O ano de 2016 não será esquecido facilmente. Muitos acontecimentos, especialmente no âmbito da política, foram marcantes. Foi um ano também de muitas despedidas, entre elas, a de Fidel Castro,  um dos personagens mais importantes e polêmicos do século XX.

    A trajetória de Fidel está diretamente ligada à de seu companheiro mais famoso Ernesto Che Guevara. Juntos os dois marcaram pra sempre a história de Cuba ao derrubar o governo de Fulgêncio Batista e estabelecer um regime que visava combater as injustiças do regime capitalista.

    A semente revolucionária, porém, começou a brotar no coração de Che muito antes de seu encontro com o líder cubano.  Em 1952, Ernesto Guevara, que na época era apelidado de Fuser  aceita a proposta de seu amigo Alberto Granada para deixar Buenos Aires e partir rumo a uma viagem por vários países da América Latina a bordo de “La Poderosa”, uma moto que de poder mesmo não tinha quase nada. Rs

    Deixando pra trás a família e a faculdade de medicina o jovem Fuser embarca na aventura que mudaria sua vida e a de milhares de pessoas pra sempre. Se você ficou curioso pra saber como foi essa viagem tão especial, não deixe de ver o filme “Diários de Motocicleta” do diretor brasileiro Walter Salles. Ao assistir você vai adentrar, junto com Che e seu amigo, no universo de uma América Latina complexa e densa. E vai perceber que apesar de todas diferenças somos mais próximos do que imaginamos.

    Pra quem curte aprofundar ainda mais nas histórias recomendo também a leitura do livro “De moto pela América do Sul, escrito pelo próprio Che, que serviu de base para o filme. 😉

Abaixo o link para o longa completo dublado em português:

 

Olhar vigilante

A colonização da chamada América Espanhola  é considerada uma das mais cruéis de todos os tempos. Milhares e milhares de vidas foram ceifadas sem a menor piedade pelo homem branco que aqui chegou sentindo-se dono de tudo. Esse triste capítulo da história da humanidade se tornou conhecido graças a bravos homens que tiveram coragem de relatar, mesmo correndo o risco de sofrer perseguições, tudo que se passava nas chamadas Novas Índias. Uma dessas personalidades é Frei Bartolomeu de Las Casas.  

Nascido em Sevilha, Espanha, em 1474, Frei Bartolomeu chegou na América Central no início do século XVI. A princípio veio com a missão de “catequizar” os índios, mas após ouvir um sermão em que outro missionário espanhol condenava a forma cruel como os índios eram tratados no Novo Mundo, mudou sua forma de pensar e agir passando a defender a causa indígena. Não usava, porém, nenhuma arma de fogo, sua forma de combater a tirania espanhola era através da palavra escrita.

Tive oportunidade de ler recentemente Brevíssima Relação da Destruição das Índias  – O Paraíso Destruído, uma de suas marcantes obras.  A leitura é indispensável pra quem tem interesse em conhecer mais profundamente sobre como foi a “colonização” espanhola, mas aviso desde já, que não é uma leitura nada fácil,  porque é necessário ter estômago forte pra acompanhar página a página, em detalhes, todos os tipos de atrocidades cometidas pelos espanhóis em solo americano.

Frei Bartolomeu tinha o olhar atento e humano, e não poupava critica aos sanguinários homens que vieram para cá com a missão de trazer  a palavra de Deus, e no entanto, serviam apenas ao deus chamado dinheiro.

Além de tornar pública as atrocidades cometidas pelos espanhóis, Frei Bartolomeu combateu na Europa a ideia de que a escravização dos índios era natural, já que muitos naquela época defendiam a ideia de que eles já nasceriam submissos. Ao morrer com 92 anos, Frei pôde ver alguns avanços em relação ao tratamento dado aos índios, mas muito longe daquilo que ele almejou. Sua importância, porém, na defesa dos índios, é incontestável, afinal, se não houvesse alguém para desafiar a história oficial, hoje poderíamos acreditar que na  América pré-colombiana havia apenas habitantes selvagens, desprovidos de cultura. Sua obra nos mostra claramente quem eram na verdade os selvagens, desprovidos de qualquer humanidade…

Blog no WordPress.com.

Acima ↑