Hollywood, não muchas gracias

Sabe aquelas entrevistas que fazem você virar ainda mais fã de um artista que já admirava muito? Vou recomendar a vocês uma dessas. O artista no caso, é Ricardo Darín, um dos nomes mais conhecidos do cinema latino. Em entrevista ao apresentador Alejandro Fantino, no Programa Animales Sueltos da TV argentina, o ator e diretor comenta sobre o fato de nunca ter se interessado em atuar por Hollywood por não aceitar a lógica que prevalece por lá.

Darín conta que chegou a recusar um convite do diretor Tony Scott, irmão do prestigiado Ridley Scott para atuar em um filme com Denzel Washington, no qual faria o papel de um narcotraficante. Esse tipo de papel foi um dos pontos que desagradaram o ator argentino e o fizeram recusar o convite. O fato de os atores latinos serem chamados, na maioria das vezes, para interpretar criminosos é algo que reforça estereótipos e o que o incomoda bastante.

“Hollywood não me tira o sono, o Oscar não me tira o sono. (…) Me criticaram muito por dizer que não tinha vontade de ir ao Oscar. Me perguntavam ‘mas como vai dizer que não tem vontade de ir ao Oscar? Você tá brincando!’ “Sim, não tenho vontade de ir no Oscar. Qual o problema” ? – contou ao apresentador.

O mais legal da entrevista é reparar na expressão de surpresa no rosto do entrevistador ao notar o desprendimento de Darín em relação ao dinheiro, prestígio e fama que Hollywood pode proporcionar. A reação do apresentador parece ser de espanto e admiração ao mesmo tempo.

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Apresentador se surpreende com a postura de Darín – Reprodução Internet 

É realmente admirável a sabedoria e a leveza que ele transmite ao nos faz refletir sobre o que realmente deve nos fazer feliz na vida. A felicidade para ele está longe dos holofotes de Hollywood: se encontra em poder passar mais tempo com a família, em ser amado pelas pessoas ao redor, em trabalhar fazendo o que gosta, em ser fiel aos seus princípios. 

Ele faz também uma crítica ao excesso de desigualdade existente no planeta e diz se sentir  um privilegiado por ter conquistado tanta coisa em quanto muitos, infelizmente, não tem nem ao menos um prato de comida todo o dia. “Eu me sinto feliz, eu posso tomar dois banhos quentes por dia” – provoca.

Assista o vídeo com um trecho da entrevista com legendas em português e se inspire com o sábio Darín 😉

Relatos Selvagens

Todos nós temos nossas fases ruins, sem falar naqueles dias que se pudéssemos escolher nem teríamos saído de casa porque exatamente tudo dá errado. Dependendo da situação, nosso nível de estresse pode se elevar de tal modo, que não é difícil perder a cabeça e acabar cometendo alguma loucura. O filme argentino “Relatos Selvagens” mostra como o ser humano pode ser levado ao seu extremo em fração de segundos. O longa é divido em seis episódios que contam dramas sofridos por diferentes personagens. O diretor Damián Szifron conseguiu construir todas as seis narrativas de maneira bem envolvente, nos levando a ficar tensos em alguns momentos e a dar muitas gargalhadas em outros.

Um dos protagonistas da película é ninguém menos que Ricardo Darín. O astro argentino estrela o conto que possui a pegada mais social, como é costume em sua filmografia. Ele interpreta um cara comum que tem o carro rebocado no dia do aniversário da filha. O acontecimento desencadeia uma série de abusos, que vão levando o personagem de Darín a ter um surto de violência pela revolta com a burocracia do sistema.  A cena  lembra muito o filme “Um dia de fúria” com Michael Douglas. Em outros episódios vimos o que uma noiva em fúria é capaz fazer, e o que uma simples ofensa de trânsito pode gerar, entre outros dramas….

Pra quem curte filmes com enredos envolventes e com uma temática psicológica bem articulada “Relatos Selvagens” é indispensável 😉

 

 

El Clan

Sabe aqueles roteiros que de tão improváveis e incríveis parecem terem sido totalmente inventados por uma mente extremamente criativa? A história da família Puccio é um desses exemplos onde a realidade supera a ficção.  A trajetória desse sobrenome de criminosos que aterrizou a Argentina, na década de 80, é contada pelo diretor PabloTrapero no filme O Clã.

Quem desconfiaria de uma família tradicional, cujo pai  é um respeitado  ex-militar, a mãe professora primária e o filho mais velho um talentoso jogador de rugby, um dos esportes mais tradicionais de seu país?  Os Puccio levavam uma vida normal aos olhos de seus vizinhos e conhecidos, que nem imaginavam as atrocidades cometidas ao lado.

A frieza com que sequestravam suas vítimas é demostrada com maestria na interpretação de Guillermo Francella. A impressionante manipulação psicológica, em que seu personagem, Arquimedes, o pai, envolve os membros da família é  outro ponto forte da película de Trapero.

Com uma trilha sonora baseada em bandas clássicas de rock como  The Kinks, Creedance e David Lee Roth o clima de tensão, que se estende durante todo o filme, se torna um pouco mais leve.

Se você ficou curioso pra saber qual foi o fim dessa surpreendente família, não deixe de assistir O Clã. 😉

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