Setenta anos de Almodóvar

O cineasta espanhol mais conhecido na atualidade, Pedro Almodóvar, completou 70 anos no último dia 24 de setembro. Para celebrar o nascimento desse diretor tão marcante, o Museu de Imagem de Som de São Paulo (MIS) preparou uma programação especial, com todos os filmes do diretor.

O objetivo do evento é dar ao público uma dimensão da rica contribuição do espanhol à indústria cinematográfica e cultural.

mostraA mostra “Almodóvar 70 anos” foi organizada em parceria com a Pandora Filmes – distribuidora conhecida por promover acesso aos clássicos do cinema  mundial. O evento possui sessões que variam entre exibições em películas de 35 mm ou digital. Clique aqui para ter acesso à programação completa.

Biografia

De origem humilde, Pedro Almodóvar não teve condições financeiras para estudar cinema, e de qualquer forma,  isso não seria possível,  em sua juventude, já que no início da década de 1970 as escolas cinematográficas estavam fechadas pela ditadura de Franco na Espanha. Então, nesse período, ele foi vendedor de rua, cantor de uma banda de rock e desenhista de quadrinhos. Quando finalmente arranjou algo fixo, em uma empresa de telefonia, economizou seu salário para comprar uma câmera Super 8, que usou para fazer curtas no final dos anos 1970. Populares, seus filmes foram destaque no movimento cultural La Movida, que surgiu em Madrid nessa época. Seus primeiros trabalhos foram lançados em 16mm, e as dificuldades de financiamento que encontrou o forçaram a abrir sua própria produtora, ao lado do irmão, Agustín Almodóvar.

A  produtora El Deseo, que produziu filmes de cineastas como  Guilhermo Del Toro, deu chance a Pedro para que se ele lançasse de vez no mercado na década de 1980.  Foi com  “Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos” (1988) que o produtor alcançou algum status, arrecadando prêmios e indicações importantes. A partir de então, seria figura recorrente em premiações como o Goya, o David di Donatello e em festivais como o de Cannes, evento do qual foi presidente do júri em 1992.

Características marcantes

Almodóvar ficou famoso por quase sempre trazer em seus filmes o tema da diversidade sexual e da exploração sexual da mulher, além de ser amplamente conhecido por usar e abusar das cores fortes. Ele é conhecido também pelo hábito de trabalhar com os mesmos atores diversas vezes.  Entre as figuras que ficaram conhecidas como “atores de Almodóvar” estão:  Carmem Maura, Marisa Paredes, Chus Lampreave, Penélope Cruz e Antônio Bandeiras.  Pedro recusou inúmeras vezes a direção de filmes hollywoodianos, por preferir conduzir os seus próprios projetos, tornando-se assim um dos mais autênticos nomes do cenário do cinema contemporâneo.

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Penélope Cruz e Antônio Bandeira são uns dos “atores de Almodóvar”.

Dor e Glória

No quesito Óscar,  Almodóvar também não tem o que reclamar: já possui duas estatuetas  na bagagem — Melhor Filme Estrangeiro em “Tudo sobre minha mãe” (2000) e roteiro original em “Fale com ela” (2002). E no ano que vem, o diretor terá mais uma vez uma película na disputa pela maior premiação do cinema mundial.  É a sétima vez que a Academia seleciona uma obra de Almodóvar para concorrer ao Oscar. A escolhida da vez é “Dor e Glória”, que representará a Espanha na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. A 92ª edição dos prêmios será realizada em 9 de fevereiro em Los Angeles, Estados Unidos.

“No momento estou viajando para o Festival de Toronto, por isso não posso estar na Academia com todos vocês, mas quero agradecer o apoio e a oportunidade de poder competir, mais uma vez, na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar. É uma grande honra representar nossa indústria. Não será fácil estar entre os cinco indicados, porque há muita competição todos os anos, mas farei, com a [produtora] El Deseo e a Sony Pictures Classics, tudo o que puder para que isso aconteça. Quero compartilhar minha alegria com todos os atores e técnicos que participaram do filme. Obrigado a eles por seu talento e dedicação, e à Academia por nos dar esta oportunidade. Obrigado de coração”, disse o diretor em comunicado ao saber da escolha.

Em Cannes, onde a carreira internacional de “Dor e Glória” começou em maio,  Almodóvar conversou com  o jornal El País sobre esse drama estrelado por Salvador Maíllo, um alter ego do cineasta encarnado por Antonio Banderas, e assim resumiu seu amor pelo cinema: “Embora o personagem de Antonio esteja em uma situação mais crítica que a minha, sofri um medo semelhante por não poder filmar por doença,  fiquei com receio de não poder trabalhar em mais nenhum filme. Tenho uma grande dependência de fazer filmes, é total. Este é, para mim, o tema mais pessoal de “Dor e Glória”. Foi … terapêutico, apesar de eu odiar essa palavra, porque ninguém dirige como terapia” – afirma.

Seus fãs torcem pra que essa dependência continue por muitos e muitos anos e que venham muchissímas otras películas más! Vida longa ao mestre! 🎬

Fontes: El País, Adoro Cinema, Acervo “O Globo”.

 

 

 

Medianeras

Sabe aqueles filmes, que de tão fofos, depois que você assiste, dá vontade de recomendar pra todo mundo? Medianeras, Buenos Aires na era do amor digital é assim… A película, como o nome sugere é um romance, mas abrange muitos outros pontos que vão do amor ao drama, com boas doses de comédia.

O título original “Medianeras” se refere ao nome que dão na Argentina para as  laterais dos prédios, que viraram local de propaganda e já abrigaram murais de pintores.  As medianeras são o lado esquecido de um edifício. O lado que não dá para a frente nem para os fundos, que acusa a passagem do tempo e que não esconde a sujeira que faz parte da cidade e sua história. O restante do título adotado no Brasil  (Buenos Aires na Era do Amor Digital) deve-se a  conexão que o roteiro faz entre a arquitetura, a modernidade, o crescimento desordenado de uma metrópole  (no caso, a capital argentina) e como isso afeta seus habitantes.

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O filme Medianeras debate os reflexos nocivos da modernidade na vida das pessoas. Imagem – Reprodução Internet

O filme foi lançado em 2011, quando os smartphones ainda não eram tão presentes em nosso cotidiano como são hoje, mas a internet já era presença marcante na vida de muitos, especialmente dos mais jovens. O filme propõe uma reflexão sobre como o ambiente digital, que promete uma aproximação das pessoas, pode muitas vezes causar o efeito contrário: uma solidão cada vez maior.

Os personagens principais Martin (Javier Drolas)  e  Mariana (Pilar López  de Ayala)   _  que dão um show de atuação _  são exemplos de jovens solitários que se fecham cada vez mais em si mesmos, devido especialmente a traumas sofridos no passado. Ambos parecem não se adaptar bem a esse universo de amores líquidos, que vão e vem numa velocidade tão rápida como um clique.

Durante todo o filme ficamos torcendo pelo encontro dos dois, já que ao conhecer a história de cada um de forma paralela, vamos percebendo como eles são parecidos e como formariam um par ideal. O tão esperado encontro parece que não vai acontecer nunca, e enquanto isso, eles vão vivendo outras histórias desencontradas, e sofrendo cada um com suas desilusões.

Acredito que essa demora do encontro foi uma maneira de o diretor Gustavo Taretto chamar nossa atenção para alguns fatores, tais como: A dificuldade de conhecer alguém  com quem realmente desejemos ter um relacionamento duradouro, mesmo vivendo em locais com tanta gente; Como nas questões amorosas o quesito sorte, ou  o destino, se preferirem, é tão decisivo, (afinal, eles moravam tão perto e nunca haviam se encontrado antes); Como o ambiente virtual deixa as relações pessoais um tanto banalizadas; Como é importante se desconectar um pouco para viver de fato a vida, entre outros tópicos…

O lançamento de Medianeiras aconteceu há 07 anos, mas posso afirmar que o filme está cada vez mais atual e suas reflexões estão ainda mais pertinentes,  hoje em dia, na era das redes sociais. Se você ainda não viu, confira no link abaixo essa deliciosa história legendada em português e descubra que ainda há espaço para o amor em nosso mundo cada vez cibernético.

Ps: Assista até o final dos créditos para não perder uma parte importante Rs

 

Um conto para a vida

 Sabe aqueles que filmes que você gosta tanto, e sempre fica com vontade de assistir de novo, além de recomendar para todos? “Um conto chinês” é um desses meus filmes favoritos. Assisti pela primeira vez em 2011 no cinema, e depois disso, já vi algumas vezes na internet e também na TV. A película argentina do diretor Sebastián Borensztein é uma comédia deliciosa, com uma trama totalmente inesperada e surpreendente. A genialidade do mestre Ricardo Darín, que interpreta  Roberto, um rabugento e solitário convicto,  é um dos pontos altos do filme.

A monótona vida de Roberto muda de repente com a chegada de Jun (Ignacio Huang) um chinês que chega à Buenos Aires, sem saber uma só palavra em espanhol e sem nenhum dinheiro. O destino parece querer pregar um peça em Roberto: Por que justo ele teria que ajudar esse desconhecido? E apesar de não ter nenhuma obrigação de ajudar, ele não consegue deixar o indesejável hóspede ir embora.

No decorrer do filme, vamos percebendo que Roberto não é tão insensível como parece, e vamos nos divertindo com sua aventura diária de sobreviver sem pirar no meio dessa  confusão toda e de quebra ainda achar um espaço para o amor.

Apesar de já ter visto o filme várias vezes sempre me comovo com a história, principalmente no final quando muitas revelações são feitas e descobrimos que não se trata apenas de um conto chinês, mas sim, de um conto para a vida.

Assista,  se emocione e se divirta também!

Observação importante: Está disponível também no Netflix! 😀

 

 

 

 

 

 

 

 

¿Cuánto cuesta?

O cinema é uma das minhas maiores paixões, estou sempre acompanhando os lançamentos e sempre que posso compareço, (na verdade pela minha vontade estaria toda semana em frente a grande tela) Rs Mas sabemos que no Brasil não é um programa muito barato. E em outros países da América Latina? Como são os valores? Tem lugares mais caros e bem mais baratos também. Segundo pesquisa feita pela BBC latina, com preços em dólares, a entrada mais cara na região é paga no Chile: em torno de US$ 9,2, e a mais barata se vende em Cuba: US$ O,10.

Esses números, porém, como podemos imaginar, são relativos, porque se de um lado o Chile tem o ingresso mais caro, por outro, a renda per capita de lá é maior do que nos outros países. E em Cuba, onde a entrada é mais barata, a maioria dos filmes transmitidos são produções nacionais e latinas e poucas hollywoodianas.

tabela

Excluindo os extremos da lista  (Chile e Cuba), entre os países onde se vende as estradas  mais caras estão: Argentina, US$ 8,45, Belize US$ 7,50 e Brasil US$ 7,00. Entre os mais baratos aparecem:  El Salvador US$2,50, Costa Rica US$2,94 e México US$3,30.

A  Venezuela é um caso aparte. O custo da entrada do cinema em Caracas gira em torno de 400 bolívares, mas por causa do controle do cambio e dos tipos distintos estabelecidos pelo governo, o  equivalente em dólares pode ir de US$63,49 a  US$2,01. Já a Colômbia, apesar de nos últimos anos, ter acumulado uma grande alta na inflação, em torno de 64% desde 2005, conseguiu manter estável o preço das entradas do cinema. Confira abaixo a tabela com as variações dos preços nos últimos 10 anos em 08 países latino-americanos:

cine-precios

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