No último dia 27 de janeiro, se completou 10 anos de uma das maiores tragédias brasileiras: o incêndio da Boate Kiss. Para evitar que algo tão triste e revoltante se repita é fundamental que o fato não caia no esquecimento e a mídia, sem dúvida, é uma grande aliada nesse sentido. Para marcar uma década da tragédia, duas grandes plataformas de streaming lançaram uma série sobre o tema: “Todo dia a mesma noite” pela Netflix e “Boate Kiss” a tragédia de Santa Maria, pela GloboPlay. Apesar do assunto ser o mesmo, as abordagens são diferentes: a produção da Netflix é uma obra ficcional baseada no livro da jornalista Daniela Arbex, que leva o mesmo nome da série, já a obra da Globo Play é uma série documental, dirigida pelo jornalista Marcelo Canellas, com relatos reais de sobreviventes, amigos, familiares, réus, entre outros envolvidos diretamente no acontecimento.
Eu, particularmente, gostei bastante das duas séries, e acredito que vale a pena assisti-las para se ter uma percepção mais aprofundada sobre ângulos diferentes, apesar de alguns momentos serem muito duros para acompanhar em ambas as produções… A série da GloboPlay me chamou a atenção, especialmente, por um fato específico: a equipe da Globo foi até a Argentina para contar uma história extremamente semelhante à tragédia de Santa Maria e que eu nunca tinha ouvido falar: o incêndio na boate República Cromañón, localizada em Buenos Aires, no dia 30 de dezembro de 2004.
A tragédia argentina também foi consequência do lançamento de um equipamento pirotécnico utilizado por um dos integrantes da banda que se apresentava no local naquela noite, a Callejeros. Ao entrar em contato com o teto composto de material inflamável, começou um incêndio que vitimou quase 200 pessoas fatalmente e deixou feridas outras 1.432. Antes da tragédia de Santa Maria, esse era o incidente em casa noturna que mais contabilizava vítimas em toda a América Latina. Foi inevitável pensar, que sabendo que algo tão grave já havia acontecido no país vizinho, a tragédia em Santa Catarina poderia ter sido evitada se houvesse mais consciência pelos responsáveis pelo funcionamento da boate, autoridades municipais e também pelos integrantes da banda que se apresentou naquela terrível noite na Kiss.
Na série documental da GloboPlay podemos ver como as famílias argentinas e brasileiras se uniram para combater a dor de perder seus entes queridos e também para clamar por justiça.
O mês de fevereiro começou bem para os amantes da arte que vivem ou estarão de passagem pela capital paulista: A cidade de São Paulo recebe, a partir da quarta-feira (1º), duas exposições imersivas de ícones mundiais das artes visuais: a mexicana Frida Kahlo e o britânico Banksy.
As instalações estão no Shopping Eldorado, na Zona Oeste da capital, e ficam em exibição até 30 de abril de 2023;
Os ingressos são vendidos separadamente, variam de R$ 45 (meia-entrada) a R$ 170 (experiência VIP);
E podem ser adquiridos no site da Eventim.
Frida Kahlo: uma biografia imersiva
A exposição sobre Frida Kahlo, ícone da arte e do feminismo, chega a São Paulo após ter passado por Europa, Estados Unidos e ter estreado no Brasil por Salvador, na Bahia. “Por meio de coleções de fotografias históricas, filmes originais, ambientes digitais, instalações artísticas, itens de colecionador e música original, o público é convidado a um mergulho nos momentos mais relevantes da vida da artista mexicana e nos valores e ideais que fazem sua obra reverberar nos tempos atuais ainda com mais força”, informou a assessoria do evento.
A mostra é composta por dez ambientes em um espaço de 2.000 m²;
A duração é de cerca de 90 minutos;
Alguns destaques são: – “O Instante”: holografia que reproduz o acidente de bonde que marcou a vida de Frida; – “O Sonho”: uma instalação que tenta reproduzir imaginação e sentimentos de Frida durante a sua recuperação na cama, lugar onde criou grande parte de suas obras;
O destaque é o salão principal, que tem 1.000 m² de telas projetáveis pelo chamado “Universo de Frida”, onde o expectador se “mistura às obras”.
The Art of Banksy
Já a exposição The Art of Banksy reúne mais de 150 obras do artista entre originais, certificados, gravuras, fotos, litografias, esculturas, murais e instalações de vídeo. Alguns dos trabalhos foram reproduzidos para a exposição a partir da técnica de estêncil de Banksy.
As obras estão distribuídas em 14 ambientes;
Há uma sala dedicada à Ucrânia, que reproduz intervenções recentes feitas em uma área bombardeada na guerra com a Rússia;
Algumas das obras expostas são: “Gangsta Rat”, “Flying Copper”, “Kate Moss”, “Kissing Coppers”, “Monkey Queen”, “Bomb Hugger”, “Game Changer” e as icônicas “Flower Thrower” e “Ballon Girl”;
Um documentário em vídeo em um ambiente único oferece aos visitantes informações sobre a vida e a obra do artista.
A crítica social é uma das marcas da obra do artista – Imagem Divulgação
“A mostra foi preparada para que, em vários momentos, as pessoas consigam se sentir inseridas no ambiente de algumas de suas criações, estejam com ele no momento e no local em que sua arte foi gerada. Entre elas, seu trabalho mais recente, a intervenção feita por ele na Ucrânia”, contou Rafael Reisman, produtor executivo da exposição, realizada em parceria com Muse Entertainment, Events e EEG.
Vale muito apena conferir as duas exposições 😉
*Com informações de Portal G1 e Canal Band Jornalismo – Youtube
Nesta quarta dia 18 de janeiro, a Argentina completa 01 mês da conquista da Copa do Mundo. O título, tão sonhado de “La Tercera”, foi celebrado das formas mais eufóricas possíveis, por argentinos espalhados pelo planeta. Confesso, que deixei a rivalidade de lado e também torci muito pelos muchachos, principalmente pelo ídolo Messi, que merecia demais levar essa Taça para coroar de vez sua espetacular carreira. O gênio argentino, entrou de vez na turma seleta dos deuses do Olimpo do futebol, depois da conquista do título no Catar. Muitos argentinos já o querem até como presidente 😅
População da Argentina, deixou os problemas de lado e viveu momentos de grande alegria nas últimas semanas, devido à conquista do tão sonhado terceiro título Mundial – Imagem: Martin Villar – Reuters
Além da festa que os hermanos fizeram nas arquibancadas e do show de talento exibido pelo camisa 10 em campo, outro ponto chamou muita atenção durante a disputa do Mundial: a ausência de jogadores negros na equipe albiceleste. A curiosidade por causa desta questão étnica chegou até mesmo ao jornal norte-americano “The Washington Post”, que publicou um artigo analisando a diferença da Argentina para outros países da América do Sul nesta Copa, como Brasil, Equador e Uruguai. A “Celeste Olímpica”, como é conhecida a seleção uruguaia, contou nesta edição com um famoso afrodescendente, o meia Nicolás de La Cruz, do River Plate, já na Argentina, a ausência de jogadores negros foi completa.
Algumasexplicações
O último censo argentino é o de 2010 (o de 2022 está em fim de cálculo). Nessa pesquisa de 12 anos atrás, 149.493 pessoas, meros 0,3% da então população da Argentina (40,79 milhões), era negra. “Muitos escravos negros morreram durante as guerras da independência da Argentina”, explicou ao UOL Luciana Bonder, professora do Instituto de Genética da Universidade de Buenos Aires (UBA). Tais conflitos ocorreram entre 1810 e 1819, e nesse período houve também uma grande deserção desse contingente para países como Peru e Uruguai.
“A seleção argentina pode não incluir pessoas de ascendência africana por decisão técnica, mas tampouco é um país totalmente branco”, afirma Carlos Pagni, historiador e colunista do jornal “La Nación”. “Há pessoas que no país podem ser vistas ou chamadas de ‘morenas, bronzeadas’. É comum ouvir na Argentina tais apelidos para designar pessoas que não são brancas. Há muitos jogadores que poderiam ser descritos como morenos.” Todo técnico quer ganhar. Ou alguém imagina que De La Cruz, se fosse argentino, não teria oportunidade na seleção? Jogando em um clube como o River, ainda por cima? Tremenda bobagem.”
O peso do passado
Em seu livro “Os Argentinos”, publicado em 2012, o jornalista Ariel Palacios, correspondente em Buenos Aires há 27 anos, relembra: “O grande escritor Borges cita ocasionalmente em seus poemas a presença de negros na Argentina. Esta população africana tinha um peso significativo na época da colônia”. “No caso da cidade de Buenos Aires, entre 25% e 30% dos habitantes antes da Independência eram escravos trazidos da África ou seus descendentes. Nos primeiros anos das guerras da Independência, grande parte deles constituiu os grupos de soldados que geralmente iam na vanguarda das tropas (e, portanto, tinham mais baixas que o resto).” Em sua obra, Palacios situa o cenário daqueles tempos: “O racismo crescente também levou diversos afro-argentinos a migrar do país. Muitos partiram para o Uruguai, onde a comunidade era maior e sofria menos níveis de pressão por parte das autoridades e da sociedade”.
Atualmente, segundo Palácios, “embora quase que visualmente desaparecidos, a imensa maioria dos afro-argentinos que podem ser vistos nas ruas atualmente são na realidade os imigrantes de Cabo Verde que chegaram a partir de 1960. Os afro-argentinos estão presentes nos genes argentinos.
Campeões Mundiais
Há dois jogadores campeões mundiais pela Argentina que são afrodescendentes. O goleiro reserva Héctor Baley, integrante da seleção campeã de 1978, e o volante (e xará) Héctor Enrique,em 1986, cujo apelido na Argentina até hoje é “Negro Enrique”. Por causa do tom de pele, Baley era chamado de “Chocolate”: “Recebi esse apelido quando jogava no Estudiantes. Ficou por toda a vida, todo mundo me chama assim”, contou, em entrevista ao canal de TV C5N em 2018.
Hector Baley compôs o elenco da seleção campeã mundial em 1978 – Imagem: Facebook – AFA
Ao portal argentino “Infobae”, Baley revelou em 2020 que sofreu muito preconceito: “Há discriminação no meu país por causa da cor de pele. Me xingavam. Mas como era conhecido, acabei sendo bem menos insultado. Antes disso, me senti discriminado, mil vezes”. Outro exemplo de jogador afrodescendente a defender a Argentina é o lateral Hugo Ibarra, hoje técnico do Boca Juniors. Com passagens pela seleção no ciclo de Marcelo Bielsa, ele chegou a ser até mesmo capitão da equipe em 1999.
Esperamos que na Argentina e em todo o mundo, qualquer tipo de discriminação vire coisa somente do passado…🌹
A colombiana Skakira é uma das artistas latinas mais conhecidas mundialmente desde os anos 90. De lá pra cá, a cantora vem se consolidando cada vez mais no cenário musical global e hoje é reconhecida no mundo inteiro, especialmente depois do mega sucesso “Waka Waka”, tema da Copa do Mundo de 2010, disputada na África do Sul. Recentemente, Skak dividiu o palco com outra super latina: Jennifer Lopez, no intervalo do Super Bowl, maior evento esportivo dos Estados Unidos – outro momento marcante para a cantora. Porém, como nem tudo na vida são flores, no ano passado, a estrela passou por graves problemas pessoais, dentre os quais, uma separação conturbada: após descobrir uma traição de seu então marido Gerard Piqué, jogador de futebol que ganhou fama atuando pelo Barcelona e pela seleção espanhola, o matrimônio chegou ao fim após mais de uma década.
Quem acompanha a vida da artista, pode imaginar como esse momento deve ter sido duro, pois ela sempre tecia muitos elogios ao pai de seus 02 filhos e já havia até mesmo dedicado uma canção a ele: “Me enamoré” em 2017. Naturalmente, porém, os sentimentos de Skak mudaram depois de tanta decepção e a musa resolveu fazer desse limão uma limonada. Antes mesmo de ser confirmado o divórcio, em abril de 2022, a cantora lançou a canção “Te felicito” em parceria com o cantor porto-riquenho Rawn Alejandro, onde podemos perceber claras referências ao término da relação. Repare só um trecho, traduzido para o português, de “Te felicito”:
Eu não compro essa filosofia barata
Me desculpe, nessa moto já não monto
Eu não suporto pessoas de duas caras
Eu colocava minhas mãos no fogo por você
E você me trata como mais um de seus desejos
Sua ferida não abriu minha pele, mas abriu meus olhos
Eu os tenho vermelhos de tanto chorar por você
Quando perguntada sobre a motivação da música “Te felicito” a cantora respondeu para a revista Elle: “Solo puedo decir que ya sea consciente o inconscientemente, todo lo que siento, todo lo que vivo, se refleja en las letras que escribo, en los videos que hago. Es mi forma de ser. Como dije antes, mi música es ese canal”. “Só posso dizer que, seja consciente ou inconscientemente, tudo que eu sinto, tudo que vivo, se reflete nas letras que escrevo, nos vídeos que eu faço. É minha forma de ser”. Como disse antes, minha música é esse canal.
Com certeza, todos perceberam um justo desabafo da colombiana, nesta canção, mas a melhor parte ainda estava por vir. Neste início de 2023, a cantora lançou um novo single em parceria com o DJ argentino Bizarrap, que se tornou um verdadeiro fenômeno na internet: Com 63 milhões de visualizações no Youtube em 24 horas, o vídeo da dupla de artistas se tornou a música latina mais assistida na história da plataforma, segundo informações do jornal britânico The Guardian. “Shakira Bzrp Music Sessions 53” também bateu recordes no Spotify alcançando o primeiro lugar em apenas 01 dia.
“Isso é incrível!! Obrigado a minha equipe maravilhosa e grupo de guerreiras que caminham ao meu lado”, postou Shakira. “E um brinde a todas as mulheres que me ensinam a fazer limonada doce quando a vida te dá aqueles limões azedos”, celebrou a diva pop.
Confira abaixo o clip da música que caiu no gosto do público mundial e analise a letra recheadas de indiretas, ou seriam diretas mesmo, para o ex? Rs Como queiram… 🎤🎤
Fontes: Site Rolling Stone Brasil e Youtube – Foto: Marcelo Theobald/Extra
No apagar das luzes do ano de 2022, nosso Rei nos deixou. Pelé que virou adjetivo de excelência há muitas décadas, estará sempre vivo no coração de todo aquele que ama o futebol como arte e não apenas como um esporte. A maioria de nós, não teve o privilégio de ver a estrela de Pelé brilhar ao vivo nos gramados, mas quem teve essa chance, jamais esqueceu e foi marcado pela aura de sua Majestade. Hoje é fácil falar da realeza de Pelé, afinal ele é o único jogador a ganhar 03 Copas do Mundo, além de ter sido eleito o atleta do século, mas imagina reconhecer sua Graça quando ele tinha apenas 17 anos e nenhum Mundial no currículo? Pois foi exatamente isso, que outro gênio brasileiro, o jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues, fez em março de 1958. Em um texto profético, Nelson descreveu Pelé como um rei, após vê-lo jogar pelo Santos contra o América do Rio. Escolhido como personagem da sua crônica semanal, o escritor antecipou o que todos descobririam no futuro: Pelé não era apenas mais um craque em formação, ele era um mágico com a bola nos pés, um sol a brilhar com toda sua esplendorosa majestade. Alguns, que leram a crônica na época, podem ter achado que Nelson estava emocionado demais, porém, hoje em dia, sabemos que ele estava coberto de razão. Obrigada por tudo Rei! Descanse em Paz Edson, nascido para brilhar assim como o inventor da lâmpada; e vida longa ao legado do Pelé Eterno!
Confira abaixo o texto com a profecia do mestre Rodrigues:
A realeza de Pelé – Nelson Rodrigues
Depois do jogo América x Santos, seria um crime não fazer de Pelé o meu personagem da semana. Grande figura, que o meu confrade [Albert] Laurence chama de “o Domingos da Guia do ataque”. Examino a ficha de Pelé e tomo um susto: — dezessete anos! Há certas idades que são aberrantes, inverossímeis. Uma delas é a de Pelé. Eu, com mais de quarenta, custo a crer que alguém possa ter dezessete anos, jamais. Pois bem: — verdadeiro garoto, o meu personagem anda em campo com uma dessas autoridades irresistíveis e fatais. Dir-se-ia um rei, não sei se Lear, se imperador Jones, se etíope. Racialmente perfeito, do seu peito parecem pender mantos invisíveis. Em suma: — ponham-no em qualquer rancho e a sua majestade dinástica há de ofuscar toda a corte em derredor.
O escritor Nelson Rodrigues, apaixonado por futebol, foi pioneiro em reconhecer a majestade de Pelé – Foto – Google Imagens
O que nós chamamos de realeza é, acima de tudo, um estado de alma. E Pelé leva sobre os demais jogadores uma vantagem considerável: — a de se sentir rei, da cabeça aos pés. Quando ele apanha a bola e dribla um adversário, é como quem enxota, quem escorraça um plebeu ignaro e piolhento. E o meu personagem tem uma tal sensação de superioridade que não faz cerimônias. Já lhe perguntaram: — “Quem é o maior meia do mundo?” Ele respondeu, com a ênfase das certezas eternas: — “Eu.” Insistiram: — ”Qual é o maior ponta do mundo?” E Pelé: — “Eu.” Em outro qualquer, esse desplante faria rir ou sorrir. Mas o fabuloso craque põe no que diz uma tal carga de convicção que ninguém reage, e todos passam a admitir que ele seja, realmente, o maior de todas as posições. Nas pontas, nas meias e no centro, há de ser o mesmo, isto é, o incomparável Pelé.
Vejam o que ele fez, outro dia, no já referido América x Santos. Enfiou, e quase sempre pelo esforço pessoal, quatro gols em Pompeia. Sozinho, liquidou a partida, liquidou o América, monopolizou o placar. Ao meu lado, um americano doente estrebuchava: — “Vá jogar bem assim no diabo que o carregue!” De certa feita, foi até desmoralizante. Ainda no primeiro tempo, ele recebe o couro no meio do campo. Outro qualquer teria despachado. Pelé, não. Olha para a frente, e o caminho até o gol está entupido de adversários. Mas o homem resolve fazer tudo sozinho. Dribla o primeiro e o segundo. Vem-lhe, ao encalço ferozmente, o terceiro, que Pelé corta sensacionalmente. Numa palavra: — sem passar a ninguém e sem ajuda de ninguém, ele promoveu a destruição minuciosa e sádica da defesa rubra. Até que chegou um momento em que não havia mais ninguém para driblar. Não existia uma defesa. Ou por outra: — a defesa estava indefesa. E, então, livre na área inimiga, Pelé achou que era demais driblar Pompeia e encaçapou de maneira genial e inapelável.
Ora, para fazer um gol assim não basta apenas o simples e puro futebol. É preciso algo mais, ou seja, essa plenitude de confiança, de certeza, de otimismo que faz de Pelé o craque imbatível. Quero crer que a sua maior virtude é, justamente, a imodéstia absoluta. Põe-se por cima de tudo e de todos. E acaba intimidando a própria bola, que vem aos seus pés com uma lambida docilidade de cadelinha. Hoje, até uma cambaxirra sabe que Pelé é imprescindível na formação de qualquer escrete. Na Suécia, ele não tremerá de ninguém. Há de olhar os húngaros, os ingleses, os russos de alto a baixo. Não se inferiorizará diante de ninguém. E é dessa atitude viril e, mesmo, insolente, que precisamos. Sim, amigos: — aposto minha cabeça como Pelé vai achar todos os nossos adversários uns pernas de pau. Por que perdemos, na Suíça, para a Hungria? Examinem a fotografia de um e outro time entrando em campo.
Enquanto os húngaros erguem o rosto, olham duro, empinam o peito, nós baixamos a cabeça e quase babamos de humildade. Esse flagrante, por si só, antecipa e elucida a derrota. Com Pelé no time, e outros como ele, ninguém irá para a Suécia com a alma dos vira-latas. Os outros é que tremerão diante de nós.
Manchete Esportiva, 8 de março de 1958.
Fontes: folhavitoria.com.br, Canal: Leonardo Guerreiro – Youtube e Getty Images
Os jogares de futebol brasileiros são conhecidos pela sua habilidade, dribles irreverentes e alegria em campo. Essa desenvoltura, que anda ao lado da competência, nunca foi um empecilho pra nossos craques se destacarem aqui no Brasil e também na gringa, pelo contrário. Mas esse prazer de jogar bola, que nossos atletas manifestam, aliado ao grande talento, infelizmente parece incomodar alguns. Prova disso, foi o que aconteceu com o craque Vinícius Jr, que joga atualmente pelo Real Madrid: O jogador foi vítima de xenofobia e racismo em uma tacada só.
Na quinta-feira, dia 15 de setembro, durante o programa de TV “El Chiringuito”, o Presidente da Associação Espanhola de Empresários de Jogadores, Pedro Bravo, usou termos preconceituosos para se referir ao atleta brasileiro. Após a repercussão da fala, o atacante do Real Madrid se manifestou na tarde de sexta (16), em meio a uma série de apoios de grandes lendas do futebol.
O estopim da história foram as dancinhas feitas por Vini Jr. na comemoração de seus gols. Inicialmente, o jogador Koke, do Atlético de Madrid, afirmou que o brasileiro teria uma “confusão” caso fizesse isso ao marcar um gol no próximo domingo. Então, Bravo seguiu pela mesma linha de raciocínio no programa espanhol – mas comparou a atitude do atleta à de um “macaco”. “Você tem que respeitar o rival. Se quer dançar, que vá ao Sambódromo no Brasil. Aqui o que você tem que fazer é respeitar os companheiros de profissão e deixar de fazer macaquice”, declarou o agente. A fala de Bravo imediatamente revoltou colegas de programa, que logo o rebateram.
Passado o episódio, Pedro foi às redes sociais e tentou se retratar pelo que houve. “Quero esclarecer que a expressão ‘fazer macaquice’ que utilizei mal ao qualificar a dança do Vinicius na comemoração dos gols foi de maneira metafórica (‘fazer idiotices’). Como minha intenção não foi de ofender ninguém, peço sinceramente desculpas. Sinto muito!”, escreveu o presidente da associação.
Imagem: Twitter – ViniJr
Vini Jr. se manifesta
Diante da situação, Vini divulgou um vídeo rebatendo as falas racistas que recebeu, citando como suas conquistas incomodam. “Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra”. Tenho essa frase tatuada em meu corpo e tenho uma atitude na minha vida que transforma essa filosofia em prática. Dizem que a felicidade incomoda. A felicidade de um preto, brasileiro e vitorioso na Europa, incomoda muito mais. Mas a minha vontade de vencer, meu sorriso e o brilho dos meus olhos são muito maiores do que isso”, iniciou.
O brasileiro, então, deu “nome aos bois” e não minimizou o que sofreu, pontuando como sua atitude não difere do comportamento de outras lendas do futebol. “Fui vítima de xenofobia e racismo em uma só declaração. Mas nada disso começou ontem. Há semanas começaram a criminalizar as minhas danças. Danças que não são minhas. São do Ronaldinho, do Neymar, do Paquetá, do Matheus Cunha, do Griezmann e do João Félix. Dos funkeiros e sambistas brasileiros, dos cantores latinos de reggaeton e dos pretos americanos. São danças para celebrar a diversidade cultural do mundo. Aceitem, respeitem, ou surtem. Eu não vou parar”, afirmou.
Vini ainda mencionou como busca incentivar a educação e como seguirá na luta para que racismo e xenofobia sejam combatidos de frente. “Não costumo vir publicamente rebater críticas. Sou atacado e não falo. Sou elogiado e também não falo. Eu trabalho e muito! Dentro e fora de campo. Desenvolvi um aplicativo para auxiliar a educação de crianças em escolas públicas sem ajuda financeira de ninguém. Eu estou fazendo uma escola com meu nome e farei muito mais pela educação. Quero que as próximas gerações estejam preparadas, como eu estou, para combater os racistas e os xenofóbicos”, acrescentou.
Por fim, o craque do Real Madrid deixou claro que não vai abaixar a cabeça e nem parar de dançar. “Sempre tento ser um exemplo de profissional e cidadão, mas isso não dá clique, não engaja em rede social. Então, os covardes inventam algum problema para me atacar e o roteiro sempre termina com um pedido de desculpas, ou um ‘fui mal interpretado’. Mas eu repito para você, racista: não vou parar de bailar. Seja no Sambódromo, no Bernabéu, ou onde eu quiser. Com o carinho e o sorriso de quem é muito feliz, Vini Jr”, concluiu ele.
Desde este lamentável ocorrido, a hastag: #BAILAVINIJR vem viralizado em várias partes do mundo em solidariedade ao jogador brasileiro. Esperamos que ele siga sim bailando e demostrando sua alegria ao celebrar cada gol e cada vitória. No final do ano, desejamos que os jogadores latinos, especialmente, os nossos brasileiros, tenham muitas razões para bailar em campo durante a Copa do Mundo. Parafraseando o Velho Lobo Zagallo: Os racistas e xenófobos de plantão vão ter que nos engolir…
Sabe aqueles artistas que você se lembra de ser fã, desde sempre, mas quando conhece sobre a vida da pessoa, um pouco mais a fundo, se torna ainda mais fã? Foi exatamente assim que me senti depois de assistir ao documentário sobre a musa latina Jennifer Lopez na Netflix. “Half Time” mergulha nos bastidores da vida da estrela pop no momento em que ela está completando 50 anos e se prepara para uns dos maiores desafios de sua carreira: fazer o show do intervalo do SuperBowl, o maior evento esportivo dos Estados Unidos e um dos maiores do mundo.
O nome do documentário, “Half Time”, além de fazer clara referência ao show do intervalo da final do campeonato de futebol americano, também dialoga com a vida pessoal de JLO, que chega à meia idade em plena forma e cheia de planos. Em uma de suas falas no filme, ela diz que sente que sua vida está apenas começando – uma evidente prova da energia e determinação contagiante que ela tem. Quem a vê falar assim, talvez não imagina que ela já traçou um vasto caminho, desde os tempos de bailarina no Bronx, em sua cidade natal, Nova York, até se tornar uma grande estrela da música pop mundial e também de Hollywood.
Durante o filme, percebemos como foi constante a luta de JLO para ser valorizada por seu trabalho e não somente por suas curvas esculturais. Ao fim, percebemos que ela finalmente parece ter conseguido esse objetivo, apesar de que ainda o preconceito por ser mulher e latina, na maior potência do mundo, ainda é algo presente, infelizmente.
Justamente essa questão da luta contra o preconceito é um dos pontos centrais de “Half Time”, já que ao ser escolhida para o evento do SuperBowl, juntamente com a colombiana Skakira, Jennifer fez questão de não apenas entreter, mas também transmitir uma mensagem importante ao público: os latinos também são parte dos Estados Unidos e não são uma parte inferior, muito pelo contrário, são um dos pilares da nação e por isso todos devem ter orgulho de sua origem.
Além de conhecermos o esforço dela para produzir um show inesquecível no Super Bowl, na produção da Netflix mergulhamos um pouco na vida pessoal de JLO, especialmente na sua relação com seus pais e filhos, principalmente com a filha, que demostra ser um companheira inseparável e um porto seguro para a mãe famosa.
Mesmo que você não seja tão fã como eu sou, vale muito a pena assistir esse documentário que propõe muitas reflexões acerca de temas importantes, como o protagonismo feminino e o papel da mídia e de Hollywood na manutenção de estereótipos, além de outros pontos interessantes que se relacionam à história dessa grande mulher que ousou ser o que ela sonhou: uma artista verdadeiramente completa…
Neste domingo, dia 07 de Agosto de 2022, o Brasil celebrou 08 décadas de vida de um seus maiores artistas de todos os tempos, Caetano Veloso. O irmão de Betânia, filho de dona Canô nos encanta com sua poesia transformada em música e nos alenta nos momentos mais difíceis. Um aniversário tão especial não poderia deixar de ser comemorado em grande estilo. O cantor se apresentou em uma live transmitida para todo o Brasil, diretamente do Rio. Grandes nomes da arte brasileira estavam presentes no evento: Gilberto Gil, Lulu Santos, Ana Carolina, Vanessa da Mata, William Bonner, Renata Vasconcellos, Wagner Moura, Sabrina Sato, Marcelo Serrado, Marcos Palmeira, Rodrigo Santoro, Dira Paes, Djavan, entre outros.
Aclamado no Brasil, Caetano é reconhecido também mundialmente; quem é fã dos filmes de Almodóvar, por exemplo, já deve ter reparado a presença do brasileiro nas trilhas sonoras do diretor espanhol. Um outro gringo, fã declarado de Caetano, é o uruguaio Jorge Drexler. A pedido do Jornal ” O Globo”, o cantor e compositor escreveu um texto em homenagem ao ídolo e amigo. Confira abaixo:
‘Quando eu for jovem quero ser que nem Caetano Veloso’
“A primeira vez que vi Caetano Veloso foi no ano de 1985, durante o carnaval de Salvador da Bahia. Em traje de banho, e em meio a uma compacta massa de corpos banhados pela chuva, o suor e a cerveja, descia eu pela Rua Carlos Gomes atrás de um trio elétrico e a caminho da Praça Castro Alves quando, ao olhar pra cima, vi uma imagem do Caetano pintada em uma faixa de rua que atravessava de um lado ao outro da avenida.
Como um semideus, ele sorria pra nós desde as alturas enquanto a sua cidade, transbordante de beleza inteligente, música, cor e desejo, o homenageava na sua maior festa popular. Acho que foi a primeira vez que entendi, profundamente, o que a música podia significar em uma sociedade, assim como o papel que poderia chegar a ter na minha própria vida.
Compreendi também que existia um outro mundo além daquele opressivo e cinza dos tempos da ditadura no Uruguai, onde eu tinha crescido. Um mundo onde eu tinha algo a fazer: canções.
Drexler canta Caetano – Fonte Canal Tiago Medina
No Brasil de hoje, que aos poucos está se despertando de seu próprio pesadelo, também opressivo e cinzento, é difícil ver em perspectiva algo tão grande quanto a figura de Caetano. Mas eu – que embora me sinta em casa no Brasil, o enxergo de fora – posso me permitir ver o país como ele é: um gigante cultural que tem a canção popular como centro identitário.
Esse fenômeno incomum foi gerado por uma geração incomum de “cancionistas”.
Realmente incomum.
A concentração de talento na música brasileira do último meio século é algo insólito, talvez apenas comparável a fenômenos como o Século de Ouro espanhol ou o Tin Pan Alley de Nova York.
O Brasil protagonizou (e ainda protagoniza) uma espécie de Era de Ouro Tropical.
Talvez só ao longo de décadas vamos perceber o privilégio que foi termos sido contemporâneos de uma série de fenômenos da magnitude da Bossa Nova, do Tropicalismo e da MPB.
E Caetano Veloso é parte central da espinha dorsal desse milagre musical.
Encontro de dois gênios da música latina – Reprodução Google
A sua excelência insólita, como compositor e intérprete, o coloca como um dos seus dínamos essenciais. Caetano, que tem conseguido se manter sempre atento, sempre aberto a cada época e evitando o abraço pétreo da consagração, aquela cabeça de Medusa que transforma em estátua de si mesmo o artista que assume sua própria glória.
Só o fui conhecer pessoalmente em novembro de 1993, quando ele foi tocar pela primeira vez no Uruguai, com “Circuladô ao vivo” (talvez o melhor show que já vi na minha vida!). O impacto que me provocou foi tanto que sua presença cênica reverbera em mim ainda hoje, cada vez que piso em um palco.
Caetano é belíssimo, por dentro e por fora, com essa aura de semideus que vi naquela faixa no carnaval de 1985. Mais do que nunca, ele agora está aí: charmoso, inovador, inspirador e com aquela elegância natural realçada pelos seus tropicais 80 anos.
Quando eu for jovem quero ser que nem Caetano Veloso.
A maioria dos brasileiros que visitam a Argentina escolhe Buenos Aires, Bariloche ou Mendoza como destinos. Não suspeitam que, no noroeste do país, descortina-se um cenário de paisagens impressionantes que exaltam os sentidos. Na fronteira com os vizinhos Chile e Bolívia, estão as províncias de Salta e Jujuy, as novas apostas do turismo argentino.
A partir de julho deste ano, a companhia aérea Aerolíneas Argentinas vai inaugurar três frequências semanais e diretas de São Paulo para Salta, a porta de entrada da região. O lançamento foi feito, na feira de turismo WTM Latin America, e contou com a presença do ministro de Turismo e Esportes da província de Salta, Mario Peña.
Essa região tem paisagens muito singulares: salares brancos que espelham o céu, colinas coloridas como o arco-íris, cactos gigantescos, caminhos incas, rochas esculpidas pela ação da água e do vento, a Rota do Vinho mais alta do mundo, trem turístico, comunidades indígenas, cidades coloniais de influência espanhola e uma culinária variada e requintada.
Porta de entrada
Salta – que leva o mesmo nome da província e está 1.259 m acima do nível do mar – é uma cidade para ser explorada a pé. Na praça 9 de Julho, estão edifícios icônicos, como a Catedral, o Cabildo (prefeitura) e o Museu Arqueológico de Alta Montaña, cujo acervo exibe rotativamente três múmias de crianças incas descobertas no vulcão Llullaillaco em 1999.
Catedral mais famosa da cidade de Salta – Reprodução Internet
A uma quadra da praça está um cartão-postal da cidade, a igreja de São Francisco, além do Museo Güemes. Para ter uma panorâmica da cidade, deve-se subir o teleférico Cerro São Bernardo (150 pesos por pessoa), que leva ao topo da colina homônima. Há, ainda, no alto, uma belíssima cachoeira artificial e cênica, que corre por toda a extensão do morro.
Rota 68
De Salta até Cachi, pela Rota 68, há pelo caminho belezas dignas de uma paradinha para foto: a Cuesta del Obispo, que o bispo de Tucumán utilizou para descansar durante a viagem em 1600; a Piedra del Molino, onde está a capela de San Rafael, no ponto mais alto da estrada, a 3.457 m; a Quebrada de Escoipe; o Parque Nacional Los Cardones, um “mar” de cactos gigantes; e a Recta del Tin-Tin, na qual se vê parte da trilha inca que ficava no país.
Parque Nacional de Los Cardones – Reprodução Internet
Cachi é rodeada de montanhas da cordilheira dos Andes de mais de 5.000 m de altura. Foi fundada no século XVI, tendo sido o lar da aristocracia colonial. Na cidade, o ponto principal é a praça 9 de Julho com a rústica e pitoresca igreja San José de Cachi, que surpreende pela sua autenticidade e simplicidade, e o Museo de Arqueología Pio Pablo Díaz, com um vasto patrimônio arqueológico de itens datados de diferentes períodos históricos.
Quebradas
Saindo de Cachi, pela Rota 40, passa-se pelo Valles Calchaquíes, com 2.000 m de altitude. O destaque é o Camino de los Artesanos, onde há uma gama de lojas de artesanatos locais, casas de chá e galerias de arte. Não se pode deixar de conhecer os povoados de Seclantás, Molinos e Angastaco, este último onde se localiza a famosa Quebrada de las Flechas.
El camino de los artesanos
Explicando: o turismo nessa região se dá por meio de suas quebradas, que são vales com depressões formadas pela erosão do vento e da chuva. Esses desfiladeiros são monumentos naturais, cuja origem remonta a 15 milhões ou 20 milhões de anos. Las Fechas tem rochas pontiagudas, de até 20 m de altura. O ideal é visitar essas quebradas no pôr do sol.
Cafayate
Cafayate é o ponto final da viagem. A cidade, a 160 km de Cachi, surpreende pela beleza do desfiladeiro homônimo e pela produção de vinho de uva Torrontés. A região é o segundo maior centro de produção de vinhos na Argentina e tem a Rota do Vinho mais alta do mundo. Há vinícolas que podem ser visitadas, como El Porvenir, Vasija Secreta, a mais antiga, e Bodega Nanni.
Em Cafayate, além de apreciar a natureza, o turista pode desfrutar de um bom vinho
O coração da Cafayate é a praça 20 de Fevereiro, com a Catedral Nossa Senhora do Rosário e o Mercado Municipal. Nas proximidades está o Museo de la Vid y el Vino, que expõe de maneira dinâmica e interativa a origem do vinho. Uma boa dica é se hospedar em Viñas de Cafayate Wine Resort, ao pé da colina e com vista deslumbrante dos vinhedos.
No final da tarde, um passeio inesquecível é uma cavalgada na região de Los Médanos. A 8 km do centro da cidade, é um lugar que surpreende: entre vales, vinhedos, montanhas, casas e campos de golfe, surgem também dunas de areia branquinhas, como se estivéssemos perto da praia. A explicação é simples: há milênios, a região já foi um oceano.
Garganta del Diablo
De volta a Salta, pela mesma Rota 68, está a Quebrada de las Conchas, um vale em tons avermelhados e alaranjados. Nessa região, há formações esculpidas pela natureza na rocha, entre os destaques a Garganta del Diablo, paredões de rochas que lembram uma garganta, e Anfiteatro, uma abertura estreita entre dois penhascos que oferece uma boa acústica. No mirante Tres Cruces, pode-se ver todos os Valles Calchaquíes.
Uma observação curiosa: a Garganta del Diablo virou uma parada obrigatória para uma selfie dos turistas depois que o atrativo apareceu em uma cena do longa-metragem “Relatos Selvagens”, no episódio surreal e cômico dos dois motoristas que brigam até seus carros despencarem da ponte.
Trem das Nuvens
Saindo de Salta pela Rota 51, na direção de Puna, passa-se pelas cidades de Campo Quijano, conhecida como “Portal dos Andes”. Esta é a última cidade antes da Quebrada del Toro, um lugar de colinas coloridas, cactos gigantes e vista maravilhosa. No caminho é indicado tomar um café da manhã em El Alfarcito, pequena comunidade rural pelo caminho.
De volta à estrada, o viajante continua até San Antonio de los Cobres, passando pela Quebrada de las Cuevas. É nessa pequena cidade que se pega o Trem das Nuvens. O passeio de uma hora não é barato (6.800 pesos) e passa pelo viaduto La Polvorilla, 4.200 m acima do nível do mar, uma das obras mais imponentes da engenharia do século passado.
El tren a las nubes – Reprodução – Internet
Desce-se do trem nesse ponto para conhecer o lugar e, 30 minutos depois, retorna-se a San Antonio. Se não quiser retornar, é preciso pegar um ônibus para Salta. A linha foi criada para levar e trazer cobre entre Salta e Antofagasta, no Chile, mas hoje carrega turistas. A viagem acontece às terças, quintas e sábados e cruza 29 pontes, 21 túneis e 13 viadutos.
Espelho do céu
A 90 km de San Antonio pela Rota 40, estão as Salinas Grandes, a 3.600 m de altitude, um deserto de sal relativamente pequeno se comparado ao boliviano Uyuni. Em época de chuvas, forma uma lâmina de água de 30 cm que espelha o céu. Dentro do salar, há uma proposta de hospedagem de dormir em um “glamping”, uma espécie de camping com conforto.
Las Salinas grandes são parada obrigatória para quem visita a região – Reprodução Internet
Depois de conhecer as Salinas, a parada obrigatória é no pitoresco Purmamarca, que significa “Cidade da Terra Virgem” na língua quéchua. O vilarejo – Patrimônio da Humanidade pela Unesco – tem arquitetura pré-hispânica e no passado foi lugar de parada do caminho inca. O destaque ali é o impressionante Cerro Siete Colores.
Humahuaca
Seguindo ao norte de Salta, na província de Jujuy, pela Rota 52, chegamos à Quebrada de Humahuaca, que guarda o assentamento indígena de Humahuaca, a cidade de Uquia e a cidadela Tilcara, com as ruínas de Pucará – o mais importante sítio arqueológico da Argentina revela a história do povo que ali viveu, os Humahuacas, ainda no século XII.
Ruínas de Pucará
Em Uquia, a igreja de São Francisco de Pádua, construída em 1691, é monumento histórico nacional desde 1941 e exibe únicas coleções de pinturas feitas no século XVII por indígenas da Escola Cusquenha. De Uquia é possível fazer passeios à Quebrada de las Señoritas, rochas de tons cinza, azulado e esverdeado formadas por arenito vermelho e argila.
Na WTM
“Temos montanhas coloridas, como Cerro Siete Colores, em Purmamarca, e as Salinas Grandes, onde há glampings de luxo que permitem passar a noite. Na maioria, os nossos hotéis são pequenos e com atenção individualizada. Estamos com os braços abertos para receber os turistas”, afirma Diego Valdecantos, secretário de Turismo da província de Jujuy na feira WTM Latin America.
Culinária
O noroeste argentino utiliza-se muito de grãos, como feijões, lentilhas e milho, na culinária. Os pratos típicos vão desde as empanadas fritas e assadas até os tamales (massas de milho com recheios) e as humitas (cremes salgados de milho).
O “locro” é um prato típico dessa região da Argentina – Reprodução Internet
Pratos como o “locro” (mistura de feijão-branco com carnes, milho, abóbora, batata e pimentão) e as “tortilhas a la parrilla” (massas feitas de farinha, manteiga e sal na brasa) podem ser encontrados em qualquer esquina.
E você, ficou com vontade de conhecer essa região incrível da Argentina? Surpreendente, ¿verdad?
Hoje o blog vai dar uma dica de série, pra quem é fã de uma drama mexicano com um toque de comédia. “La casa de las flores” é uma ótima opção pra quem busca um entretenimento que foge ao padrão. A série mexicana, produzida pela Netflix, tem 03 temporadas que você consegue assistir rapidamente, já que os episódios tem duração média de 30 minutos. A história se passa ao redor dos segredos da família De La Mora, uma das mais respeitadas e tradicionais da cidade. A boa fama do clã, porém, já começa a ir por água abaixo logo no primeiro episódio, quando um grande segredo do patriarca Ernesto é revelado. E daí por diante, os mistérios não param de ser desvendados, culminando nas revelações mais inusitadas que acontecem na última temporada, em surpreendentes flashbacks.
Um dos acertos do diretor Manolo Caro é retratar assuntos muito importantes e atuais como a luta contra a homofobia e a transfobia, contando com um elenco de primeira, como a maravilhosa Cecília Suárez, que dá vida à marcante Paulina De La Mora. A abertura da série é um show à parte, enredando a história dos personagens com as flores que são também nomes dos episódios, tudo muito bem pensando pra envolver quem assiste. Embora o enredo caia um pouco de nível na segunda temporada, vale muito a pena ficar ligado em “La casa de flores” para ir desvendando os segredos dos imprevisíveis De la Mora… 🌹 🌹 🌹