Equador, o país da América Latina que mais recebe imigrantes

O mundo vive hoje uma crise de imigração muito grande. Seja na Europa, onde milhares chegam fugindo de guerras e da fome, seja na América do Norte, onde a cada dia centenas de pessoas arriscam a vida para  tentar entrar nos Estados Unidos em busca do sonho de uma vida melhor, a situação é dramática e muito triste. Nos últimos dias, o mundo assistiu horrorizado imagens de crianças vivendo em abrigos em situação muito precária e vivendo a pior das crueldades: a separação de suas famílias ao pisarem o solo da nação mais rica do mundo.

Se por um lado o governo Trump dá um péssimo exemplo ao mundo, por aqui na América do Sul, o Equador faz justamente o contrário: O país acolhe um total de 60.524 refugiados oficialmente dentro de suas fronteiras, uma cifra que supera a soma de pessoas que se encontram nessa situação em todos os demais países latino americanos juntos.

Tabela

“A América Latina sempre teve uma tradição de ser um refúgio, de acolher as pessoas que tem que sair de seus países. O Equador continua essa tradição já estabelecida de conceder asilo a quem necessita” – comentou ao site da BBC Mundo María Clara Martín,  representante da Agência da ONU para refugiados no Equador.

Martín considera que esse país aplica inúmeras boas práticas que podiam servir de exemplo não só aos países da região, mas também para o resto do mundo.

Razões

Como explicar que um país com menos de 20 milhões de habitantes acolhe mais  refugiados que outros  muito maiores como Brasil e México?

Martín assinala que um fator determinante  é a proximidade geográfica com a Colômbia. Até uns anos atrás, a situação complicada da Colômbia era a que mais gerava deslocamentos e os refugiados costumam sair para os países próximos da fronteira – afirma.

Como consequência disso, 98% dos refugiados em Equador são de nacionalidade colombiana.

“Essa é uma cifra histórica que se mantêm desde 1989”, indica a especialista ao destacar que os 2% restantes são compostos de afegãos, sírios, cubanos, venezuelanos, iraquianos, entre outros.

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Imagem: Reprodução Site BBC Mundo

Além de compartilhar fronteira com um Estado do qual procede um número grande de refugiados, há outras razões pela quais o Equador se destaca nesse âmbito.

Martín aponta que os equatorianos são sensíveis ao tema dos refugiados porque conhecem bem essa situação de desamparo, já que depois do ano 2000 saíram de forma massiva ao exterior.

Esta sensibilidade se traduziu agora na “Lei de Mobilidade Humana”  uma das mais avançadas do mundo, aprovada em janeiro de 2017.

“Essa norma materializa e torna muito mais efetiva essa tradição de asilo porque cria um marco legal que confere direitos, documentação e oferece soluções duradouras aos refugiados, que podem se nacionalizar depois de ter passado três anos no Equador”  – aponta Martín. Quem for acolhido no país nessas condições, tem direito a uma cédula de identidade igual a de qualquer equatoriano.

Isso evidentemente reduz a discriminação, mas também elimina um dos obstáculos que os refugiados tinham para ter acesso a diferentes serviços e inclusive ao trabalho. Antes eles tinham uma identificação de refugiados, mas nem todos os empregadores  a reconheciam – explica Martín.  

A especialista exalta alguns princípios fundamentais contidos nessa norma como o direito a unidade familiar e a não criminalização por causas de mobilidade humana.

“Essas são boas práticas  que  o Equador pode exportar ao mundo”, assegura.

Fonte: BBC Mundo

 

 

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