem intubação e podem matar.
Falando na imunização, o Chile é o terceiro lugar no mundo com a campanha mais adiantada (só fica atrás de Emirados Árabes Unidos e Uruguai), em que 65% da população está com as duas doses e 8% com a primeira aplicação. Todos esses dados vêm do Our World In Data, portal que reúne estatísticas e informações sobre a pandemia.
Com um cenário relativamente tranquilo, o governo local decidiu aliviar as políticas restritivas e colocar em marcha o plano de retomada das atividades econômicas e sociais.
Mas dois acontecimentos criaram uma preocupação nas autoridades sanitárias e deram força aos projetos de distribuir a terceira dose. Primeiro, a confirmação da chegada da variante Delta em território chileno, que já foi detectada inclusive em pessoas que não viajaram ao exterior (o que confirma a transmissão comunitária dessa linhagem).
A experiência de outros países, como Israel, Reino Unido e Estados Unidos, mostra que essa nova versão do coronavírus é mais transmissível e está por trás do descontrole nos números de casos confirmados, mesmo nos lugares com a vacinação bem encaminhada.
A boa notícia é que a vacina continua tendo uma eficácia considerável mesmo após esse tempo. Os autores ainda destacam que foram poucos (menos de 3%) os participantes que tiveram covid-19 grave após estarem completamente imunizados.
Mesmo assim, os especialistas recomendaram que o Ministério da Saúde do Chile avaliasse a possibilidade de oferecer uma terceira dose, para garantir que o sistema imunológico continue “antenado” para evitar um ataque bem-sucedido do coronavírus.
A bioquímica e imunologista Marcela Gatica, da Universidade de La Serena, localizada no norte do Chile, chama a atenção para o fato de a pesquisa, que ganhou muito destaque, ainda não ter sido publicada em periódicos científicos, o que dificulta uma avaliação mais aprofundada sobre seus resultados.
Ela também critica a falta de critérios ou explicações para definir os tipos de vacinas que serão aplicadas em cada faixa etária. “De forma geral, uma parte da população recebeu a informação da terceira dose com alegria e tranquilidade. Mas, por outro lado, uma parcela também ficou em dúvida sobre o que isso significa e o que realmente se sabe sobre essa questão”, analisa.
“Também há um sentimento questionando se é certo dar uma terceira dose enquanto outros países não têm vacinas”, completa.
E no Brasil?
Com pouco mais de 52 milhões de doses aplicadas (36% do total), a CoronaVac é a segunda vacina contra a covid-19 mais utilizada no Brasil — ela só fica atrás da Astrazeneca, com 68 milhões de unidades (48%).
A discussão sobre a necessidade de reforço, porém, está menos avançada por aqui. Até o momento, o assunto foi mencionado por cima em discursos e entrevistas de políticos e gestores de saúde. Foi o caso, por exemplo, do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Ele disse recentemente que “tudo indica que precisaremos de uma terceira dose”.
O diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, seguiu uma linha de raciocínio parecida e declarou que algumas vacinas demandarão esse reforço. Por outro lado, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) declarou que ainda não acredita na necessidade da dose adicional.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, parece concordar. Ao reclamar sobre anúncios adiantados feitos por representantes de Estados e municípios sobre esse tópico, ele reafirmou a urgência de focar e avançar na vacinação com duas doses.
Do ponto de vista oficial, o Ministério da Saúde vai iniciar um estudo para avaliar a necessidade de reforço para quem tomou a CoronaVac.
“A pesquisa, que será realizada em parceria com a Universidade de Oxford e deve começar em duas semanas, vai verificar a intercambialidade dessa vacina com outros imunizantes disponíveis para a população brasileira”, afirma a assessoria de imprensa do ministério, após um pedido de esclarecimentos feito pela BBC News Brasil.
De acordo com a pesquisadora Sue Ann Clemens, que vai coordenar a investigação direto de Oxford, na Inglaterra, o objetivo é vacinar pessoas que já tenham tomado as duas doses da CoronaVac há pelo menos seis meses.
Os 1,2 mil voluntários serão divididos em quatro grupos: um receberá um reforço da própria CoronaVac, enquanto os outros tomarão os imunizantes da Pfizer, da Astrazeneca ou da Janssen. A partir desses resultados, as autoridades públicas brasileiras poderão decidir até o final do ano se adotam a mesma estratégia do Chile ou não.
O médico Jorge Elias Kalil Filho, professor titular de imunologia clínica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, revela que esse assunto também está sendo debatido pelo comitê técnico que assessora o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, do qual ele faz parte.
É possível que esse grupo faça novas orientações e recomendações sobre a questão ao longo das próximas semanas. A reportagem da BBC News Brasil também procurou o Instituto Butantan, responsável por finalizar a produção da CoronaVac a partir da importação dos insumos da China.
“Já temos estudos iniciados no Brasil e em outros países que preveem a necessidade de uma dose de reforço anual contra a covid-19, assim como acontece hoje em relação à influenza (gripe). Essa hipótese vem sendo amplamente discutida, especialmente diante do avanço da variante Delta”, responderam os representantes da entidade, por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa.
“Vale ressaltar que o avanço da Delta [no país] está sendo acompanhado por meio da Rede de Alertas das Variantes do Sars-CoV-2 [o coronavírus responsável pela pandemia atual], coordenada pelo Butantan e, por enquanto, não foi considerado representativo do ponto de vista populacional”, completam.
O momento certo entre a precipitação e o atraso
O resumo da ópera, portanto, é que o Brasil avalia a possibilidade de um reforço na vacinação contra a covid-19 no futuro, mas ainda estamos longe de qualquer definição sobre esse tópico. Do ponto de vista científico, esse compasso de espera até faz sentido: não temos evidências suficientes e um consenso entre os especialistas de que a dose adicional será realmente necessária.
A imunologista Ana Karolina Marinho, do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), entende que é importante que especialistas e gestores discutam esse assunto e se planejem para o futuro.
“Nós não sabemos ainda quanto tempo dura a imunidade pela vacina ou pela infecção natural. Temos estudos mostrando que ela se mantém por pelo menos seis ou até oito meses, mas ainda precisamos de dados mais sólidos”, contextualiza.
Já Kalil acredita que é necessário começar a aplicar uma terceira dose agora nos grupos vulneráveis, como indivíduos com mais de 80 anos, aqueles que fizeram ou que têm algum problema no sistema imunológico. “Muito provavelmente essa população se beneficiaria dessa estratégia, especialmente se aqueles que tomaram a CoronaVac lá atrás receberem agora uma dose da Pfizer ou da AstraZeneca”, diz.
“Nós temos que fazer projeções das hospitalizações e mortes por covid-19 daqui para frente e pensar em proteger aqueles que mais precisam”, completa o professor, que aponta a chegada de uma boa quantidade de lotes de imunizantes ao Brasil ao longo dos próximos meses, segundo o planejamento do Ministério da Saúde, como um caminho para suprir essa possível demanda extra.
Enquanto não temos uma definição, é importante que, do ponto de vista individual, todo mundo continue fazendo a sua parte e vá ao posto de saúde nas datas estipuladas. Todas as vacinas contra a covid-19 usadas no PNI foram aprovadas pela Anvisa e têm a segurança e a eficácia comprovadas em estudos rigorosos.
E, claro, mesmo com qualquer definição sobre o reforço, todas as pessoas (incluindo os vacinados) precisam continuar se cuidando e respeitando as orientações de distanciamento físico, uso de máscaras, preferência por lugares bem arejados e higiene das mãos.
Em uma decisão carregada de simbolismo e refletindo o espírito da Convenção Constitucional do Chile, que teve início no dia 04 de julho, Elisa Loncón foi eleita a presidente do órgão que deve redigir a nova constituição do país.
A indígena, de 58 anos, presidirá o órgão que criará a nova Carta Magna, que deve substituir a atual, herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Loncón é professora, linguista e ativista mapuche — maior etnia indígena do Chile. Ela foi eleita por maioria absoluta (96 dos 155 votos) no segundo turno da sessão de abertura da Convenção.
“Agradeço o apoio das diferentes coalizões que deram sua confiança e depositaram seus sonhos no chamado feito pela nação mapuche para que votassem em uma pessoa mapuche, uma mulher, para mudar a história deste país”, declarou Loncón no primeiro domingo do mês, ao aceitar o posto com o punho cerrado acima da cabeça.
“Você pode dialogar com a gente, não tenha medo, porque também está instalada uma política do medo. Há muito preconceito sobre uma candidata indígena e mapuche. Então, esse é um chamado para nos libertarmos dos nossos preconceitos e interagir em condições iguais”, disse Loncón em uma entrevista recente ao periódico chileno “La Tercera”.
Sua eleição é uma mudança drástica para grupos que não estão reconhecidos na atual Constituição. “Esta convenção vai transformar o país e torná-lo plurinacional e intercultural”, declarou a professora.
A eleição de Loncón é também uma amostra da maioria dos progressistas entre os 155 parlamentares que compõem a assembleia. Com uma direita enfraquecida, com apenas 38 das 155 cadeiras, e a ascensão de candidatos independentes — em sua maioria progressistas —, a convenção terá a missão de colocar no caminho um país duramente afetado por uma crise social e institucional.
Loncón ocupa umas das 17 cadeiras reservadas para povos indígenas, sete das quais estão ocupadas por representantes do povo mapuche, duas pelo povo aimará e um para representantes de cada um dos outros povos: kawésqar, rapanui, yagán, quechua, atacameño, diaguita, colla e chango.
Elisa Loncón é professora e militante mapuche – Imagem Divulgação
Nascida em Traiguén, na região de La Araucanía, no sul do Chile, um reduto mapuche, Loncón viveu a sua infância na comunidade Lefweluan. Recentemente, ela contou ao jornal espanhol El País que para ir à escola “tinha que viajar por oito quilômetros de sua casa na comunidade mapuche”, percurso que costumava fazer a pé. A maior parte da família dela ainda vive naquela comunidade.
Loncón se formou como professora de inglês na Universidade La Frontera, em La Araucanía, e fez pós-graduação no Instituto de Estudos Sociais de Haia e na Universidade de Regina, no Canadá. Ela também possui doutorado em Humanidades pela Universidade de Leiden, nos Países Baixos, e um doutorado em literatura na Pontifícia Universidade Católica do Chile.
Eleição simbólica
A eleição de Loncón é simbólica porque um dos principais debates para a redação da nova Carta Magna é o reconhecimento dos povos indígenas. A definição dos direitos para as comunidades indígenas e o debate sobre um Estado plurinacional são temas fundamentais.
Entre as demandas das comunidades indígenas está a criação de um Estado que aceite a autonomia e os direitos desses povos. Além disso, pedem garantias em termos territoriais e de reconhecimento de sua cultura e língua, entre outros pontos.
“Esse é um grande problema que vai custar caro, que precisará de muitas reparações históricas. E obviamente é complicado porque toca em direitos de propriedade. Mas é fundamental. Os modelos da Nova Zelândia e do Canadá são os mais interessantes (sobre o tema)”, propôs o doutor em Ciência Política Juan Pablo Luna, professor da Universidade Católica do Chile, em recente entrevista à BBC Mundo (serviço em espanhol da BBC).
Chile e Uruguai estão entre os poucos países latino-americanos que carecem de reconhecimento explícito dos povos indígenas em suas constituições. Do outro lado estão a Bolívia e o Equador, duas nações que não só reconhecem esses povos, mas também optaram por consagrar o caráter plurinacional de suas constituições.
Elisa com a bandeira Mapuche – GETTY IMAGES
Luna afirmou que a inclusão de direitos garantidos e reconhecidos na Constituição para as comunidades indígenas não representa apenas um forte efeito simbólico.
O doutor em Ciência Política apontou que vários países da América Latina que incorporaram esses direitos, como Brasil e a Colômbia, passaram a ter a Justiça como aliada dos povos indígenas para o reconhecimento de seus direitos constitucionais — como questões territoriais, acesso à saúde, entre outros direitos.
O prazo para que uma proposta de Constituição no Chile fique pronta é, no máximo, um ano desde o início oficial dos trabalhos, no domingo. Em 2022, um plebiscito, com voto obrigatório, definirá pela aprovação ou rejeição da proposta.
A atual Constituição chilena, herdada da ditadura Pinochet, é repudiada por muitos setores do país por seu modelo neoliberal no qual foram privatizados serviços básicos como água, educação e previdência.
Muita sorte ao povo chileno nesses novos tempos que surgem! ✊ 🌹 🇨🇱
As autoridades sanitárias do Chile e do Uruguai aprovaram nesta semana a administração da vacina contra Covid-19 produzida pela Pfizer e BioNTech em menores de idade a partir de 12 anos. A imunização de adolescentes nos países sul-americanos começará depois dos Estados Unidos, Canadá e da União Europeia (UE) também terem aprovado a vacina do laboratório americano para a faixa etária.
A informação sobre a aprovação no Chile foi divulgada pelo Instituto de Saúde Pública (ISP) na segunda-feira 31. Já o presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, anunciou a notícia nesta terça-feira 1º.
Em entrevista à emissora Canal 10, Lacalle Pou confessou estar preocupado com a pandemia no Uruguai e disse que até o final desta semana a programação será aberta para que jovens a partir de 12 anos possam ser vacinados. O chefe de governo insistiu que ele está confiante nas medidas implementadas por seu governo e no processo de vacinação.
A este respeito, ele confirmou que o Uruguai acaba de assinar “uma reserva de mais de 500.000 doses da vacina CoronaVac” para aumentar sua distribuição. O governo uruguaio vem cogitando administrar uma terceira dose para reforçar a eficácia dos imunizantes que estão sendo inoculadas no país, os de Pfizer e AstraZeneca e a CoronaVac.
No Chile, a vacinação de adolescentes entre 12 e 16 anos deve começar nas próximas semanas. A faixa etária se juntará às 7,9 milhões de pessoas que já receberam o calendário completo de vacinação no país, que tem 19 milhões de habitantes.
Uruguai e Chile anunciam vacinação para público entre 12 e 18 anos – Imagens: Reprodução Internet
Até hoje, o Chile recebeu quase 22 milhões de vacinas, sendo 17 milhões delas a CoronaVac. Também há 3,6 milhões de doses do imunizante da Pfizer, 693,6 mil da AstraZeneca e 300 mil da CanSino.
Além dos países sul-americanos, a vacina da Pfizer também foi aprovada em adolescentes nos Estados Unidos, no Canadá e na União Europeia. O laboratório americano solicitou no último dia 20 a aprovação da vacina em jovens a partir de 12 anos e forneceu estudos favoráveis de agências como a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA).
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) liberou na última sexta-feira a aplicação da vacina da Pfizer e da BioNTech, com tecnologia RNA mensageiro, para jovens de 12 a 15 anos de idade.
Inevitável pensar, nesse momento, que o Brasil poderia estar nesse mesmo ritmo de vacinação, não é mesmo? 😓
Graças as manifestações populares que tomaram conta do Chile desde o último mês de outubro a população vem conseguindo promover grandes mudanças na política e na economia do país: a mais recente conquista, foi a reforma tributária anunciada pelo governo no final de janeiro.
A reforma tributária busca aumentar a arrecadação anual de impostos em o equivalente a R$ 9,307 bilhões — 55% dos quais virão exclusivamente de impostos aplicáveis aos mais ricos. O dinheiro, segundo o Palácio de LaMoneda, será utilizado para bancar a agenda social apresentada para tentar conter as manifestações que começaram no dia 18 de outubro de 2019, em repúdio ao aumento da tarifa do metrô, e rapidamente assumiram reivindicações mais amplas. Ela vai no sentido contrário ao proposto no início do seu mandato pelo presidente Sebastián Piñera, que era reduzir a taxação das empresas.
Entre as medidas que entrarão em vigor estão impostos maiores sobre propriedades que custam mais de 400 milhões de pesos chilenos (R$ 2,15 milhões). Outro ponto é o aumento de 40% nos impostos cobrados sobre a renda anual superior a 184 milhões de pesos (R$ 975,7 mil). Segundo o ministro da Fazenda, Ignacio Briones, seis em cada dez pesos arrecadados com o novo projeto virão dos mais ricos.
Após pressão popular governo chileno foi forçado a rever pontos na reforma tributária e taxar grandes fortunas.
Graças aos protestos do fim de 2019, o texto original da reforma sofreu adaptações, excluindo um de seus pontos mais polêmicos: a redução de impostos para grandes empresas. A nova legislação deverá entrar em vigor em março, tempo necessário para que o texto seja revisado pelo Tribunal Constitucional. Ela estabelece ainda a redução dos impostos para idosos e um imposto sobre serviços digitais, como a Netflix e o Spotify. O projeto também simplifica a cobrança de impostos corporativos, estabelecendo uma taxa de 27% para as grandes empresas.
As maiores mobilizações sociais desde a redemocratização chilena afetaram a economia do país, reduzindo sua previsão de crescimento em 2020 de 2,75% a 3,75% para 0,5% a 1,5%. A proporção das manifestações foi tamanha que o governo viu-se obrigado a convocar um plebiscito constituinte para o dia 26 de abril, no qual o povo chileno decidirá sobre a elaboração de uma nova Constituição que substitua a herdada da ditadura. Outras concessões feitas pelo governo incluíram propostas de reforma nos sistemas de aposentadoria, de saúde e redução dos salários de autoridades, por exemplo.
E no Brasil? Será que um dia as grandes fortunas serão taxadas?🤔 Ou por aqui essa ideia vai continuar sendo uma eterna utopia?
Na próxima quarta-feira Chile e Peru disputam uma vaga na grande final da Copa América, disputada no Brasil. O Clássico do Pacífico, como é tradicionalmente conhecido, promete ser marcado por uma grande rivalidade que vai muito além das 04 linhas. Quando entrarem em campo na Arena do Grêmio, as duas seleções carregarão uma contenda nascida há mais de um século – mais precisamente entre 1879 e 1883, quando, durante quatro anos, Chile e Peru protagonizaram a ‘Guerra do Pacífico’ – que, até hoje, permanece viva no imaginário de chilenos e peruanos.
No dia primeiro de março de 1879, a Bolívia, que gozava de uma aliança secreta com o Peru – o Tratado de Defesa, assinado seis anos antes – declarou guerra ao Chile, após a tensão causada pela atuação de empresas chilenas em regiões ricas em recursos naturais na fronteira entre os países atingir patamares insustentáveis.
Sabedor do poderio do exército chileno, em um primeiro momento, o Peru buscou uma saída diplomática para o conflito, mas, sem sucesso, acabou-se vendo sem outra alternativa senão cumprir seu acordo com a Bolívia e entrar na guerra, dando asas a uma disputa que segue viva até os dias atuais entre os três vizinhos.
Com a Bolívia despreparada para o conflito e sem contar com uma marinha de guerra, o Peru foi um alvo marítimo fácil para o Chile. Em terra, os chilenos também triunfaram e, marchando ao norte, conseguiram tomar a atual capital peruana, Lima. Por pouco, todo território do Peru não foi dominado.
Sem alternativas, no dia 21 de outubro de 1883, o Peru assinou o Tratado de Ancón e pôs um ponto final ao combate entre os três países. Vitorioso, o Chile herdou a província de Tarapacá do Peru e tirou a província de Antofagasta da Bolívia, a deixando sem saída soberana para o mar – até hoje, o impasse é considerado uma ‘questão nacional’ para os bolivianos.
Apesar da assinatura que findou a guerra, o Peru nunca aceitou a perda de parte de seu território. Os peruanos reivindicam uma faixa que lhes acrescentaria aproximadamente 40 mil quilômetros às suas águas territoriais. Enquanto o Chile rejeita a discussão, com base em tratados assinados na década de 50, segundo o país.
No final de 2012, o Peru reacendeu o debate sobre sua fronteira marítima com o Chile ao entrar com processo no Tribunal Internacional de Haia, o principal órgão judicial das Nações Unidas, para revisão do caso. Após mais de uma semana de debates entre seus representantes, os países ainda aguardam uma decisão oficial.
Disputa por patente
Quem já teve oportunidade de visitar um desses países, com certeza deve ter provado uma das bebidas mais populares em ambos: o pisco, destilado feito à base de uvas. Como não bastasse toda a questão da Guerra do Pacífico o produto também é motivo de disputa entre os países: ambos defendem com unhas e dentes a paternidade da bebida.
O debate ganhou novos contornos quando alguns investigadores, liderados por Pablo Lacoste, descobriram no Arquivo Nacional de Santiago um documento feito pelo escrivão do Império Espanhol em 1773 registrando a existência de três vasilhas com a bebida na fazenda La Torre, no Valle del Elqui, no norte chileno. “A evidência documental estabelece que o pisco é um tipo de aguardente de uva que começou a ser feita no Chile no século XVIII”, afirmou Lacoste.
O pisco sour é um delicioso coquetel alcoólico típico da gastronomia sul-americana e que pode ser comparado à nossa caipirinha. Foto Reprodução – Internet
Historiadores peruanos refutaram esta versão, assegurando que no Peru existem registros da elaboração do pisco mais de um século antes, em 1613. “A notícia mais antiga é a de Pedro Manuel ‘O Grego’, considerado o primeiro produtor de pisco do Peru. “O porto de Pisco está no Peru”, de onde a bebida ganhou essa denominação, assegura à AFP José Moquillaza, especialista peruano em pisco.
Pelo jeito essa “guerra” pela patente do pisco não vai acabar tão cedo… Rs
Uma coisa é certa: a origem não faz muita diferença para aquele bom turista que como a gente quer aproveitar o que de há de melhor em cada lugar. Seja peruano ou chileno vale muito apena experimentar essa deliciosa iguaria andina.
Quem deseja estudar em uma Universidade de qualidade na América Latina, deve começar a buscar por esses cinco destinos: Chile, Brasil, Colômbia, Argentina e México.
Esses países concentram as 18 melhores universidades latino-americanas de 2018, segundo a pontuação da classificação anual QS Latin America Rankings. Os QS World University Rankings são classificações universitárias anuais publicadas pela Quacquarelli Symonds (QS), do Reino Unido. Trata-se de uma das três classificações internacionais de universidades mais influentes e amplamente observadas no mundo inteiro.
Quatro centros universitários, incluindo o número 01 da região, estão no Chile, enquanto o Brasil se destaca por ter sete instituições de educação superior entre as melhores avaliadas.
Quatro instituições da Colômbia também disputam os primeiros lugares, mas a Universidade Nacional Autónoma de México (UNAM), a maior da região está melhor posicionada que as colombianas.
Da Argentina também se destaca sua maior universidade pública, a Universidade de Buenos Aires, que alcança uma melhor pontuação na classificação global do que na regional.
Além desses países, entre os primeiros 20 lugares também está a principal universidade da Costa Rica e de Cuba.
As 20 primeiras colocadas são as seguintes:
QS Latin America Rankings 2019
1. Pontificia Universidad Católica
Chile
2. Universidade de São Paulo
Brasil
3. Universidad Estadual de Campinas
Brasil
4. Universidad Nacional Autónoma de México
México
5. Universidad de los Andes
Colombia
6. Instituto Tecnológico y de Estudios Superiores Monterrey
México
7. Universidad de Chile
Chile
8. Universidad de Buenos Aires
Argentina
9. Universidade Federal do Rio de Janeiro
Brasil
10. Universidad Nacional de Colombia
Colombia
11. Universidad Estatal Paulista
Brasil
12. Pontificia Universidad Católica de Río de Janeiro
Brasil
13. Universidad de Santiago de Chile
Chile
14. Universidad de Concepción
Chile
15. Universidad de Antioquia
Colombia
16. Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil
17. Pontificia Universidad Javeriana
Colombia
18. Universidad Federal de Río Grande del Sur
Brasil
19. Universidad de Costa Rica
Costa Rica
20. Universidad de La Habana
Cuba
Como é são avaliadas?
O grupo QS, que publica os rankings universitários mundiais a cada ano, avalia, no caso da América Latina, uma pontuação através de oito indicadores.
Os dos principais são a reputação acadêmica (30%), baseada em entrevistas com acadêmicos, assim como a qualificação que é dada por empregadores a ex-alunos dessas universidades(20%).
Também se evaluam outros aspectos sobre produção de ciência: como quantos estudos produz cada universidade e o quanto esses estudos são citados nas investigações de outras instituições.
Pontifícia Universidad Católica em Santiago – Chile – Reprodução Internet
A Pontificia Universidad Católica de Chile aparece pelo segundo ano consecutivo na primeira posição da América Latina. Embora a Universidad de BuenosAires ocupe um lugar melhor na classificação mundial do que na regional, pois, se encontra no lugar 73, enquanto que a universidade chilena está na posição 132.
Isso acontece porque o ranking QS global dá um valor diferente aos indicadores:
A nível mundial a reputação acadêmica abrange 40% da calificación, enquanto que a qualificação dos empregadores representa uma porcentagem de 10%.
Num mundo cada vez mais conectado pela internet a propagação de notícias falsas, as já famosas “Fake News” é algo cada vez mais difícil de controlar. Além da facilidadade de se espalharem, afinal, hoje em dia, é difícil ver alguém sem o celular na mão, elas também são muito fáceis de serem produzidas: basta ter um bom programa de edição de imagens e vídeos à disposição e uma ideia mal intencionada na cabeça, que o estrago já está feito.
Esse fenômeno pode causar muito prejuìzo à reputação de pessoas e empresas, e é ainda mais perigoso quando o assunto é eleição. Muitas pessoas podem decidir o voto baseadas em mentiras propagadas pelas redes sociais, o que configura uma grave ameaça à democracia. Pensado nesse perigo, o senador chileno Alejandro Navarro, fundador do partido Pais, está com um projeto de reforma constitucional para punir candidatos a cargos políticos no Chile que utilizarem notícias falsas nas eleições.
A proposta, que Navarro nomeou de “Lei Bolsonaro”, tem o objetivo de punir aqueles que se beneficiarem das fakes news para se eleger.
“O projeto visa cancelar uma candidatura política presidencial, parlamentar, municipal ou de governador, quando algum político for responsabilizado pela difusão de notícias falsas, durante sua campanha”, afirma texto publicado em seu site oficial.
Segundo o parlamentar, essa é “uma reforma necessária para resguardar a democracia”, que protegerá “a nova forma de fazer política que tomou a extrema-direita na América Latina” e que “espalha mentiras e destrói a reputação de candidaturas opositoras”.
O senador também fez um alerta de que a notícia falsa é uma manobra eleitoral efetiva e que candidatos que as usam ganham eleições. “Não podemos deixar que essa prática conquiste a política chilena. É uma bola de neve que não podemos deixá-la crescer”, afirma.
“Lei Bolsonaro”
De acordo com Navarro, o nome “Lei Bolsonaro” foi escolhido “por causa da maneira questionável de fazer política do candidato presidencial no Brasil, Jair Bolsonaro, candidato eleito à presidência do Brasil.
Para justificar a proposta, o senador cita a reportagem do jornal Folha de S.Paulo, de que empresários teriam pagado pela divulgação de notícias falsas contra a candidatura de seu adversário no segundo turno, o professor universitário e ex-ministro da educação Fernando Haddad.
Como exemplos de fake news, Navarro cita o “kit gay”, a já negada tese de que Haddad defendia incesto em um de seus livros e de que o petista iria elaborar um projeto de lei para legalizar a pedofilia.
Além disso, ele diz reconhecer que “as notícias falsas são difíceis de combater, porque os eleitores ficam com a primeira impressão”.
México e EUA
Além de Bolsonaro, o senador cita mais dois exemplos de candidaturas impactadas por notícias falsas.
No México, ele relembra a situação do candidato e ex-jogador de futebol, Cuauhtémoc Blanco, “que foi difamado por uma empresa paga por seu concorrente eleitoral, que o culpou pelo maciço corte de água no município de Cuernavaca”, diz Navarro. “Eles inventaram até que o bispo local protestou contra Blanco, mas até mesmo o bispo se ofereceu para processar os mentirosos.”
Navarro compara o episódio do México com a eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos. “Algo semelhante aconteceu com Donald Trump, quando ele foi acusado de usar o sistema Analytica Cambridge, estudando perfis de usuários do Facebook para enviar informações falsas favoráveis a sua candidatura”, disse o parlamentar.
Me pareceu muito válida a medida porque daqui pra frente essa tem que ser um preocupação não só dos países latinos, mas de qualquer país democrático no mundo inteiro.
O Chile é um dos destinos mais procurados pelos turistas brasileiros. O país andino é famoso pelas suas belas paisagens naturais e pela hospitalidade de seu povo. Para quem se interessa por geografia, não há destino mais favorável, pois, o território chileno é um dos mais diversificados do planeta, possuindo quatro tipos de relevo que se desenvolveram no sentido norte-sul. São eles: as Planícies Costeiras ou Litorais, a Cordilheira da Costa, Depressão Intermediária e a Cordilheira dos Andes (dos seus 9.000 quilômetros, 4.600 estão localizados no território chileno).
Altiplanos – Imagem Acervo Pessoal.
Além de possuir um relevo acidentado e montanhoso, o país está situado ao longo de uma área vulcânica onde podem ocorrer tremores de terra ou terremotos. Devido a sua grande extensão, possui climas variados. De maneira geral, podemos dizer que existem três grandes zonas climáticas. No norte predomina o clima desértico, caracterizado por poucas precipitações; Nas zonas central e sul, predomina o clima temperado, onde se observam claramente as quatro estações do ano; E quando avançamos para o sul, as chuvas aumentam e o frio permanece o ano todo. O país possui uma vegetação bastante diversificada e uma fauna bem peculiar, sendo que no litoral as focas e os leões marinhos chamam a atenção, especialmente dos turistas.
De olho em todos esses atrativos, Hélio Oliveira, professor de Geografia, da Rede Municipal de Ensino da cidade de Confins, na grande Belo Horizonte, planejava fazer uma viagem ao Chile já há algum tempo e nesse ano de 2018 o projeto se concretizou. Juntamente com os filhos e o genro, o educador pôde aprimorar seus conhecimentos geográficos e visualizar ao vivo as paisagens tantas vezes comentadas com seus alunos em sala de aula. A família visitou a região norte do país, passando também pela capital Santiago e pelas cidades praianas de Viña del Mar e Valparaíso.
Hélio planejou a viagem em família, com os filhos e genro – Foto – Acervo Pessoal
Surpreendente
O professor conta que a viagem atendeu suas expectativas e causou até algumas boas surpresas: “Dentre os aspectos que mais chamou minha atenção estava o ambiente da região. Por exemplo, eu achava que a Cordilheira dos Andes era um relevo inacessível, um lugar inóspito, inadequado para a vida em decorrência das altas altitudes, mas na viagem tive a oportunidade de estar em locais situados no topo da Cordilheira onde vi lagos e uma fauna diversificada adaptada àquele ambiente. Ele também tinha uma visão diferente em relação ao Atacama: “Eu imaginava que o deserto do Atacama, por ser o mais árido do planeta, era praticamente inabitável e sem vegetação devido à falta de umidade provocada pela ausência de chuvas, mas não é assim. Existe vegetação, principalmente de gramíneas, além de lagos, faunas e comunidades indígenas vivendo ali, trabalhando com agricultura e artesanato” – explica.
Aspectos culturais
Em relação aos aspectos culturais, Hélio observou os resquícios da colonização espanhola e um sentimento de nacionalização forte em algumas localidades: “Principalmente na região do deserto deu pra notar que ainda existe reflexo da colonização espanhola e costumes indígenas, através das edificações, das vestimentas e artesanatos. Também deu pra perceber uma demonstração do sentimento nacionalista da população. Em São Pedro de Atacama e nas vilas de Socaire e Tocane pude ver muitas casas e estabelecimentos comerciais com a da bandeira do Chile hasteada. Acredito também que a localização geográfica do país contribui para esse espírito nacionalista: o fato de ser um país praticamente isolado de outros, separado por uma grande cadeia de montanhas de um lado e de outro pelo Oceano Pacífico contribui para a preservação da identidade” – observa.
Comida
A comida local que mais chamou sua atenção foi a centolla no Mercado Central de Santiago. Se trata de uma espécie de caranguejo gigante encontrado em águas profundas do Oceano Pacífico, considerado um dos pratos mais exóticos da culinária chilena. “Me pareceu bastante saboroso, só achei estranho o garçom colocar uma espécie de babador nos clientes – (risos). Já em São Pedro do Atacama experimentamos vários pratos com muita carne. Achei curioso o uso do abacate em muitos pratos” – comenta.
Impressões
Como em todo país, existem pontos positivos e negativos que percebemos ao visitar. Hélio comenta sobre suas impressões: “É difícil avaliar em duas semanas, mas durante minha permanência achei o país organizado, com uma boa infraestrutura, principalmente nas rodovias. Não vi violência (roubos, assaltos, acidentes) nos dias que permaneci no país. Na capital Santiago, gostei do sistema de transporte, principalmente do metrô. Não presenciei congestionamento no trânsito. Já em relação aos aspectos negativos posso falar sobre o alto custo de vida e uma certa desigualdade social, pois, apesar do Chile apresentar um dos melhores indicadores sociais da América Latina, pude observar pessoas pedindo ajuda nas ruas e alguns trabalhando na informalidade (como camelôs) em Santiago e Valparaíso” – revela.
Lugares fantásticos
Hélio conta que gostou muito de todos os lugares que conheceu: ” Achei fascinantes todos os lugares que visitei. São Pedro de Atacama com suas ruas estreitas e sem asfalto, com pessoas de todas as partes do mundo. As Lagunas Altiplánicas, a Reserva Nacional dos Flamingos, o Valle de La Luna, O Deserto do Atacama, as cidades de Valparaíso e Viña del Mar onde pude avistar pela primeira vez o oceano Pacífico entre outros”. O local que mais sua chamou atenção entre todos, foi a região onde se encontram águas subterrâneas quentes conhecida como Geiseres El Tátio. “Se fosse para escolher apenas um desses locais escolheria visitar novamente os Geiseres El Tatio porque foi muito emocionante poder testar minha resistência estando a uma altitude de 4.300 metros com uma temperatura de cinco graus negativos” – afirma.
Na região dos Geiseres El Tatio a temperatura fica abaixo de zero. Foto Acervo Pessoal
Retorno
“O Chile é um país rico em belezas naturais. Dava para voltar lá e visitar a mesma região e conhecer outros lugares sem repetir o que já conhecemos”. Gostaria de voltar um dia especialmente para conhecer o sul, na região da Patagônia – revela o professor”.
Um dos pontos emocionantes da viagem foi o encontro com o Oceano Pacífico – Acervo Pessoal.
E você se interessou também em conhecer esse país tão especial? Não perca mais tempo e vá se preparando para se aventurar nesse maravilhoso universo chamado Chile.
Se por aqui no Brasil houve anistia para todos os militares envolvidos nos crimes do período ditatorial, em nossos vizinhos, felizmente, a situação foi bem diferente. Muitos culpados foram punidos e alguns estão sendo julgados até hoje. Um exemplo é a condenação de vários culpados pela assassinato do cantor chileno Victor Jara: A justiça do país condenou nesta terça-feira (03) nove militares da reserva pelo assassinato do artista ocorrido em 1973.
Jara foi detido, torturado e assassinado com 44 tiros em um complexo esportivo em Santiago, dias após o golpe militar que instalou no poder a ditadura do general Augusto Pinochet, em 11 de setembro de 1973.
Dos nove condenados, 08 foram sentenciados a 15 anos e um dia de prisão pelo assassinato de Jara e de um ex-diretor prisional Littre Quiroga Carvajal. A pena do outro militar foi de 05 anos, por seu papel no acobertamento dos assassinatos.
Imagem: Reprodução Internet
Jara, na época, com 40 anos, era um conhecido cantor, diretor teatral e professor universitário que simpatizava com o governo socialista Salvador Allende, que foi deposto no golpe de 1973. O trabalho de Jara e a natureza de sua morte inspiraram tributos de artistas incluindo Bruce Springsteen, The Clash e U2.
O cantor foi preso com alunos, colegas acadêmicos e diversos outros simpatizantes da esquerda em um complexo esportivo que hoje leva seu nome.
Segundo testemunhas, que também foram detidas na ocasião, as mãos de Jara foram esmagadas com o cano de uma arma e ele foi duramente espancado durante seu encarceramento.
Durante a ditadura de Pinochet, que durou até 1990, cerca de 3.200 pessoas foram mortas, e, 28 mil, torturadas pelo Estado.